Apresentamos um breve traçado da presença das mulheres na evolução do rock ao longo da história, partindo dos primórdios do gênero até o metal extremo!
Enquanto Janis Joplin enche o recinto com sua voz magistral que miraculosamente sai de um disco enegrecido, girando com velocidade constante sob uma agulha, é possível ter a certeza que o rock n’ roll não teria o mesmo brilho sem elas, as mulheres.
A força feminina agregou muito ao estilo essencialmente masculino que, em 1968, ano que e o vinil a girar foi lançado, já via suas primeiras deusas do rock como Grace Slick, Joan Baez e para nós brasileiro Rita Lee, à época dando seus primeiros passos no antológico grupo Mutantes, além da própria Janis Joplin.
A evolução natural do rock elevou cada vez mais o papel da figura feminina dentro do cenário da cultura pop, mas o caminho não foi fácil.
Nos dias de hoje, as formações com mulheres nas mais diferentes posições dentro de uma banda de rock não é mais novidade e, principalmente no heavy metal, elas definiram seu espaço com propriedade e empoderamento, em meados dos anos 1990.
Posso afirmar sem medo que elas fizeram a diferença na história recente das vertentes mais pesadas do rock, com forte parcela de poder para alçar as bandas das quais participavam, do underground ao mainstream. Aos incrédulos, basta lembrar do Nightwish e sua fenomenal primeira vocalista, Tarja Turunen, ou de Angela Gossow em seus anos como vocalista do Arch Enemy.
Olhado em retrospecto, a abertura para as mulheres adentrarem ao mundo do rock foi conquistada com unhas e dentes, não muito diferente do que acontece na luta que travam diariamente desde a antiguidade em nossa sociedade.
Todavia, deixemos estas questões sociais a serem aprofundadas por quem de fato delas entende, pois nosso enfoque é no rock n’ roll e a revolução feminina apresentada ao longo dos anos neste gênero musical.
Claramente a música pop abriu suas portas para as mulheres bem antes do rock, condição esta que se perpetrou pelas décadas seguintes, até o equilíbrio em ambos os estilos em meados dos 80.
Foi Uma Mulher quem Inventou o Rock?
O princípio da revolução feminina no rock não foi tão simples, mas de modo gradativo as fronteiras foram sendo ultrapassadas e os terrenos conquistados. Desde já adianto que não foi uma mulher quem inventou o rock como vejo alguns revisionistas afirmarem.
Assim como acontece com o argumento de que Big Mama Thornton seria reconhecida como a criadora do rock n’ roll se não fosse mulher, existe o argumento de que Ike Turner seria consagrado o criador do rock n’ roll se não fosse negro. Sua canção “Rocket 88″, tem todas as condições de ser enquadrada como um rock n’ roll e foi lançada três anos antes da histórica gravação de Elvis Presley que “inaugurou” o estilo.
Mesmo assim, a canção de Turner era classificada musicalmente como Rhythm & Blues, uma espécie de blues urbano mais acelerado e adicionado de saxofones estridentes e roucos que ajudavam a compor um ritmo frenético para as canções.
O mesmo se aplica à alardeada versão de Big Mama Thornton para “Hound Dog”. Ambas são apenas variações mais aceleradas do blues, e a gênese do rock se dá pela fusão de country e blues. Ou seja, falta um ingrediente importante na abordagem de ambos. Mas isso é menos importante para nossos objetivos com esse texto.
O fato que é as mulheres estavam muito bem representadas na gênese do estilo por geniais artistas de rythm & blues que é apenas um passo entre o blues e o rock n’ roll, e como na maioria dos casos é impossível definir um criador de uma vertente musical.
Geralmente, os alardeados criadores de um gênero musical são apenas um acordo, uma convenção, dos historiadores e críticos. Elvis Presley sai na frente por, além de sua aparência agradar a sociedade e o mercado fonográfico norte-americano, seu disco de estréia é o primeiro álbum completo exclusivamente rock n’ roll.
O Contexto das Mulheres na Gênese do Rock
Porém, o rock já estava bem definido dois ou três anos antes de Elvis Presley como uma fusão de estilos como o rhythm & blues e o country, com a missão de ser a via musical alternativa da juventude americana.
Com o advento do rock, pela primeira vez, pais e filhos tinham nichos musicais separados, liderados por Elvis Presley (ícone dos filhos) e Frank Sinatra (ídolo dos pais).
Em meio a toda esta contextualização é importante lembrar que a figura da mulher era encaixada em uma sociedade conservadora, que não lhe dava voz, estabelecendo um papel de meras ouvintes.
Dentre os principais nomes da primeira fase do rock n’ roll (convencionada entre 1954 e 1960), poucas mulheres se faziam presentes e, em sua maioria, eram associadas a outros estilos, como o rhythm & blues, jazz e gospel, estilos que já não chamavam tanto a atenção da mídia, por suas fortes raízes na música negra.
