A Última Geração de Discos Clássicos do Rock | Parte 2: Heavy Metal

 

Neste artigo, quero continuar a série sobre aquela que considero a última grande geração de álbuns de rock, que foi a iniciada em 1989 e findada por volta de 1991. Na postagem que inaugurou esta série falamos sobre as lendas do rock que renasceram nesta geração. Dando continuidade ao desfile de clássicos, vamos mergulhar nos discos lançados pelas bandas de heavy metal neste período.

Concordando ou não comigo sobre esta ter sido a última grande geração de álbuns de rock, embarque comigo nesta viagem dividida em seis partes, onde passearemos por discos brilhantes lançado entre 1989 e 1991. Segunda parada: a renovação do heavy metal.

Ultima geração de clássicos do Rock Heavy Metal

O Supersônico Judas Priest

O fim dos anos 80 foi o nascedouro dos estilos musicais mais brutais que se tem notícia, como o Death Metal e o Grindcore, sem falar que víamos a segunda safra do Thrash Metal em ação, combinando melodia aos riffs carregados de peso. Foi então que o Judas Priest ensinou como fazer um heavy metal clássico, mas muito pesado.

Como verdadeiros mestres compuseram uma das mais fantásticas canções de toda a história do estilo e ainda a utilizaram como faixa-título de um dos últimos clássicos absolutos do metal. “Painkiller” – a música – fez a banda inglesa adentrar os anos 90 chutando a porta da frente com um peso absurdo e vocais agressivos.

Neste disco o Judas Priest conseguiu imprimir um álbum de metal clássico e ao mesmo tempo contextualizado ao mundo Heavy Metal da época, muito bem representado nas faixas “Metal Meltdown”, “All Guns Blazing”, “Hell Patrol”, “Night Crawler”, “Between The Hammer And The Anvil” e “Battle Hymn”.

O Fim das Lágrimas de Ozzy Osbourne

E por falar em deuses do metal, vamos, agora, revisitar um dos pais do estilo. No início da década de 1990, Ozzy Osbourne era conhecido por suas peripécias nas turnês e por seu tino incontestável para escolher  guitarristas. Depois de Randy Rhoads e Jake E. Lee, foi a vez do Madman revelar Zakk Wylde no álbum “No Rest For The Wicked”, de 1988.

Junto a este magistral guitarrista, Ozzy registrou um dos maiores álbuns de sua extensa e prolífica carreira: “No More Tears”. Lançado em setembro de 1991, o novo disco  impressionava já na primeira faixa “Mr. Tinkertrain”, que é calcada em muito peso e num trabalho de guitarras notável pela originalidade.

Aliás, Zakk rouba a cena durante toda a execução das onze faixas, onde quarto delas são parcerias com Lemmy Kilmister, a lenda que capitaneava o Motorhead. Além da faixa de abertura, temos o sucesso comercial “Mama I’m Coming Home”, a cadenciada e sabática “No More Tears”, a roqueira “I Don’t Want To Change The World”, as baladas nada clichês “Road To Nowhere” e “Time After Time”, além de “Hellraiser”, que promovem esta coleção de músicas a  um clássico do Heavy Metal.

O Histórico Disco Negro do Metallica

O Metallica já havia assustado o mundo pop quando seu álbum anterior, …And Justice for All, galgou os primeiros lugares dos charts da Billboard. Anos depois, o quarteto americano lança Metallica (ou Black Album como é mais conhecido) mostrando toda a maturidade e, principalmente, superação – afinal, poucos anos antes perderam um dos pilares da sonoridade da banda – em músicas complexas e cheias de sentimento que, sem dúvida, refletem a mão do produtor Bob Rock que trouxe Michael Kamem para fazer o arranjo de cordas.

Clássicos? O track list inteiro, mas além das mais famosas “Enter Sandman”, “Sad But True”, “The Unforgiven” e “Nothing Else Matters”, o brilhantismo do conjunto ainda é exalado nas magistrais “Wherever I May Roam”, “Through The Never” e a belíssima “My Friend Of Misery”. Se isso não bastasse, James Hetfield colocou definitivamente o black jeans no guarda-roupa dos headbangers que era baseado em blue jeans e tênis branco.

A Obra-Prima do Megadeth

O heavy metal e seus sub-estilos mais pesados estavam em alta no fim da década de oitenta e, em 1990, o Megadeth lançou seu maior clássico, digno de figurar nesta última grande geração de álbuns de rock.

A instabilidade da formação do conjunto era um problema e o quarteto que gravou este álbum foi o mais próximo que o grupo de Dave Mustaine chegou de uma formação unida. Mas “Rust In Piece” se destaca pela classe apresentada nas violentas composições como as obrigatórias “Holy Wars… The Punishment Dues”, “Hangar 18″, “Five Magics” e “Tornado Of Souls”.

O Metal Extremo pede Passagem

O Motorhead acelerou e colocou atitude punk no Heavy Metal, para nos anos 80, bandas como o Bathory, Venom, Possessed e Slayer criarem o metal extremo. Esta forma brutal de se fazer música ganhou mais força na virada das décadas de oitenta e noventa.

