Hot Breath – “Rubbery Lips” (2021) | Resenha

 

“Rubbery Lips” é o primeiro álbum completo da banda sueca de hard rock Hot Breath, liderada por dois ex-membros do Honeymoon Disease. O disco sucede o ótimo EP auto-intitulado de 2019, ambos lançados no Brasil pela parceria entre os selos The Sign Records e Hellion Records.

Hot Breath - Rubbery Lips Resenha Review

Podemos dizer que o Hot Breath  pratica um rock n’ roll puro, simples e eficiente, sustentado por guitarras e encarnado de um instinto rebelde advindo das referências clássicas dos anos 1960 e 1970.

Porém, esqueça as comuns emulações de Thin Lizzy, Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple. Aqui, eles buscam as possibilidades de groove que o blues acelerado oferece ao rock, como fizeram Chuck Berry, AC/DC e Status Quo, mescladas à energia cativante do Sweet e à determinação feminina de bandas como The Runaways e Joan Jett and the Blackhearts. Adicione algumas doses de proto-punk à lá Stooges, backing vocals bem encaixados e uma timbragem orgânica e crua.

Todas estas cartas já haviam sido colocadas na mesa no EP “Hot Breath” (2019) e agora elas são encaixadas no jogo de forma agressiva e com exageros de performance em “Rubbery Lips”, um disco gravado em apenas oito dias, e produzido e mixado por Mattias Nyber.

“Right Time”, a faixa de abertura mostra que todos aqueles elementos que constroem um rock n’ roll direto e sem frescuras está de volta, mas de modo amplificado e mais intenso, principalmente no trabalho de guitarras mais vívido, e nas melodias bem trabalhadas chegando a lembrar o Girlschool.

Na sequência, “Magnetic” deixará claro que estão dispostos a aumentar o peso de sua fórmula roqueira, enquanto “What You’re Looking For, I’ve Already Found” trará para o disco aquele clima desértico comum ao stoner rock.

Os grandes destaques vão para “Who’s The One” (e sua base blues rock e algo que lembra um clássico de Billy Idol) e “Bad Feeling” (explosiva, melhor do disco, e com clima de música feita pra fechar um show), onde vemos uma banda ainda mais faminta e madura dentro de sua personalidade musical, trocando o leve toque punk do EP por uma atmosfera Classic Rock mais crua e com uma  intensidade que é reflexo da alta energia.

Até por isso, posso dizer que amadureceram sua sonoridade em busca de fundir, de uma forma diversificada, a efervescência do garage/hard/heavy rock com o hiper-palatável senso melódico do power pop, como se o Stooges trouxesse Pat Benatar para os vocais, se Joan Jett resolvesse cantar uns tempos no Girlschool, e até mesmo se Suzy Quatro fosse a frontwoman do The Damned (ouça a pedrada “Last Barang”).

“Rubbery Lips” é um trabalho claramente mais lapidado, mais pensado e melhor composto em termos de estruturas, buscando algumas progressões harmônicas e rítmicas no classic metal inglês (como na ótimo “One Hit (To The Body)”). A banda que antes soava apressada e urgente, agora sabe baixar a guarda e oferecer uma passagem melhor elaborada, mas sem perder a energia e o foco, e isso fica mais evidente na bem trabalhada “Turn Your Back”, outro dos destaques do disco.

O Hot Breath é aquela banda que sabe que o segredo do rock está na sua simplicidade e pratica essa verdade com devoção e, agora, também com mais criatividade. Uma prova disso é esse excelente “Rubbery Lips”, uma amostra de pouco mais de meia hora do mais puro rock n’ roll!

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