Exemplos? Alberta Hunter, Big Mama Thornton, Bessie Smith, Sister Rosetta Tharpe, Koko Taylor… Estas não eram propriamente artistas de rock, mas isso não tira o mérito de serem elas algumas das primeiras mulheres a enfrentar esta sociedade conservadora. Mulheres negras desbravando um terreno virgem que viria a ser pavimentado na geração seguinte.
Dentre elas, as mais importantes foram Aretha Franklin (rainha da música soul) e Etta James, num primeiro momento, e já na década seguinte, com o advento da Motown, outras mulheres iriam encantar os ouvintes com sua voz.
As Mulheres Apresentam Suas Guitarras!
Mas ainda não havia muito espaço para elas no rock n’ roll, que a esta altura era dominado por bandas como Beatles, Rolling Stones e Beach Boys.
Neste quesito, o Brasil foi um diferencial. Muitos estudiosos e críticos musicais demarcam o ponto zero do rock nacional no limiar das décadas de 1950 e 1960, tendo como pioneira a cantora Celly Campello que, ao lado de seu irmão, fazia versões para os clássicos internacionais do estilo.
Apesar disso, até a chegada de Rita Lee, o cenário do rock nacional tinha pouquíssimas sereias no mar de homens. Como um verdadeira bandeirante na selva roqueira nacional, Rita abriu caminho para que tivéssemos nomes como Cássia Eller, Pitty, Fernanda Takay, Marina Lima e Paula Toller, por exemplo, cinco nomes de variados estilos e abordagens.
Nos grandes centros roqueiros (leia-se Estados Unidos e Inglaterra), o rock ainda era um terreno quase exclusivamente masculino. Uma das primeiras mulheres a mudar este panorama foi Tina Turner, cuja história, ao lado de seu marido, o já citado Ike Turner, reflete de modo emblemático o modo como as mulheres eram vistas e tratadas no mundo do rock naqueles primórdios.
Neste ponto da história temos uma controvérsia. A verdade é que Ike e sua banda, The Kings of Rhythm, fazia o mais efervescente show de St. Louis, nos idos de 1958. Num destes shows, Ann Mae Bullock estava na platéia e ficou hipnotizada com a banda, fazendo parte dela posteriormente, já com o nome de Tina Turner.
Mas integrar a banda como voz principal foi um caminho mais árduo e demorou ainda mais até emplacarem o hit “A Fool In Love”, na primavera de 1960. A partir daí, a relação de Tina e Ike evoluiu para um casamento, carreira de sucesso e um desfecho triste, muito em decorrência do vício em cocaína de Ike, que resultou em agressões físicas e divórcio.
Junto com a década de 1960 vieram a revolução sexual, musical e o princípio do declínio do American Way of Life, muito em decorrência do movimento hippie e a geração flower power. Apesar da abertura de espaço para as mulheres em outras esferas, no rock o andamento era mais vagaroso, sendo até hoje reconhecido como um ambiente machista.
Mesmo assim, ainda na década de 1960, vimos surgir nomes de impacto como o da modelo Nico (que gravou o antológico primeiro álbum do Velvet Underground); o folk de Joan Baez (desnecessariamente “referenciada” como “um Dylan de saias”), Bobbie Gentry, e Joni Mitchell; Grace Slick (líder do importantíssimo grupo Jefferson Airplane); Michelle Phillips e ‘Mama’ Cass Elliot, do The Mamas & The Papas; Mary Travers do trio Peter, Paul & Mary; Laura Nyro (uma das maiores poetisas do rock/pop); e Jinx Dawson do grupo “satânico” Coven.
Talvez, a maior figura feminina no rock n’ roll neste período foi justamente Janis Joplin. Dona de uma voz rouca e postura rebelde, Janis causou impacto com suas apresentações em festivais importantes como Monterey e Woodstock.
Ela começou sua carreira como vocalista do grupo Big Brother and the Holding Company e, posteriormente, seguiu carreira solo, até falecer aos 27 anos, em outubro de 1970, na cidade de Los Angeles.
Enfim as Mulheres Conquistam seu Espaço no Rock!
Com a virada para os anos 1970, o rock experimentava suas diversas ramificações, permitindo às mulheres uma parcela participativa maior.
Steve Nicks e Christine McVie fizeram história numa das melhores fases do Fleetwood Mac; Suzie Quatro, baixista americana de visual selvagem e atitude um pouco mais agressiva, emplacou sucessos como “48 Crash” e “Devil Gate Driver”; Annie Haslam emprestou toda a beleza de sua voz ao grupo progressivo Renaissance; Debby Harry se tornou a personificação do Blondie; e Chrissie Hynde iniciava a trajetória do Pretenders. Isso para citar apenas algumas.
