Judas Priest: 5 melhores discos da lendária banda de heavy metal

 

O Black Sabbath criou o heavy metal! Mas o Judas Priest foi a primeira banda a catalisar todos os melhores ingredientes do que entenderíamos como cultura heavy metal.

Judas Priest - Biografia Melhores Discos Músicas

Tanto pela identidade visual quanto pela força de sua música o Judas Priest redefiniu os parâmetros do heavy metal. Colocaram velocidade nas guitarras melódicas e eletrizantes, agora em dupla; imprimiram uma dramaticidade cáustica nos vocais, tudo desenhado numa estrutura mais cerebral e menos instintiva, encaixando riffs, refrãos precisos e dinâmica envolvente. Com isso criaram o modelo a ser explorado pelos adeptos do estilo criado pouco tempo antes pelos conterrâneos do Black Sabbath (como vimos neste texto).

Quando perguntado numa recente entrevista para a revista Roadie Crew, sobre quais seriam os discos que mais o representam, Rob Halford pinçou da discografia do Judas Priest: “Sad Wings of Destiny”, “British Steel”, “Screaming for Vengeance”, “Painkiller” “Firepower”. E ele completa: “eu poderia falar do ‘Rocka Rolla’ e do ‘Defenders of the Faith’, mas tentei apontar os que têm uma atração mais forte”. Hoje, neste artigo, quero indicar os cinco discos de estúdio que considero essenciais para quem quer entender os momentos mais importantes da carreira do Judas Priest, e você vai perceber que quase concordo com o mestre Halford.


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Judas Priest: Os 5 Melhores Discos da Lendária banda Britânica de Heavy Metal

1. “SAD WINGS OF DESTINY” (1976)

O segundo álbum do Judas Priest sai em março de 1976 e é sempre lembrado como o efetivo pontapé inicial do legado musical da banda, responsável por ser o primeiro passo na unificação e amplificação do espectro do heavy metal naqueles primeiros dias.

Judas Priest Sad Wing Of Destiny

Também oriunda de Birmingham, é fato que o Judas Priest ainda estava buscando sua identidade em “Sad Wings of Destiny”, que seria definitivamente lapidada em “Stained Class” (1978). Em “Sad Wings of Destiny”, o quinteto é  liderado pelas dinâmicas e técnicas trocas das guitarras de KK Downing e Glenn Tipton, criando linhas incisivas, que buscavam muitas progressões harmônicas do hard rock e até certa lisergia progressiva, com mudanças de andamentos constantes, quebras de tempo, e ousadas harmonias.

Até por isto, este é um disco que traz temas mais profundos, com conceitos baseados em Sun Tzu, Shakespeare e política nos versos que beiravam a ingenuidade em forma, é fato, mas serviram para injetar no metal um espírito confrontador. Uma mensagem impressa pelos vocais dinâmicos e impactantes de Rob Halford, capaz de ir dos histrionismos de Ian Gillan à malícia e força de Robert Plant, derramando agressividade e técnica na estética proto-metal de meados dos anos 1970.

Indo da psicodelia intimista de “Dream Deceiver” ao lirismo glam/heavy rock de “Epitaph” (misturando eruditismo com belas harmonias vocais), passando pelo potencial do peso e da estética heavy metal que viria na próxima década impresso em clássicos como “The Ripper”, “Tyrant”, “Island of Domination” “Victim of Changes”, fica claro que “Sad Wings of Destiny” é uma experimentação de peso e agressividade nos primórdios do heavy metal.

“Victim of Changes” é um caso à parte. Simplesmente uma das cinco melhores músicas de toda a discografia do Judas Priest. Suas guitarras abafadas foram uma das inspirações do thrash metal, enquanto seus intervalos nos versos remetem aos desdobramentos do blues. Ainda temos andamentos sincopados e efeitos de space rock, e, pra fechar, um andamento quase etéreo.

Aqui ainda quero deixar menção honrosa ao disco “Stained Class”, outro ponto brilhante nessa faze setentista do Judas Priest, pois ele contém uma das melhores baladas da história do heavy metal: “Beyond the Realms of Death”. Uma faixa composta pelo baterista Les Binks, com letra densa de Rob Halford, e solo de guitarra brilhante. Anos mais tarde essa música geraria sérios problemas jurídicos para a banda.

