Cozy Powell | 5 Discos Pra Conhecer o Grande Baterista do Classic Rock

 

Cozy Powell é, sem dúvidas, um dos dez mais importantes bateristas da história do rock! Tão talentoso quanto prolífico! Sua história como músico começou ainda nos anos 1960, mas ganhou reconhecimento mesmo à partir dos trabalhos ao lado de Jeff Beck.

Colin Trevor Powell nasceu em 29 de dezembro de 1947, na Inglaterra, e quando ingressou no mundo da música emprestou o apelido do baterista Cozy Cole, um jazzista que marcou a biografia de ícones como Louis Armstrong e Nat King Cole.

Logo sua carreia o levaria a uma das maiores formações do rock setentista ao lado de Ritchie Blackmore e Ronnie James Dio, no Rainbow, mas antes, gravaria com o astro música psicodélica Donovan o disco “Cosmic Wells”.

Sua saída do Rainbow, em 1979, se deu quase ao mesmo tempo do lançamento de seu primeiro álbum solo, “Over the Top”. Mas nesse momenton da carreira, Cozy Powell era um músico tão requisitado quanto solícito, e até entrar no Michael Schenker Group, em 1981, gravou mais um disco solo, dois álbuns ao lado do guitarrista Bernie Marsden e a trilha sonora da animação “Peter and the Wolf”.

No Michael Schenker Group ele gravou dois discos: “MSG” (1981) e “One Night At Budokan” (1982), e nesse ínterim ainda teve tempo de participar do álbum solo de Graham  Bonnett “Line-Up” (1981).

Ainda em 1982 participa de trabalhos de Robert Plant (“Pictures At Eleven” [1982]) e Jon Lord (“Before I Forget” [1982]), e logo recebe o convite para substituir Ian Paice no Whitesnake. Antes de ir para a banda de David Coverdale, Cozy ainda arruma espaço na agenda para lançar seu terceiro e melhor disco solo, “Octopuss”, em que misturava jazz, música clássica rock).

Já no Whitesnake, gravou o clássico “Slide  it In”, e deixa a banda no ano seguinte, rumo ao projeto Phenomena, gravando o primeiro disco e contribuindo com cinco composições. Imparável, substituiu Carl Palmer no trio EL&P, que agora se chamaria Emerson Lake & Powell, mas como o projeto não angaria sucesso ele deixa a banda e logo surgem boatos que ele seria cotado para assumir as baquetas no retorno do Led Zeppelin.

Como os boatos do retorno do Led Zeppelin se confirmando apenas como boatos, ele se junta ao projeto Forcefield, voltado a covers dos anos 1960 e 1970, além de gravar o disco “After the War”, de Gary Moore.

Antes disso, Cozy Powell esteve nas primeiras sessões de ensaio do Blue Murder, banda forma em 1988, ao lado de John Sykes, Tony Franklin e Ray Gillen. Algumas demos inclusive foram gravadas com essa formação, mas o baterista abandona  o barco após rusgas com o guitarrista. Seu próximo passo na carreira foi aceitar o convite de Tony Iommi para integrar o Black Sabbath, onde grava “Headless Cross”“Tyr” e, posteriormente, “Forbidden”.

Nos próximos anos o baterista participaria de trabalhos de Tony Martin, Brian May, Glenn Tipton, e Peter Green. Seu último grande registro em estúdio foi o pesadíssimo “Facing the Animal”, de Yngwie Malmsteen.

A morte de Cozy Powell, em 05 de abril de 1998, vítima de uma acidente automobilístico, pegou o mundo do rock de surpresa. Sua paixão por velocidade, bons carros e motos potentes foi responsável por ceifar sua vida. Ele faleceu num acidente de automóvel enquanto dirigia seu carro, um Saab 9000, a cerca de 170 km/h sob chuva, próximo à cidade de Bristol, na Inglaterra.

De acordo com uma reportagem da BBC, no momento do acidente o índice alcoólico de Cozy estava acima do limite permitido. Ele não usava cinto de segurança e conversava com sua namorada, Sharon Reeve, no telefone celular. Ela ouviu o barulho da batida. Tal tragédia chocou os admiradores de seu trabalho e pôs fim ao sonho de ver uma reunião do Rainbow com ele, Dio e Blackmore.

Desta vasta discografia pinçamos cinco discos que achamos interessantes para entender seu legado. Não necessariamente os melhores, mas apenas cinco dentre os tantos destacáveis.

Cozy Powell

1. RAINBOW: “Rising” (1976)

A história nos conta que, encantado com a voz de Ronnie James Dio, à época ainda no Elf, Ritchie Blackmore, ainda no Deep Purple, convidou o vocalista para registrar um cover do Quatermass, para a  faixa “Black Sheep of the Family”, que seria lançada como single solo do guitarrista.

Rainbow Rising Ronnie James Dio Cozy Powell
Rainbow – “Rising” (1976)

Porém, Blackmore percebeu que a composição inédita, “Sixteenth Century Greensleeves”, que iria para o Lado B do single, ficou excelente, motivando-o a evoluir de duas músicas para um álbum completo, gravado entre fevereiro e março de 1975.