Houve outros nomes, mas certamente estes são o de maior relevância para a revolução feminina setentista no rock n’ roll. A primeira banda feminina a ter importância relevante para a o estilo foi o Runaways, que contava com Litta Ford e Joan Jett, duas mulheres que experimentariam enorme sucesso na década de 80, escrevendo seus nomes na história do rock.
O grupo lançou dois álbuns dignos de nota, a saber, o excelente “The Runnaways” (1976) e “Queens Of Noise” (1977). Criada pelo produtor Kim Fowley, a banda encerrou as atividades oficialmente em 1979, mas deixou um legado que ecoaria até os dias atuais em bandas como Halestorm, The Donnas e The Pretty Reckless.
Porém, apesar de talento, as garotas do Runaways não tinham a classe e a técnica musical do Heart. Mesmo não sendo formada completamente por mulheres, a banda era capitaneada pelas irmãs Ann e Nancy Wilson.
A dupla tinha uma capacidade criativa capaz de fornecer rocks viscerais como “Barracuda” e peças progressivas como “Dreamboat Annie”, até mesmo explodir no mainstream com sucessos como “Alone”, já na década seguinte quando enfrentavam seu ocaso.
Não posso deixar de falar de Yoko Ono. Talvez ela seja o maior nome feminino em popularidade ligado ao rock, afinal ela é tida como pivô do fim dos Beatles. Fato é que ela teve muita influência sobre John Lennon, engajando-o na arte de vanguarda e nas questões sociais. Ao lado de Yoko, John Lennon se politizou e foi ainda mais experimental em sua música.
A Consolidação Definitiva das Mulheres no Rock!
A década de oitenta foi crucial para o fortalecimento feminino nos estilos mais pesados do rock, pois no que tangia ao pop elas já tinham fortalecido sua imagem, com nomes atemporais como ABBA, Cindy Lauper e Madonna.
O heavy metal e o hard rock cresciam a passos largos naqueles anos e a batalha para elas foi mais árdua nesses segmentos mais pesados. Deste período, digamos, mais pesado musicalmente, apesar de termos as já citadas Litta Ford e Joan Jett em suas bem sucedidas carreiras solo, nenhuma delas foi tao relevante quanto Doro Pesch.
A rainha do heavy metal, como viria a ficar conhecida, Doro lançou quatro álbuns clássicos com a banda alemã Warlock, emplacando o clássico hit “All We Are”, e posteriormente seguindo uma relevante carreira solo.
Porém o exército feminino já conhecia o caminho das pedras no rock e muitas bandas de metal pesado trouxeram mulheres em sua formação. Dentre elas é interessante citar o Vixen, Chastain (com a fenomenal vocalista Leather Leone), o Madam X (banda que Sebastian Bach integrou antes de ir para o Skid Row) e a banda de thrash metal alemã Holy Moses (que conta com a vocalista Sabina Classen e seus vocais guturais).
Outro grupo formado somente por mulheres e de importância foi o Girlschool. Consideradas parte do movimento NWOBHM, foram apadrinhadas pelo renomado grupo Motorhead (infelizmente, naquele período isto era importante) e lançaram álbuns importantes para o estilo.
Não podemos nos esquecer de Wendy O. Williams, a epítome feminina da tríade sexo, drogas e rock n’ roll. Ex-atriz pornô que fez carreira histórica no underground na banda Plasmatics, ela ficou conhecida por sua postura iconoclasta e alta rebeldia, além das apresentações fortes e agressivas, e um triste suicídio em 1998.
As Belas e As Feras: As Mulheres Conquistam o Metal Extremo
Em meados da década de 1990, o cenário metálico presenciava o surgimento de um estilo que unia o heavy metal extremo com vocais líricos em contraponto ao tradicional vocal masculino mais agressivo, trazendo um efeito muito valoroso para a musica pesada.
Uma das primeiras bandas a experimentar estes vocais femininos foi o The Gathering, que trazia a grande vocalista Anneke Van Giesbergen e uma sonoridade calcada em bases de teclados, guitarras com um clima psicodélico, sem esquecer do peso tipicamente doom metal.
Algumas outras bandas elevaram este vocal feminino a um patamar fantástico para o mundo do heavy metal. O Tristania, por exemplo, trouxe a talentosa Vibeke Stene, investindo em elementos góticos mais pesados e explorando o contraste do vocal angelical feminino com o vocal masculino bem gutural e áspero.
O Nightwish, por sua vez, já nos apresentava algo mais sinfônico, com uma bateria que leva todo o ritmo e a cadencia da banda, guitarras se alternando entre o peso e a melodia, teclados fazendo os arranjos principais e o fantástico vocal de Tarja, mais tarde substituída por outras duas vocalistas.
