Thrash Metal | 14 Discos Pra Conhecer o Clássico Estilo Alemão

 

Em nossa primeira lista envolvendo o Thrash Metal nos concentramos na costa oeste norte-americana (e sabemos que estamos devendo uma lista para o restante da América do Norte).

Todavia, o amálgama do peso do Heavy Metal com a velocidade e o descompromisso do Punk Rock promovido pelo Motorhead, e a mística e agressividade do Venom tiveram impacto também no Velho Continente.

À medida que o estilo era moldado nos EUA, o onisciente coletivo agia do outro lado do Atlântico dando contornos ao gênero em sua versão europeia.

Bandas como Destruction, Kreator, Sodom e o Artillery formavam a linha de frente do time europeu, com claro destaque à cena alemã, que se sobressaía tanto que quantidade, quanto em qualidade.

Hoje queremos elencar quatorze álbuns essenciais para a estruturação desta cena em meados da década de 1980, e início dos anos 1990, mas deixando claro que ainda hoje as bandas alemãs formam um conjunto coeso ainda hoje com nomes como Toxik Waltz, Dust Bolt, Reactory, Battlecreek, e Mortal Infinity.

Thrash Metal Alemão German Discos Clássicos

1) Kreator: “Pleasure To Kill” (1986)

Para muitos, “Reign In Blood” (1986), clássico do Slayer, definiu o Thrash Metal! Mas se existe um trabalho capaz de fazer frente à forma demoníaca de praticar o gênero do quarteto americano, este seria “Pleasure to Kill”, do Kreator.

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Brutal, intenso e faminto, a banda alemã capitaneada por Mille Petrozza edificou uma geometria que conseguia ser agressiva e extrema, mas também dona de musicalidade coesa advinda do entrosamento da banda, retrabalhando a crueza de “Endless Pain” (1985), entre faixas rápidas e cadências pesadas, por riffs primitivos e aquelas paradinhas precisas e empolgantes, donde se destacam “Riot of Violence”, “The Pestilence”, “Under the Guilhotine” “Pleasure to Kill”. 

Por este álbum fica clara a diferença principal entre os modos de se desenvolver o Thrash Metal nos dois lados do Atlântico, pois no caso europeu a ascendência da cena extrema sempre foi mais evidente!

Confira também os álbuns “Terrible Certainty” (1987), “Extreme Aggression” (1989), e “Coma of Souls” (1990)… 

 

2) Destruction: “Eternal Devastation” (1986)

Claro que o Kreator não definiu sozinho a forma alemã do Thrash Metal.

E isso fica claro quando o próprio Mille Petrozza assume que ficou impactado quando ouviu “Eternal Devastation”, segundo álbum completo do Destruction, que trazia hinos do gênero como “Curse the Gods”, “Life Without Sense”, “United by Hatred” “Eternal Ban”.

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Na verdade, as oito composições à cargo do trio Schimier, Mike, e Tommy, formam um verdadeiro manual de como compor um poderoso e avassalador álbum de Thrash Metal, como um segundo tomo que continuava a catequese extrema do primeiro trabalho.

Junto à fúria primitiva e crua, o Destruction destacava alta criatividade e entrosamento, que dava um sabor diferenciado à sua forma.

Um álbum essencial, simples assim!

Confira também os álbuns “Sentence of Death” (1984), “Infernal Overkill” (1985), e “The Antichrist” (2001)… 

3) Sodom: “Agent Orange” (1989)

Ok! Concordo que existem outros álbuns do Sodom a serem indicados nesta lista (como os lembrados abaixo), seja pela crueza de um, o pioneirismo do outro, ou a reafirmação do terceiro.

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Porém, aqui em “Agent Orange”, álbum que fecha a discografia oitentista do Sodom, está solidificada a imagética pós-apocalíptica da banda, com seu Thrash Metal veloz e causticante, liderado por vocais ensandecidos, mas de uma uma maneira mais refinada, com maior esmero nas composições.