2. “BRITISH STEEL” (1980)

No fim dos anos 1970 o Judas Priest já era sinônimo de heavy metal, tanto em música quanto visualmente. Nos shows, Rob Halford entrava em cena sobre uma moto Harley e as roupas de couro e jeans eram cravejadas de metal cromado. Com isso eles definiam o heavy metal como um estilo de vida e não só musical. A longa turnê mundial do álbum com dois nomes, “Killing Machine” na Inglaterra e “Hell Bent for Leather” nos Estados Unidos, rendeu como fruto o clássico disco ao vivo “Unleashed in the East”, que foi trabalhado em estúdio ao lado de Tom Allom, o mesmo produtor do álbum seguinte, “British Steel”.

Judas Priest British Steel

O Judas Priest, como algumas bandas inglesas (Rainbow e Whitesnake, por exemplo) que buscavam o sucesso, queria conquistar o mercado norte-americano. Foi justamente Tom Allom, o produtor do disco ao vivo “Unleashed in the East”, que deu a eles o segredo comercial para entrar no mercado norte-americano: “o que eles precisam agora, de verdade, é de um disco comercial”. O que Allom fez foi renovar o som da banda sem descaracterizá-lo, simplificando alguns elementos e criando alívios dinâmicos no repertório guiado por riffs instigantes e bons refrãos.

Até por isso, se comparado aos discos anteriores, “British Steel” é muito comercial. “United” “Living After Midnight”, por exemplo, eram altamente radiofônicas, simples, mas extremamente cativantes. Aliás, “Living After Midnight”, numa clara busca pela sonoridade pegajosa e cativante do AC/DC, foi o tiro certo de “British Steel” para abrir o mercado norte-americano. Porém, mesmo com “The Rage” tendo uma abertura estranha para uma banda como o Judas Priest, faixas como “Rapid Fire”, “Steeler”, “Metal Gods” “Grinder” mostravam que a alma heavy metal estava plenamente impressa.

Outro grande hit do disco é “Breaking the Law”, aliás esse é primeiro hit mundial do Judas Priest. E através desta composição eles provaram que dava pra ser heavy metal e comercial simultaneamente, sem perder a qualidade, com um riff poderoso em escala menor e um refrão direto. Enfim o sucesso chega para o Judas Priest, com a banda atingindo o Top 3 britânico e recebendo Disco de Ouro, nos Estados Unidos. Ao apelo comercial que misturava peso e faixas mais acessíveis deu certo. Após o lançamento de “British Steel” a turnê os levaria à histórica primeira edição do Monsters of Rock, ao lado de Rainbow, Scorpions, dentre outros.

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3. “SCREAMING FOR VENGEANCE” (1982)

O Judas Priest passaria todo o ano de 1981 na estrada e após uma breve pausa se dirigem para o estúdio onde trabalhariam no próximo disco, “Screaming for Vengeance”.  Gravado entre janeiro e maio de 1982 em Ibiza, na Espanha e a outra parte em Orlando, nos Estados Unidos este álbum também foi produzido por Tom Allom.

Lançado em julho de 1982, “Screaming for Vengeance” corrige os defeitos de “Point of Entry”, disco anterior, e injeta um peso definidor do caráter do heavy metal oitentista, à começar pela águia mascote batizada de ‘The Hellion’, criada pelo artista norte-americano Doug Johnson e presente na capa deste clássico álbum.

Judas Priest - Screaming for Vengeance

Esse disco fez o Judas Priest ser respeitado como um dos símbolos máximos do heavy metal, numa época em que isso significava quase ter superpoderes. “Screaming For Vengeance” traz o resumo definitivo do que é o puro heavy metal em sua abertura, “The Hellion/Electric Eye”. Essa música, cuja letra é inspirada pela ficção científica, foi durante muitos anos as aberturas dos shows da banda.

O sucesso do álbum é grande, impulsionado pelo single “You’ve Got Another Thing Coming”, chegando a ganhar Disco de Platina Dupla, superando o êxito de “British Steel” (1980). Porém, outras faixas devem ser enaltecidas, como “Riding on the Wind”, “Bloodstone” “(Take These) Chains”.

Com “Screaming for Vengeance” enfim a banda explode nos Estados Unidos e passa seis meses em turnê por lá ao lado de Def Leppard, Iron Maiden e Coney Hatch. Infelizmente, o Judas Priest enfileirou alguns discos menos expressivos na sequência. Tivemos: “Defenders of the Faith”, o primeiro escorregão em estúdio com Tom Allom; e “Turbo” (1986), onde o Judas Priest surpreendeu quando explorou guitarras sintetizadas.