O metal extremo – e neste grupo coloco os estilos mais pesados de heavy metal como, por exemplo, o Death Metal, Black Metal, Thrash Metal, Doom Metal e Grindcore – ainda engatinhava e seu primeiros clássicos eram lançados.

Estes discos seriam responsáveis por sedimentar as bases viscerais deste estilos e, no ano de 1989, tivemos grandes lançamentos como  o primeiro álbum do Morbid Angel, “Altars Of Madness” que foi responsável por apresentar a maior banda de Death Metal da história, “Realm of Chaos” (1989) mostrou a força do Bolt Thrower, “Hammerheart” do Bathory inaugurava o Viking Metal, “Eaten Back To Life” apresentava o Cannibal Corpse, umas das bandas mais brutais do cenário, cujas letras versavam sobre necrofilia e canibalismo, assim como o “Symphony Of Sickness” do Carcass.

O Death, que já lançava álbuns desde 1987, contribuía com o clássico “Spiritual Healing”. Outro álbum de destaque neste cenário foi “Left Hand Path” do Entombed, que influenciou toda uma geração de bandas extremas na Europa e “Harmony Corruption” do Napalm Death, mostrando que o Grindcore também evoluía a passos largos.

No Thrash Metal, víamos a primeira geração lapidar sua sonoridade com álbuns como “Persistence Of Time” do Anthrax, “Fabulous Disarter” do Exodus,  “Extreme Aggression” e “Coma Of Souls” do Kreator, “Agent Orange” do Sodom, “Handle With Care” do Nuclear Assault e “Season In The Abyss” do Slayer, mas sem perder a agressividade.

Ainda assistíamos o nascimento de uma segunda safra no Thrash Metal e este movimento na cena ficava claro com lançamentos arrebatadores como “Alice In Hell” do Anihilator, “Cowboys From Hell” do Pantera e o Brasil via o Sepultura tomar de assalto o mercado internacional com o marco “Beneath The Remains.

Por fim, no ano de 1991, uma banda inglesa mudaria o cenário do metal extremo ao lançar um álbum que inaugurava um novo estilo, misturando o Doom/Death Metal com o rock Gótico. Estou me referindo ao clássico Gothic” do Paradise Lost.

Os Deuses do Metal se Revitalizam

A geração oitentista foi quase surreal para o heavy metal, mas o fim da década não fora muito agradável às bandas clássicas que já não eram tão pesadas e perigosas como no início, pois agora já tínhamos os verdadeiros filhos do Satã no metal extremo.

Mas algumas bandas ainda foram responsáveis por elevar o nome do metal clássico a um novo patamar, ganhando um toque mais moderno, ou até mesmo se fundindo a outros estilos criando musicalidades originais.

O Queensryche foi uma das melhores surpresas do cenário e contribuiu para esta geração com o clássico “Empire” de 1990, o Blind Guardian misturou o power metal com a grandiosidade das grandes histórias da literatura fornecendo um dos pilares do chamado power metal melódico com o álbum “Tales From Twilight World”, assim como o Dream Theater, que a exemplo do Queensryche, mesclava o rock progressivo com o Heavy Metal e lançava seu primeiro álbum, “When Dream And Day Unite”, e se mostraria um dos grupos mais influentes dos anos 90.

Falando em mesclas de estilo, não podemos deixar de citar o estupendo Gutter Ballet” do Savatage, mostrando que classe musical e heavy metal podia andar de mãos dadas. Bruce Dickinson inaugurava sua carreira solo com “Tattooed Millionaire”,  os alemães do Helloween se recuperavam de duas perdas irreparáveis e voltam com o belo álbum “Pink Bubbles Go Ape”, além disso, os britânicos do Saxon nos presenteavam com uma volta ao som clássico, abandonando as influências americanas, no revigorante “Solid Ball Of Rock”.

Completando a Geração.

Por fim, como não é possível comentar todos os grandes clássicos lançados por esta maravilhosa geração roqueira, listo abaixo os grandes clássicos que por algum motivo não foram comentados previamente dentro do heavy metal:

  1. Fates Warning: Perfect Symetry (1989)
  2. Ratos de Porão: Brasil (1989)
  3. Viper: Theatre Of Fate (1989)
  4. Terrorizer: World Downfall (1989)
  5. Candlemass: Tales Of Creation (1989)
  6. Testament: Practice What You Preach (1989)
  7. VoiVod: Nothingface (1989)
  8. King Diamond: The Eye (1990)
  9. Dio: Lock Up The Wolves (1990)
  10. Death Angel: Act III (1990)
  11. Annihilator: Never Neverland (1990)
  12. Obituay: Cause Of Death
  13. Artillery: By Inheritance (1990)
  14. Bathory: Twilight od Gods (1991)
  15. Savatage: Streets – A Rock Opera (1991)
  16. Death: Human (1991)
  17. Cannibal Corpse: Butchered At Birth (1991)
  18. Nuclear Assault: Out Of Order (1991)
  19. Sepultura: Arise (1991)

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