Mantendo uma alta intensidade, além de perene agressividade, o power trio do Thrash Metal alemão, formado por Tom Angelripper, Chris Witchhunter, e Frank Blackfire, nos oferece momentos mais que emblemáticos da prática teutônica do gênero em  “Remember the Fallen”, “Ausgebombt”, “Tired and Red” e na faixa-título, quiçá, a grande composição da carreira do Sodom.

Confira também os álbuns “In the Sign of Evil” (1985, EP), “Persecution Mania” (1987), e “M-16” (2001)… 

 

4) Tankard: “Chemical Invasion” (1987)

Surgida na cidade alemã de Frankfurt, em 1982, a banda Tankard fecha, junto as três bandas citadas anteriormente, o que se convencionou a chamar de Big 4 Alemão.

Todavia, se distinguiu de seus congêneres ao longo de uma sólida discografia pelas nuances provocativas, ousadas, e irônicas que se tornaram marcas registradas de seu Thrash Metal, regado a muita cerveja, e construído com despojamento punk.

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Dentre seus primeiros álbuns, destacamos este “Chemical Invasion” (1987), pela solidez técnica de suas composições, além do entrosamento entre os músicos que não se privam de acelerar os andamentos, mesmo que numa variabilidade instigante de tempos, geometria estrutural e emoções.

A faixa-título, por exemplo, é um Blues/Thrash Metal de tirar o fôlego, sendo que também se destacam “For a Thousand Beers”, “Farewell to a Slut”“Tantrum” (com os impagável refrão “Tantrum you stole my beer, Tantrum, you must die!!!”).

Uma prova de que o Thrash Metal não precisa ser tão sisudo.

Confira também os álbuns “Zombie Attack” (1986), “The Morning After” (1988), e “Beast of Bourbon” (2004)… 

 

5) Holy Moses: “The New Machine of Liechtenstein” (1987)

Confesso que fiquei em dúvida de qual álbum inserir nesta lista, este ou o visceral “Finished With the Dogs”, lançado um ano antes.

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Escolhi o álbum de 1987 pela performance avassaladora de Sabina Classen, uma mulher que já desbravava o terreno predominantemente chauvinista do Heavy Metal nos anos 1980, em pedradas como “Near Dark”, “Defcon II”, “Panic”, “Lost in the Maze”.

Claro que a lapidação no processo de composição também falou mais alto no caso de “The New Machine of Liechtenstein”, como bem comprova o inspirado e agressivo trabalho de guitarras, por riffs e melodias altamente destacáveis, sem deixar de lado a agressividade, o peso, e a velocidade.

Confira também os álbuns “Finished With the Dogs” (1987), “Terminal Terror” (1991), e “Agony of Death” (2008)… 

 

6) Protector: “A Shedding of Skin” (1991)

Infelizmente só conheci essa banda em 2013, quando lançaram o pesado e trabalhado “Reanimated Homunculus”.

Mais tarde descobri que todo aquele aspecto sombrio, áspero e old school não era emulado, mas estava no cerne do Protector, afinal a banda foi formada nos idos de 1986, na Alemanha.

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“A Shedding of Skin” é seu terceiro trabalho, mostrando uma clara evolução da fórmula cáustica que vinha praticando nos álbuns anteriores, com guitarras agressivas e cortantes, vocais ríspidos além de cozinha energética.

Aos meus ouvidos, mesmo se comparado aos trabalhos mais recentes, este “A Shedding of Skin” é o mais refinado álbum da banda, e efetivamente seu melhor momento da carreira.

Não deixe de conferir faixas como “Mortuary Nightmare”, “A Shedding Of Skin”, “Face Fear” e “Thy Will Be Done”, que são perfeitas mostras do sombrio Thrash Metal da banda que frequentemente tangenciava o Death Metal.

Um dos álbuns mais brutais da lista!

Confira também os álbuns “Urm the Mad” (1989), “The Heritage” (1993), e “Cursed and Coronated” (2016)… 

7) Necronomicon: “Apocalyptic Nightmare” (1987)

Essa banda marcou a cena alemã com uma mistura de influências típicas do Heavy Metal (como Metallica, Slayer e Motorhead) com punk à lá Discharge, GBH, e Exploited.

