Warshipper – Resenha de “Barren…” (2020)

 

“Barren…” é o terceiro trabalho da banda paulista Warshipper, dedicada a uma forma particular do metal extremo.

Lançado pelo selo paulista Heavy Metal Rock, por diversas razões posso afirmar que “Barren…” representa um salto de maturidade impressionante da banda, colocando-a ao lado dos nomes mais criativos e vanguardistas do nosso heavy metal. 

À priori, chama a atenção o fato de “Barren…” ser um disco conceitual, constuído sobre um tema ousado: a esterilidade sob uma perspectiva social (conceito bem explicado pelo guitarrista/vocalista Renan Roveran em entrevista recentemente publicada aqui no site).

Desta forma, a capa, o título e as ilustrações do encarte fazem todo o sentido, principalmente pela sensação estéril causada pelos tons acinzentados.

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Warshipper – “Barren…” (2020, Heavy Metal Rock)

Quando colocamos as músicas para tocar percebemos que a explorção criativa vai além do esperado e como a estrada ajudou-os a compactar ainda mais sua plural forma de metal extremo. 

A musicalidade rica e imprevisível vai do rock progressivo ao death metal, passando pelo heavy metal, thrash metal e black metal, sem se prender a nenhum deles, mas pertencendo a todos de forma equânime.

Claro que essa maturidade toda vem do fato do Warshipper contar, em sua fileiras, com músicos experientes, com bagagem na cena, oriundos de bandas como Bywar e Zoltar.

Nesse sentido, “Barren…” consegue também se mostrar como um equilibrada quimera das influências dos músicos e compositores que criaram este disco como uma obra artística, muito antes de ser apenas mais um álbum de heavy metal.

Esse aspecto artístico é reforçado numa das minhas faixas favoritas do disco, “Anagrams of Sorrow”, cuja letra sombria e depressiva foi inspirada por um poema de Letícia Grégio.

Sim, esta é uma banda diferenciada, simplesmente por ser tão original que chega a ser difícil descrever o que se ouve nessas onze composições.

Dizer que desenvolvem um death/black metal de conotações européias seria diminuir as possibilidade que eles próprios abrem para a sua música, mas daria uma ideia de qual é a base de sustentação de todas as composições.

A forma com que variam melodia e peso, climas e influências, andamentos, harmonias e dissonâncias impressiona pela coesão e fluidez.

Até por isso, prepare-se para ir de influências de Slayer e Morbid Angel a Pink Floyd e Faith No More em questão de minutos, ao longo do caminho.

São exemplos disso faixas como “Embryo”, ou a já citada “Anagrams of Sorrow”, além da multifacetada “Compulsive Trip”, que trará até algo mais eletrônico/cinematográfico para o jogo musical do Warshipper.

Gravado no Casanegra Studio em São Paulo/SP sob produção de Rafael Augusto Lopes (Crypta, Zumbis do Espaço, Living Metal), “Barren…” ainda traz a participação de Fernanda Lira nos vocais de “Respect”, outro grande destaque do trabalho que até ganhou um clipe.

Me resguardo o direito, num disco tão altamente nivelado, não destacar nenhuma faixa de modo mais detalhado, pois este é um disco que merece, e deve, ser absorvido em sua totalidade.

Destacar uma das composições seria o mesmo que pinçar um capítulo de um livro ou recortar algo da paisagem de um quadro.

De forma geral, “Barren…” é um disco sufocante, ousado, desolador e pesado, tanto em música quanto em letras, numa abordagem metálica muito plural e que deixa a sensação de que quiseram levar o atrito de contrastes ao máximo de suas possibilidade sem descaterizar a personalidade da banda.

Não há o que apontar como ponto negativo por aqui e fatalmente esse será um dos melhores dicos do ano.

Vanguarda do metal extremo nacional, teu nome é Warshipper!

Faixas:

1. Barren Black
2. Axiom
3. Respect!
4. Rabbit Hole
5. Embryo
6. Numb (Pleasures of Possession)
7. Beneath the Burden
8. Licking the Wounds
9. Anagrams of Sorrow
10. Compulsive Trip
11. Knowing Just as I (Detachment)

Formação:

Renan Roveran (vocal/guitarra)

Rafael Oliveira (guitarra)

Rodolfo Nekathor (baixo/vocal)

Roger Costa (bateria).

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2 comentários em “Warshipper – Resenha de “Barren…” (2020)”

  1. Marcelo Lopes Vieira

    Fico muito feliz com o feedback.

    Mas quando o disco é de um nível tão alto como esse fica até fácil resenhar!

    Parabéns pelo trabalho!

    Marcelo.

  2. Sabe aquela sensação de reconhecimento real por algo pelo qual nos dedicamos muito?
    Pois bem… É o que sentimos lendo um trabalho de resenha como este.
    Muito obrigado pelas palavras.
    Inspirador!
    Roveran

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