Porém, não dá pra negar essência metálica do Judas Priest mesmo com as guitarras sintetizadas, esboçando, por um espírito primitivo e tempestuoso, o que viria a seguir na carreira da banda em álbuns como “Ram It Down” (1988) e Painkiller” (1990).

4. “PAINKILLER”

Os britânicos do Judas Priest já eram os metal gods desde o início dos anos 80, mas a partir do lançamento do álbum “Turbo” não gozavam de uma boa reputação no mundo do heavy metal e mostravam sinais de crise em suas composições. O som estava americanizado em demasia e muitas vezes faltava peso. Até que saiu “Painkiller” (1990). Claramente influenciado pelas bandas de Speed/Thrash Metal americanas em seus riffs e mantendo o vocal clássico do metal britânico compuseram o maior clássico do heavy metal inglês nos anos 90.

Judas Priest - Painkiller

Muito peso emana dos alto-falantes quando se coloca o álbum para tocar como na faixa-título – e de abertura – e sua bateria contagiante. Por esta música percebemos que um grande destaque do álbum é, sem dúvidas, o novo baterista, Scott Travis. Voltando ao repertório, o ritmo não cai em nenhuma faixa, num conjunto onde muito peso e guitarras pesadas forjam um álbum de metal clássico e ao mesmo temo moderno. Duvida? Ouça “Metal Meltdown”, “All Guns Blazing”, “Hell Patrol”, “Night Crawler”, “Between The Hammer And The Anvil”, “Battle Hymn” e comprove. 

Desafortunadamente, após “Painkiller”, mais precisamente em setembro de 1992, Rob Halford deixou o Judas Priest para se dedicar a projetos paralelos o que para muitos significou que esse era o último grande disco da banda. Halford substituiria Ronnie James Dio no Black Sabbath para alguns shows no final de 1992 e depois se dedicaria a alguns projetos como o Fight e o 2wo, além de uma ótima carreira solo à partir do disco “Resurrection” (2000), até o retorno ao Judas Priest na década seguinte.

5. “JUGULATOR”

Os rumores sobre substitutos de Halford no Judas Priest só começarem em 1994, tendo em Ralf Scheepers, à época no Gamma Ray, e Tony Mills (ex-Shy) os dois nomes mais cotados, ao lado de DC Cooper (do Royal Hunt). Porém o Judas Priest surpreendeu ao escolher Tim “Ripper” Owens, norte-americano de Ohio, e membro da banda Winters Bane que foi apresentado ao músicos do Judas Priest através de uma fita cassete levada por Scott Travis gravada num show da banda cover que Owens tinha do próprio Priest. Um roteiro que foi levado ao cinema no filme “Rock Star” (2001).

Até que o novo vocalista se habituasse ao Judas Priest, Glenn Tipton lançou seu disco solo, “Baptism of Fire”, em fevereiro de 1997, que trazia convidados como Cozy Powell, Billy Sheehan, John Entwistle e Rober Trujillo. O novo disco do Judas Priest, “Jugulator”, chegaria também em 1997, quebrando um silêncio de sete anos numa explosão de peso obscuro, quase thrash metal, e dramaticidade doom metal que superava a explorada em “Painkiller” até mesmo nas timbragens. Além disso, a performance de Tim “Riper” Owens agrada muito aos fãs.

judas priest jugulator

Poucas vezes uma capa de um disco traduziu tanto as músicas que embala como em “Jugulator”. Desde a faixa-título, passando por outras pedradas como “Blood Stained”, “Burn In Hell”, “Death Row”, “Decapitate”, “Bullet Train”, até “Cathedral Spires” temos um ataque pesado e rápido do puro heavy metal, mas de uma forma diferente. O Judas Priest entrava numa nova fase e até própria mudança no logotipo refletia isso. Infelizmente, o próximo disco com Owens, “Demolition” (2001) foi injustamente mal recebido pelos fãs que o comparou demais com “Resurrection” (2000) de Rob Halford. Poucos anos depois Halford retomaria seu posto e o Judas Priest continuaria lançando discos bons e outros nem tanto, mas o fato é que “Jugulator” é um dos discos obrigatórios de se ouvir do Judas Priest!

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