Necronomicon - Apocalyptic Nightmare

As composições cruas encarnam a simplicidade punk, num corpo instrumental e vocal apocalíptico aos moldes do Destruction, resultando numa sonoridade relativamente estranha, mas concisa, pesada, e cheia de identidade.

Quase todas as composições possuem introduções trabalhadas, e o esmero instrumental é elevadíssimo, mesmo nos momentos mais caóticos.

Tudo isso por uma produção underground suja, primitiva e cavernosa.

Confira as faixas “The Ancient Ones”, “The Following Century (Darkland II)”, “Apocalyptic Nightmare” “Retributive Strike”, e saboreie o que de melhor encontramos quando misturamos Slayer, Sodom, e Destruction num liquidificador Punk.

Confira também os álbuns “Necronomicon” (1986), “Escalation” (1988), e “Construction of Evil” (2004)… 

8) Exumer: “Possessed By Fire” (1986)

E por falar em insanidade, eis um dos maiores álbuns de Thrash Metal da história do gênero.

Pesado, alucinado, rápido e brutal, o Exumer era uma espécie de “Slayer alemão”, principalmente no trabalho de guitarras cortante, incisivo e agressivo.

Ou seja, existem melodias por aqui, mas beiram a atonalidade, seja em solos, ou riffs, enquanto a bateria dinâmica, responsável pela coluna estrutural das composições, se encarrega de transformar os arranjos em montanhas-russa de imprevisibilidade.

Sem dúvidas, faixas como “Sorrows of the Judgement”, ou a própria “Possessed By Fire” competem de igual pra igual com os clássicos do mesmo período de nomes como Kreator, Sodom, e Destruction.

Confira também os álbuns “Rising From the Sea” (1987), e “The Raging Tides” (2016)… 

9) Assassin: “The Upcoming Terror” (1986)

Antes do complexo e trabalhado clássico “Interstellar Experience” (1988), em que o Assassin se aproximava da forma norte-americana do gênero, temos o insano, ultra-violento, e ultra-veloz “The Upcoming Terror”, o primeiro álbum de um dos grandes nomes do Thrash Metal alemão.

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E neste conjunto extasiante de faixas espanta a crueza e brutalidade que chegam a flertar com o Death Metal em dado momento, principalmente na velocidade que só diminui um pouco em momentos específicos, com nas ótimas “Assassin”, “The Last Man” “Forbidden Reality”, que soam “cadenciadas” diante de assaltos impiedosos como “Speed of Light”, “Nemesis”, e “Bullets”.

É sujo, brutal, primal, atonal e obrigatório!

Confira também os álbuns “Interstellar Experience” (1988), e “Breaking the Silence” (2011)… 

10) Poison: “Into the Abyss” (1987)

Quiçá, este seja o mais obscuro e subestimado álbum da lista, mas aqueles que se dignarem a ouvi-lo irão encontrar o elo perdido que completa a continuidade da evolução do Thrash-Black-Death Metal europeu nos anos 1980, que parece evoluir de modo descontínuo do Thrash Metal para o extremismo de nomes como Hellhammer, Venom e Bathory.

Na verdade, este “Into the Abyss” era uma demo de 1987, que foi lançado em LP em 1993, e se tornou cult dentro do universo metálico.

E pode ser que este álbum do Poison, o alemão, não o afetado quarteto Hard Rock norte-americano, se aproxime mais da banda de Tom Warrior (à época atendendo como Satanic Slaughter), sendo um dos precursores do  Metal Extremo europeu, capturando o verdeiro e obscuro senso do gênero, totalmente brutal e anti-comercial, em quatro longas faixas que alternam variações de andamentos e velocidades, e distribuem riffs desmedidamente.

Acredito que foram em faixas como “Yog-Sothoth” “Alive/Undead” que o Thrash Metal alemão se mostrou mais cáustico e maléfico. Claro que este álbum não possui representante em nossa playlist do Spotify, mas pode ser conferido na íntegra por aqui.

