Pantera – “Reinventing the Steel” (2000) | Você Devia Ouvir Isto

 

“Reinventing The Steel”, último álbum do PANTERA, é nossa indicação de hoje da seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

Definição em um poucas palavras: pesado, guitarra, agressivo, groove, despedida.

Estilo do Artista: Groove Metal

Pantera - Reinventing the Steel (2000, Elektra Records)

Comentário Geral:  O Pantera que chegou a “Reinventing The Steel” já não era a mesma banda que gravou o clássico “Cowboys From Hell”, uma década antes.

Nesse ponto da carreira, o quarteto liderado pelos irmãos Dimebag Darrell e Vinnie Paul, e completado por Rex Brown e Phil Anselmo, já tinha na bagagem o título de um ds sobreviventes e definidores do metal noventista. 

Desde a entrada de Phil Anselmo em 1986, o Pantera enfrentou uma mudança de sonoridade ao longo de cada um de seus discos, com destaque a “Vulgar Display of Power” (1992), o trabalho que mudaria a banda de patamar no cenário.

As características impressas à partir de “Cowboys From Hell”, como a queda por grooves contagiantes, os riffs provocativos e a bateria mastodôntica, foram amplificadas e a brutalidade melhor definida desde as capas.

A partir desse momento, o Pantera se rendeu de vez ao thrash metal e não esboçava nenhum traço da era hard/glam dos primeiros anos de carreira.

Tanto que álbuns como “Metal Magic” (1983), “Projects in the Jungle” (1984) e “I Am the Night” (1985) – todos registrados com o vocalista Terry Glaze – passaram a ser renegados pela banda.

Até mesmo “Power Metal” (1988), primeiro trabalho com Phil Anselmo, era ignorado pelo quarteto.

A fórmula de “Cowboys From Hell” foi melhor definida e atualizada em “Vulgar Display of Power”, e então repetida no álbum seguinte, “Far Beyond Driven” (1994), e mais brutalizada em “The Great Southern Trendkill” (1996).

Para entender o que ouvimos em “Reinventing The Steel” precisamos olhar com mais foco para o que acontece nesse disco anterior.

“The Great Southern Trendkill” mostrou um Pantera impetuoso, extremo, histriônico, despojado e bipolar, tanto que dividiu seus fãs.

Os vocais em algumas faixas beiravam as formas rasgadas do black/death metal, o instrumental oscilava entre a cadencia cheia de tensão e a virulência fruto do atrito de peso e velocidade.

Quatro anos depois o Pantera surgia com “Reinventing The Steel” deixando a impressão de que queriam organizar a loucura do álbum anterior.

Algo marcado já na faixa brutal de abertura “Hellbound”, na dissonante “You’ve Got To Belong to It” (com linhas precisas e endiabradas de Dimebag Darrell) e na crua “Uplift”.

Com isso compuseram seu disco mais maduro e esmerado da carreira!

O que não significa que seja o melhor, de fato.

O título já trazia a mensagem clara da pureza quase artesanal que o quarteto texano queria forjar seu heavy metal, dialogando com o clássico “British Steel” (1980).

Nesse sentido, o despojamento do iracundo “The Great Southern Trendkill” foi retrabalhado, sem perder a intensidade e a energia, mas trazendo melodias e passagens mais trabalhadas.

Isso pode ser conferido em faixas de destaque como “Revolution Is My Name” (com linhas inspiradas de guitarra, tanto em riff quanto em solo, e bateria empolgante), “Death Rattle” (a mais agressiva do disco, resvalando no thrash/death metal) e “We’ll Grind That Axe For a Long Time” (com peso, tensão e adrenalina em constante atrito), que mesmo com todo o peso cavalar soam renovadas pelos arranjos melhor trabalhados.

E mesmo com toda essa atenção aos detalhes, o disco não perde em emoção.

A herança do metal clássico, de nomes como Black Sabbath, Saxon, Judas Priest e outros representantes menos lembrados da NWOBHM, está presente por aqui, mas relido pela personalidade do Pantera.

Isso tudo nos dá uma impressão de ouvir uma mistura de “Cowboys From Hell” com “The Great Southern Trendkill” (como na pesada e insinuante “Goddam Electric”), pois investiram em bons refrãos e riffs com ganchos melódicos de impacto, sendo que o único porém talvez resida na produção, que está um tanto saturada.

Entretanto, nem isso compromete esse disco excelente e que deveria ser mais comentado na discografia do Pantera.

Com esse álbum o Pantera sairia de cena em alta, com um de seus grandes trabalhos, fato confirmado também por músicas como “Yesterday Don’t Mean Shit” (um groove metal de manual), “I’ll Cast A Shadow” (outro groove metal de manual) e a grudenta “It Makes Them Disappear” (uma das melhores músicas da banda pra mim), além dos três destaques citados anteriormente.

Devemos resgatar esse ótimo disco do Pantera!

Ano: 2000

Top 3: “Revolution Is My Name”“Death Rattle” e It Makes Them Disappear”.

Formação: Dimebag Darrell (guitarra), Vinnie Paul (bateria), Rex Brown (baixo) e Phil Anselmo (vocais).

Disco Pai: Judas Priest – “British Steel” (1980)

Disco Irmão: Slayer – “God Hates Us All” (2001)

Disco Filho: Damageplan – “New Found Power” (2004)

Curiosidades: “Goddamn Electric” merece mais destaque ainda devido ao solo de Kerry King, do Slayer. Aliás, esse solo foi gravado num único take, num banheiro do backstage de uma casa de casa de shows onde o Slayer tocava.

Pra quem gosta de: Air guitar, luta livre, cerveja e clássicos do heavy metal.

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