Eternal Sorrow – “The Way of Regret” (1998) | Você Devia Ouvir Isto

 

“The Way of Regret”, clássico primeiro disco da banda ETERNAL SORROW é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

Definição em um poucas palavras: Pesado, sombrio, funesto, climático, melancólico, profundo.

Estilo do Artista: Doom/Death Metal

Eternal Sorrow - The Way of Regret (1998, 2020, Mindscrape Music)

Comentário Geral:  Lançado no final dos anos noventa, “The Way of Regret”, primeiro álbum da banda curitibana Eternal Sorrow, é considerado um dos pilares do doom/death metal.

A banda nasceu em 1994 já direcionada a construir sua musicalidade dentro deste segmento do heavy metal que não tinha muitos adeptos por aqui.

O baixista e vocalista Mauricio Pampuch relembrou esse começo complicado:

“No começo, a aceitação foi difícil. Muitos até brincaram com o nome chamando a gente de ‘eternal sono’ (risos). Porém, logo surgiram os fãs e ganhamos um bom público”

Junto ao Silent Cry, de Minas Gerais, e o Pentacrostic, de São Paulo, o Eternal Sorrow praticamente desbravou o terreno no metal nacional para se impor com uma abordagem que crescia exponencialmente na Europa.

O trabalho árduo levaria-os a conseguir absorver um pouco dessa explosão da cena doom/death metal fora do Brasil, pois a consistência das músicas colocou-os também como destaque na cena internacional.

O passo inicial da carreira foi “The Sadness’ Elevation”, demo tape lançada em 1995 e ainda com Ana nos teclados, que sairia em 1996, deixando os teclados para o vocalista Julio.

Nesse material já estava clara a destreza do Eternal Sorrow em amalgamar influências clássicas  do death/doom de um forma muito própria, além de chamar a atenção pela produção excelente para uma fita demo dos anos noventa.

Porém, o mundo naquela época era bem diferente da globalização de informação que temos hoje, e eram poucos que tinham condições de enxergar essas influências.

Afinal, bandas como Katatonia, Anathema, Paradise Lost e My Dying Bride estavam começando a chegar ao Brasil em meados da década de 1990.

Até por isso, em território nacional, o Eternal Sorrow carregava consigo um pouco do poder do ineditismo.

Mesmo assim, o grande trunfo da banda paranaense residia na criatividade, algo ainda mais explícito no primeiro disco, “The Way of Regret”.

“Esse foi o nosso primeiro álbum, então, também estávamos nos conhecendo musicalmente. Acho que conseguimos fazer um grande trabalho e conquistar o nosso espaço”, relembrou Mauricio Pampuch.

O que se escutava nas dez composições de “The Way of Regret” era o puro doom/death metal arrastado, depressivo, profundo e pesado, sem ceder à moda das vocalistas femininas que já eram febre na época do lançamento.

Mesmo assim, é possível ouvir algo dos primeiros trabalhos do The Gathering e alguns climas mais dramáticos e algo na produção que remetem aos primeiros discos do Theatre of Tragedy.

Inclusive os teclados, se ouvidos com atenção e isolados mentalmente podemos ouvir algo do darkwave do Dead Can Dance e do Autumn Tears, principalmente em faixas com arranjos mais climáticos, como é o caso do interlúdio “Memories” e da belíssima introdução de “The Twilight of Life” (dona do melhor solo de guitarra do disco), destaque do repertório ao lado de “Lonely Sufferance” (com suas guitarras quase hipnóticas).

Essa mistura também fica evidente já nos primeiros andamentos de “Eternal Sorrow”, que utiliza muito bem os teclados para dar profundidade ao arranjos sorumbáticos e carregados de peso do doom/death metal.

As influências de nomes como Katatonia e My Dying Bride são as mais flagrantes, mas usadas apenas como pontos de partida para construir sua personalidade própria (como em “Dreams of Reality”, um doom/death de manual), sustentadas por uma seção rítmica precisa e marcadas pelos guturais funestos de Julio.

Em alguns movimentos o ritmo é tão lento que está na rotação mínima necessária para executar as dobras melódicas (eu achei que iam parar de tocar no início da mórbida “Funeral Waltz” – atenção à interpretação de Julio nessa música) e os solos sempre melancólicos e depressivos.

A crueza das timbragens dá uma cara ainda mais pura, sombria e mórbida ao Eternal Sorrow que não se furta de pisar com mais firmeza no death metal, como na ótima “Final State of Depresion” e na dinâmica “Shadow of a Sorcerer”.

Após “The Way of Regret”, o Eternal Sorrow lançou mais dois álbuns de estúdio, “Legacy” (2003) e “The House” (2015), ambos mantendo suas raízes no doom metal puro e arrastado.

Se você é adepto do doom/death metal noventista, cheio de climas e referências extremas, vá atrás de “The Way of Regret”, pois, de fato, ele já é um clássico do metal nacional.

Ano: 1998

Top 3: “Dreams of Reality”, “Funeral Waltz” e “The Twilight of Life”

Formação: Julio (vocais e teclados), Adriano (bateria), Maurício (baixo e backing vocals), Anderson (guitarra) e Gustavo (guitarra)

Disco Pai: My Dying Bride – “Turn Loose the Swans” (1993)

Disco Irmão: Silent Cry – “Remembrance” (1999)

Disco Filho: My Threnody – “An Angel and the Eternal Silence” (2002)

Curiosidades: O selo curitibano Mindscrape Music relançou esse disco com arte refeita, músicas remasterizadas e como bônus a demo tape “The Sadness Elevation” de 1994. Uma luxuosa edição em slipcase que ainda vem acompanhada de um pôster com uma magem inédita. Algumas edições limitadíssimas vieram com um box de madeira.

Pra quem gosta de: Melodias arrastadas, escuridão, literatura gótica e vinho tinto.

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