Este álbum seria o primeiro do Rainbow, que Dio gravou ao mesmo tempo em que o Elf registrava “Trying to Burn the Sun”, terceiro álbum da sua (àquela época) banda principal.

Para economizar tempo e esforço, Blackmore convocou os integrantes do Elf, exceto o guitarrista Steve Edwards, claro, para registrar o que nasceria como “Ritchie Blackmore’s Rainbow”, em 1975, iniciando a história de uma das mais importantes bandas do Rock.

Essa formação duraria apenas até a gravação do primeiro álbum, tanto que, exceto por Dio, Blackmore trocou todo o restante da banda para produzir “Rising”, o próximo trabalho.

Foi exatamente em “Rising”, lançado em 1976, que Dio começou a inserir em suas letras os temas de fantasia, inspirados em magia e literatura épica.

Já Blackmore vinha extrapolado suas habilidades musicais de uma forma que o Deep Purple não permitia, mas que seria encerrada já neste disco, afinal, “Long Live Rock N’ Roll” (1978), o próximo álbum, já buscaria um caminho musical mais direto e as rusgas entre o guitarrista e o vocalista começariam, até que Dio deixaria o Rainbow em 1979.

“Rising” é o ápice musical do Rainbow, e faixas como “Startruck”, “Tarot Woman”, “Stargazer” (um hard rock progressivo e pesado, e atenção à bateria de Cozy Powell), e “Do You Close Your Eyes”, além da belíssima capa de Ken Kell, comprovam isso!

2. WHITESNAKE:”Slide It In” (1984)

Até aqui a discografia do Whitesnake é irrepreensível, e este é, pra mim, o melhor disco da banda disparado! Creio que muito da excelência do que ouvimos em “Slide It In” vinha do estilo do guitarrista John Sykes, apesar de sua contribuição diminuta na versão norte-americana.

Whitesnake Slide It In
Whitesnake – “Slide It In” (1984)

Egresso do Thin Lizzy, onde gravou “Thunder And Lightning” (1983), Sykes já havia marcado seu nome nos melhores discos do Tygers of Pan Tang e entrou para Whitesnake após a saída de Mick Moody, no fim da turnê do álbum “Saints And Sinners” (1982).

O estilo visceral de Sykes produzia riffs poderosos e solos cheios de feeling retirados de sua Gibson Les Paul, que casavam perfeitamente com a classe de Mel Galley, e guiavam composições sustentadas pela bateria pesada e perfeitamente timbrada de Cozy Powell.

Essa união de estilos permitiu a Coverdale rivalizar em pé de igualdade com o barulho feito pelas bandas norte-americanas de hard rock.

A mudança na proposta musical da banda, numa clara tentativa de conquistar o mercado americano, foi a causadora da saída de Moody, apesar dele co-escrever “Slow an’ Easy” e ter registrado algumas da guitarras da versão inglesa do álbum. Já para o mercado norte-americano, Sykes refez as guitarras e Neal Murray sobrepôs algumas linhas de baixo.

Agora bagunçou tudo! Vamos tentar explicar… O contrato com a Geffen Records foi decisivo para enfim o Whitesnake entrar no desejado mercado norte-americano, o que gerou “duas versões” do mesmo trabalho. A história é complicada, mas para resumir, é mais fácil dizer que em janeiro de 1984 saiu a edição inglesa com Micky Moody e o baixista Colin Hodgkinson (que era líder do espetacular Back Door) junto a Mell Galley na outra guitarra e Cozy Powell na bateria.

Com a entrada de Sykes, ele regravou algumas guitarras assim como o baixista Neil Murray, e o disco foi até mesmo remixado por Keith Olson, pois a mixagem original de Martin Birch não agradou a Geffen. A versão norte-americana saiu somente em abril de 1984, três semanas após ser lançado no Japão.

Em “Slide it In” o Whitesnake ainda não abusava das baladas feitas para as ondas de rádio das FMs dos anos 1980, mas conseguia ser melódico ao mesmo tempo que a malícia das influências do blues vinha diminuta e diluída no peso do hard rock. 

Quatro composições são provas disto e já valem o disco: a faixa-título, o hard rock acachapante de “Slow an’ Easy”, a balada disfarçada de heavy rock  “Love Aint No Stranger”, e a pedrada “Guilty of Love”. 

A formação presente na edição norte-americana foi uma das mais fortes de toda a história do Whitesnake, tanto que roubou a cena no primeiro Rock in Rio de 1985. Daí para o sucesso no próximo álbum foi só uma questão de ajuste fino da proposta: abandonar de vez os traços de blues e cair definitivamente z no hard rock americano. Mas não foi tão fácil o quanto pareceu!

3) EL&P: “Emerson Lake & Powell“(1986)

Quando Carl Palmer deixou o Emerson, Lake & Palmer rumo ao supergrupo Asia, foi a vez de Cozy Powell assumir as baquetas do conjunto, provocando um novo batismo no trio progressivo, mas sem alterar sua conhecida sigla.