Desta safra interessantíssima ainda podem ser citadas ótimas bandas como Lacuna Coil, Theatre Of Tragedy , Trail Of Tears, After Forever, Epica, Flowing Tears, Within Temptation e o Evanescence, este último investindo em elementos musicais mais voltados ao rock alternativo e ao mainstream.
Em verdade, a música pop da década de 80, com Cocteau Twins, Dead Can Dance e Kate Bush, influenciou de modo ímpar neste estilo metálico que trazia as mulheres e suas “heavenly voices” (como rotularam alguns críticos), para o primeiro plano.
Todavia, um dos maiores destaques femininos dentro do cenário mais pesado do heavy metal foi, sem dúvidas, a vocalista Angela Gossow, que foi frontwoman do Arch Enemy por mais de uma década e impressionava por seu potente e agressivo vocal gutural, dando continuidade a todo um movimento iniciado pela já citada Sabina Classen, e motivando mais mulheres a seguir o caminho agressivo.
Dentre as influenciadas por Angela e Sabina, provavelmente estão Alissa White-Gluz, Lauren Hart, Fernada Lira (aliás as bandas Nervosa e Crypta esta na linha de frente atualmente na revolução feminina dentro do heavy metal) e Mayara Puertas.
Riot Grrrls: O Empoderamento Feminino na Cena do Rock Alternativo
Voltando um pouco no tempo e seguindo outra ramificação dentro do rock, vemos que os ares finais da década de 1970 nos trouxeram um novo estilo que em sua gênese ainda não tinha suas fronteiras bem delimitadas.
As primeiras cenas do punk rock americano abrangiam bandas como o já citado Blondie, o Talking Heads, o Ramones e toda a blank generation.
Neste mesmo período, o já citado The Runaways lançava seus álbuns, mas os flancos femininos do rock ainda contavam com a poetisa anarquista Patti Smith, que marcou a história do rock com seu álbum “Horses”, e Debby Harry, vocalista do Blondie, seria um exemplo a ser seguido na explosão da new wave, em bandas como o B-52’s, Kim Wilde, e Roxette, estilo que, como já vimos, sempre abriu espaço para que as mulheres desfilassem sua arte.
Um dos movimentos femininos mais fortes dentro do rock foi o Riot Grrrls, liderado pela banda punk Bikini Kill, trazendo a proposta de espalhar mensagens feministas emolduradas em sonoridades punk. Ou seja, esse movimento vai além da música em si, sendo frequentemente associado como a gênese da terceira onda do feminismo.
O rock alternativo/punk rock ainda nos traria boas bandas com toques femininos como o Souxsie and The Banshes, Sonic Youth, The Breeders, Bambix, L7, Portishead e, porque não, No Doubt, Garbage e Hole (esta contando com a viúva de Kurt Cobain à frente).
Portanto
Confesso que pouco foi registrado e muito ainda se pode dizer sobre a presença das mulheres dentro do rock. Grandes nomes foram deixados ao longo caminho pelo simples fato de buscarmos as principais para ilustrar nosso texto partindo das mais emblemáticas figuras femininas dentro do rock n’ roll.
Longe de qualquer outro, nosso principal objetivo é enaltecer as mulheres que, de alguma forma, foram peças importantes neste segmento da cultura ocidental, não somente dentro do rock, mas que refletiam na cultura pop ou underground de uma maneira geral.
Todavia, mesmo com a falta desta ou daquela representante, creio que o objetivo de traçar um panorama básico da evolução do papel da mulher dentro do rock n’ roll, olhando para diversas vertentes diferentes, foi atingido.
Isso posto só posso pedir três vivas e um brinde: “Vida longa às mulheres no rock n’ roll”!
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Ofertas de Discos Essenciais Sobre as Mulheres no Rock
- Janis Joplin – Pearl [Disco de Vinil]
- Rita Lee – Fruto Proibido [CD]
- Aretha Franklin – Album Series [Box com 5 CDs]
- Nightwish – Once [Disco de Vinil]
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Muito boa a reportagem, só vou lembrar da Lady of Blood, guitarrista da banda Ocultan.
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Olá Tiago! Bem lembrado! Poison Ivy dos Cramps… Inclusive me bateu aquela vontade de pegar minha versão em CD do “Big Beat From Badsville” pra ouvir! E quando fui pegar na coleção, do lado (por causa da ordem alfabética) estavam os CDs do Cranberries e eu me toquei que esqueci de citar a Dolores tbm. Mas fica aqui o registro! Abração e obrigado pelo comentário!
Faltou falar da Poison Ivy
Excelente painel, passando pelas décadas e pelos sons das épocas. Lembrando do Fanny e do Birtha, nomes sólidos, de canções muito boas.