Existem algumas outras demos que podem ser ouvidas na internet, mas com um som paupérrimo, e dentre elas, destaque a “Rehearsal December ’86” (1986)…

 

11) Deathrow: “Raging Steel” (1987)

Tudo bem, “Deception Ignored” (1988) é até melhor acabado e mais cativante dentro da discografia do Deathrow, e até “Riders of Doom” (1986), primeiro álbum poderia estar por aqui, mas o apelo pessoal falou mais alto na escolha de “Raging Steel”.

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Desde a capa e letras, com aquele clima de fantasia inerente ao Classic Metal oitentista, passando pelas guitarras trabalhadas que não devem nada a nomes como Kreator, Destruction, ou Tankard, até a seção rítmica que alicerça o instrumental com toda a potência teutônica do Speed/Thrash Metal, temos um dos grandes álbuns do gênero, de grande senso melódico (como em “Dragon’s Blood”), e também um dos menos lembrados.

Composições como “Raging Steel”, “The Thing Within”, “Beyond the Light”, além de uma discografia indefectível, sempre me levaram a dizer que meu Big 4 do Thrash Metal alemão tinha o Deathrow e não o Tankard.

Infelizmente, este álbum também não possui representante em nossa playlist do Spotify, mas pode ser conferido na íntegra, aqui.

Confira também os álbuns “Riders of Doom” (1986), e  “Deception Ignored” (1988)…

 

12) Iron Angel: “Hellish Crossfire” (1985)

Se existiu uma época em que o Speed Metal tinha interseções com as principais divisões das formas mais agressivas e extremas do Heavy Metal, me sinto no direito de incluir esta pedrada épica na nossa lista.

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E se por um lado, os vocais (à cargo de Dirk Schröder, um Rob Halford do inferno) não são direcionados às formas do Thrash Metal e alguns momentos são mais puxados ao Metal Tradicional, o instrumental é famigerado e agressivo (principalmente nas guitarras de Sven Struven e Peter Wittke), incansável e intenso, como numa fusão de Judas Priest com Artillery.

Dentre as dez composições, destaque para “The Metallian”, Black Mass”, “Church of the Lost Souls” “Legions of Evil”.

Confira também o álbum “Winds of War” (1986)… 

 

13) Living Death: “Protected from Reality” (1987)

E se o precedente foi aberto para o Iron Angel, vou usar da mesma prerrogativa para indicar o terceiro full lenght do folclórico Living Death, um dos pioneiros da cena Speed/Thrash Metal germânica, nascendo antes mesmo de Kreator, Destruction, ou Sodom.

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Nada mais justo, afinal, este álbum é um massacre sonoro à começar pela abertura visceral com “Horrible Infanticide (Part One)” até o encerramento com “Eisbein (Mit Sauerkraut)”.

E se por um lado a produção não ajuda o resultado final, por outro a energia bruta de composições como “Manila Terror”, “Wood of Necrophiliac” e a cadenciada “The Gallery” constrói uma massa sonora cortante e agressiva, com muita identidade, principalmente pelos vocais característicos, com timbre à lá “turbina de avião”, de Thorsten Bergmann.

Um massacre sonoro!

Confira também os álbuns “Metal Revolution” (1985), “Worlds Neuroses” (1988), e o impecável EP “Back to the Weapons” (1986)… 

 

14) Baphomet: “Latest Jesus” (1992)

Aberto o precedente para o Speed/Thrash Metal, vamos ao outro lado do diâmetro musical do Thrash Metal germânico, buscando o progressivo, técnico, e por vezes resvalando no Death Metal, Baphomet, com seu icônico e complexo “Latest Jesus”, álbum de 1992.

Baphomet - Latest Jesus

A faixa-título é um deleite de vanguarda, trazendo passagens mais climáticas e/ou cadenciadas, em meio a agressividade do metal extremo, como se misturasse a proposta do Death com fumaça gótica.

Mas não pense que se privam da agressividade, e “State of Censorshit” está aqui para provar isso.

Um espectro musical complexo e trabalhado, que pode ser prejudicado pela produção da época, mas que hoje faz muito sentido aos ouvidos.

Um álbum extremamente vanguardista. Uma pena que a banda findou suas atividades em 1995.

Confira também o álbum “No Answers” (1991)… 

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