Emerson Lake & Powell
EL&P – “Emerson Lake & Powell” (1986)

Uma pena que poucos dão o real valor a este trabalho nos dias de hoje, pois o que temos aqui é uma oxigenação oitentista do Rock Progressivo, com Keith Emerson investindo mais melodia às suas linhas, num estilo bem sinfônico de AOR, como uma versão mais progressiva e elaborada do Asia.

Além disso, a mão pesada de Cozy Powell pode ser sentida desde a abertura épica com “The Score”, dando força, vigor e certa rusticidade orgânica que contrasta com o approach sinfônico dos teclados e potencializa os vocais de Greg Lake.

Se essa abertura tangencia os bons tempos do progressivo com uma pegada hard rock, a sequência, com “Learning to Fly”, mostrava que o trio sabia em que época estava, pois ela é um AOR de primeira!

Já “Step Aside” (a melhor música do disco) e sua vibe jazzística mostra Powell confortável e desenvolto em momentos suaves, mantendo sua precisão de um relógio suíço.

E nessa abordagem, ora intrincada, ora acessível, é impossível não gostar de “The Miracle” (com uma vibe neo prog irresistível), “Love Blind” (um AOR de manual),“Touch and Go” e, principalmente, da progressiva “Mars, Bringer of War”.

Além disso  é perceptível que mesmo com Keith Emerson procurando ser o centro das atenções nos arranjos, é Cozy Powell que dá alma a este disco!

Vale muito a pena ir atrás se você negligenciou esse disco na carreira de Cozy Powell.

4) BLACK SABBATH: “Headless Cross” (1989)

Após o Live Aid, Tony Iommi estava sozinho no Black Sabbath, tanto que o próximo disco da banda é, na verdade, um disco solo do guitarrista: “Seventh Star”, de 1986. O disco trazia o baixista e vocalista Glenn Hughes, que chegou a começar a turnê de promoção do álbum, mas logo foi substituído por Ray Gillen.

Black Sabbath - Headless Cross Cozy Powell
Black Sabbath – “Headless Cross” (1989)

Gillen chegaria a gravar os vocais do próximo álbum, “The Eternal Idol”, mas foi substituído por Tony Martin que regravou todas as linhas de voz e se tornaria uma importante parcela na história do Black Sabbath, gravando também mais quatro discos de estúdio, donde destacamos “Headless Cross”, o grande sopro de genialidade de Tony Iommi na segunda metade dos anos 1980.

Lançado em abril de 1989, “Headless Cross” trazia uma formação de respeito ao lado de Tony Iommi e Tony Martin (a cozinha era formada por Neil Murray e Laurence Cottle, além dos teclados de Geoff Nicholls), e um repertório novamente inspirado, impulsionado por ótimas composições como “Headless Cross”, “Devil & Daughter”, “When Death Calls” (com solo de guitarra de Brian May, do Queen) e “Nightwing”.

As letras retomavam os temas obscuros, ocultistas e satanistas, e os arranjos eram novamente climáticos e pesados, fazendo deste um dos destacáveis discos da banda em sua história.

5) YNGWIE MALMSTEEN: “Facing the Animal” (1997)

Ok! Existem muitos discos que emprestaram o talento de Cozzy Powell na bateria melhores do que esse. “After the War”, do Gary Moore seria um deles, “Phenomena I”, do “Phenomena, seria outro, só pra citar dois exemplos rápidos que podem ser acompanhados de qualquer um de seus dois primeiros discos solo!

Yngwie Malmsteen - Facing the Animal
Yngwie Malmsteen – “Facing the Animal” (1997)

Mas considero esse disco importante na carreira de Cozy Powell por diversos aspectos. O primeiro deles é que esta foi uma das últimas (se não a última) gravações de Powell em estúdio. Só por isso ele já merecia esta aqui.

Segundo (e o aspecto que faz dele ainda mais relevante para esta lista) é que apesar de ser um disco escanteado por muitos fãs do baterista, principalmente aqueles que não tem paciência para o neoclassicismo auto-indulgente de Yngwie Malmsteen, é indiscutível a influência da forma de tocar de Powell na música do guitarrista.

Nesse disco, o peso e a técnica estão aliados de forma única e quase inédita na carreira solo de Malmsteen, com certo apelo do classic rock encaixado ao peso noventista. Ignore a capa brega e preste atenção a faixas como “Enemy”, “Sacrifice” e a faixa-título, todas com a força de Cozy Powell e os vocais determinadsos e mais agressivos de Mats Léven.

No disco anterior, “Inspiration” (1996), Malmsteen tinha prestado uma homenagem a seus ídolos do rock num repertório cheio de covers de clássicos e um timaço na formação. E, sem dúvidas, aquele disco foi fonte de inspiração para o que ouvimos aqui, principalmente se atentarmos ao que ele vinha fazendo pouco antes em suas músicas.

Em “Facing the Animal” ainda posso destacar as cativantes “Another Time” e a balada “Like An Angel” para engrossar o coro de justificativas de ser este um dos melhores discos da carreira de Malmsteen e na de Powell.

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