Confira a proposta desta seção aqui…
Dia Indicado para ouvir: Quinta-Feira;
Hora do dia indicada para ouvir: Oito da Noite;
Definição em um poucas palavras: (Som de Macho)², Adulto, América Querida, Guitarra, Pesado, Pra Encher a Cara, Urbano;
Estilo do Artista: Thrash/Heavy Metal;
Comentário Geral: Um ponto importante da teoria evolucionista nos diz que a evolução é vista como uma função da mudança da população e não da mudança do indivíduo.
Sendo assim, em um mundo em constante mudança e evolução, o meio ambiente musical não poderia passar incólume às transformações vindas com o passar do tempo.
No limiar da década de 1980 o panorama da música pesada estava mudando drasticamente.
Os fãs de heavy metal foram esteriotipados como imbecis em busca de emoções efêmeras, o hard rock que havia dominado a MTv entrava em decadência, o grunge vinha como um furacão de Seattle, o Metallica investia em controlar seus instintos e o Faith No More engordurava o heavy metal com bastante groove inspirado no funk.
A chave para a sobrevivência de qualquer espécie em um ambiente em evolução pode ser resumido em apenas uma palavra: adaptação.
Ninguém obteve mais sucesso nesta adaptação do que o Pantera!
Abandonando seus genes responsáveis pela pose e afetação oitentista, eles incorporaram muita atitude em seu DNA musical e se tornaram a maior banda de heavy metal da década de 1990.
O novo Pantera mesclava a fúria do metal com estruturas alicerçadas no groove, originando uma sonoridade percussiva raivosa, moderna, pesada e atualizada.
Muito desta evolução dentro do estilo se deu nas inovações trazidas pelo guitarrista Darrell “Dimebag” Abbott, ou simplesmente Dimebag Darrell, que fazia de sua guitarra parte da seção rítmica da banda, abusando de efeitos e de doses cavalares de groove.
“Cowboys From Hell”, o álbum, é tido por muitos como o ponto de virada na evolução da banda, cortando suas raízes com o hard rock oitentista e mergulhando num amálgama de Thrash/Heavy/Punk bem azeitado.
Entretanto, a mutação sonora teve seu início com a troca do vocalista Terry Glaze por Phil Anselmo, que estrearia no quarto álbum da banda, “Power Metal”, de 1988.
Mesmo assim, tanto a banda quanto os fãs consideram, extra-oficialmente, “Cowboys From Hell” como o início do Pantera.
Apesar de mais agressivo que os discos de que precederam a ele, “Power Metal” só esboçava a o que se viria em sequência.
A fusão da velocidade e agressividade de “Reign In Blood”, do Slayer, com a melodia e estruturação musical de “Master Of Puppets”, do Metallica, só viria em “Cowboys From Hell”.
Como virtude, ainda elevaram o tempero cadenciado do ZZ Top a padrões modernos, formatando um estilo próprio de praticar o heavy metal.
A abertura à cargo da faixa-título já mostrava que novos tempos se avistavam para a música pesada!
A canção nos apresenta um violento amálgama de metal tradicional, guitarra visceral e pinceladas de thrash metal, além de um refrão épico.
Os solos de Dimebag são infalíveis por todo o álbum, sendo sua sintonia com Rex Brown e Vinnie Paul latente e a conjunção de seu timbre com a voz de Phil Anselmo, um cruzamento de Henry Rollins com David Lee Roth, é quase carnal.
“Cemetery Gates” é a obra-prima do álbum. Riff único, refrão indefectível e melodia simultaneamente melancólica e apaixonante. Mas ainda assim, furiosa! O duelo final entre os falsetes de Anselmo e as cordas de Darrell é emblemático.
A magia deste álbum esta no poder que as canções possuem, não em seu peso, sendo que este poder as faz gigantes.
Seguindo o álbum, “Primal Concret Sledge” traz base sincopada e sufocante, além de inspiração punk misturada a uma cadência hip hop.
Já “Psycho Holiday” é um dos hits do álbum, de andamento variado e injetada de testosterona, esta canção é um típico Thrash/Funk Metal.
As porradas “Heresy”, “Domination”, “Shattered”, “Clash With Reality” e “Medicine Man” mostram uma banda na vanguarda de seu estilo, explorando velocidades e tonalidades musicais violentas,
Além destas, cabe um destaque especial para a poderosa “Message In Blood” (linhas de baixo que emulam um thrash blues – se é que isso existe – e um refrão contagiante) e para a simples, porém arrasadora, “The Sleep”.
Talvez “The Sleep” seja canção mais simples do álbum, todavia, sua aura arrastada a faz sombria, como um bom metal clássico.
Esta canção em especial chama muito a atenção pelas notas que Phil Anselmo extrapola, se mostrando como uma evolução natural do que Halford apresentava nos clássicos do Judas Priest em tempos pregressos. Claro, tudo aliado à variabilidade gutural de sua voz.
Este álbum tem importância gigantesca não somente para o Pantera, mas para todo um gênero que via suas rígidas e lineares estruturas serem, literalmente, chacoalhadas por uma cadência rítmica absurda, sem onerar as doses de peso e melodia.
Por estas razões, VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!
Ano: 1990.
Top 3: “Cowboys From Hell”, “Cemetery Gates” e “The Sleep”.
Formação: Phil Anselmo (vocal), Dimebag Darrell (guitarra), Rex Brown (baixo), Vinnie Paul (bateria).
Disco Pai: Judas Priest: “Screaming For Vengeance” (1982)
Disco Irmão: Exhorder: “Slaughter in the Vatican” (1990)
Disco Filho: Sons Of Texas: “Baptised In The Rio Grande” (2015)
Curiosidades: O fotógrafo John Kaplan ganharia o prêmio Pulitzer, em 1992, com uma foto de Phil Anselmo expondo suas tatuagens com as palavras Stength e Shattered Soul, que você pode conferir aqui.
Pra quem gosta de: Mudar de vida, air-guitar, braço de ferro, bater no irmão mais novo e muita cerveja.
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