Tiamat: “Wildhoney” (1994) | Você Devia Ouvir Isto

 

Dia Indicado Pra Ouvir: Quinta-Feira

Hora do dia indicada para ouvir: Oito da Noite

Definição em um poucas palavras: Gótico, sombrio, guitarra, climático.

Estilo do Artista: Gothic/Doom Metal

TIAMAT Wildhoney
TIAMAT – “Wildhoney” (1994 | 2019 relançamento Cold Art Industry, Rising Records)

Comentário Geral:  “Wildhoney” já era o quarto disco do Tiamat, mas pode ser encarado como um renascimento musical da banda sueca.

Aquela banda obscura, satânica e aprendiz de Slayer, Venom e Hellhammer, dos tempos de “Summerian Cry” (1990) havia amadurecido e pouco (ou quase nada) se reconhecia das suas raízes musicais fincadas nos tempos de quando ainda se chamava Treblinka.

Mesmo o blend de death metal black metal de “The Astral Sleep”“Clouds”, com a inserção de teclados e algo mais experimental no instrumental, parecia envelhecido e inocente frente ao que podíamos ouvir nas dez composições que completavam “Wildhoney”. 

Produzido por Waldemar Sorychta, que também é o responsável pelos teclados do álbum, “Wildhoney” era a ruptura definitiva do Tiamat com sua gênese mais extrema, tanto em música quanto em temática.

Agora os aspectos góticos se entrelaçavam à psicodelia ocultista e aos aspectos experimentais e progressivos, numa clara tentativa de emular a sonoridade do Pink Floyd através do prisma de sua própria personalidade musical.

O resultado é um dos melhores e mais fundamentais álbuns daquilo que chamaríamos de gothic metal, variando entre o peso sorumbático e a ambientação contemplativa, algo já entregue na faixa “Whatever That Hurts”, que segue após a curta introdução que carrega a título do álbum.

Aliás, “Whatever That Hurts” junto a “Gaia” (com seus teclados proeminentes e uma cadência melancólica envolvente) são os dois grandes clássicos do repertório, as duas melhores representantes do perfil musical que o Tiamat começava a traçar.

Foi justamente à partir deste “Wildhoney” que a banda ficaria conhecida pela sonoridade depressiva e suave, por músicas diferentes e criativas, capazes de imprimir no ouvinte sentimentos diversos, muito pela coragem de explorar elementos alheios ao metal extremo de sua época.

Quase como uma evolução do rock gótico oitentista, reforçaram  a assinatura melancólica das guitarras, controlaram a dinâmica pelo padrão do doom metal, e diminuíram os vocais guturais, abrindo mais espaço para as linhas emocionais.

Sem tecnicismos, a musicalidade é simples, mas voltada a explorar todas as cores do espectro emocional, desde as sombras remanescentes do seu passado death metal até o onirismo parcialmente iluminado pelas novas influências através do uso constante de teclados nas ambientações e climas.

Claramente vemos uma banda se arriscando, explorando texturas, sentimentos e abordagens, com apelo goticamente psicodélico (como explícito em “Planets”) e diferente de tudo o que já tinham feito ou fariam (como em “Do You Dream of Me”).

Outras composições que se destacam nessa fórmula musical são “The AR” (muita atenção ao belos experimentalismos dessa música), “Visionaire” (um exemplo basilar do que é doom/gothic metal)  e a progressiva “A Pocket Size Sun” (onde as influências de Pink Floyd são mais claras),  faixas que mostravam todo o potencial do Tiamat em reinventar sua musicalidade.

Obviamente uma pergunta salta à nossa mente: como uma banda que se inspirava em Slayer, Venom, e Celtic Frost passou a exibir traços de Sisters of Mercy, Pink Floyd, Dead Can Dance, Fields of the Nephilim e até The Cure (acredite, muito da ambientação de “Wildhoney” foi claramente influenciada por “Disintegration” [1989] – ouça “Do You Dream of Me” novamente)?

O próprio Johan Edlund respondeu a essa questão em uma entrevista nos anos 1990:

“Nós tivemos uma grande discussão entre os membros da banda e quase terminamos a banda antes de ‘Wildhoney’; éramos cinco caras, e eu o baixista decidimos continuar.

“Assim, nós dois decidimos fazer algo mais próximo do que realmente estávamos ouvindo naquela época – Pink Floyd e algumas bandas dos anos 1970 como King Crimson. 

“O problema é que não tínhamos experiência o bastante, ou talento o bastante, para recriar a sonoridade do Pink Floyd… Então começamos a fazer algo interessante, eu acho, porque éramos uma banda de death metal que queria soar como o Pink Floyd, nós não conseguimos chegar a isso, mas paramos em algum lugar no meio.” 

De fato, após o álbum “Clouds” (1992) a banda passou por mudanças drásticas em sua formação, donde restaram apenas o vocalista e o baixista Johnny Hagel.

Porém as mudanças foram drásticas também na sonoridade, fazendo o Tiamat sair do mar de nomes do death metal sueco para se tornar um nome relevante dentro da música gótica mundial.

Afinal, “Wildhoney” é um daqueles álbuns que se tornaram pontos de bifurcação na história do heavy metal, aqueles que mesmo não originando algo novo dão um caminho alternativo a ser seguido.

Aproveite que a Cold Art Industry acaba de relançar esse clássico do Tiamat em uma edição de luxo, com direito a slipcase e ao EP “Gaia” como bônus, e confira essa obra-prima do metal noventista.

Afinal VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!

E se já o ouviu sabe que VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO, de novo!

Ano: 1994

Top 3: “A Pocket Size Sun”, Gaia” e “Whatever That Hurts”

Formação:  Johan Edlund (vocais e guitarra), Johnny Hagel (baixo), Lars Sköld (bateria), Magnus Sahlgren (guitarra), Waldemar Sorychta (teclados).

Disco Pai: Fields of the Nephilim – “The Nephilim” (1988)

Disco Irmão: Paradise Lost“Draconian Times  (1995)

Disco Filho: Lucyfire – “This Dollar Saved My Life at Whitehorse” (2001)

Curiosidades: A título da faixa “The AR” refere-se ao pentagrama original na tradição suméria. O pentagrama é um símbolo que apareceu pela primeira vez entre os Sumérios de 3000 a.C., com um significado astrológico. Saiba mais aqui.

Pra quem gosta de: Reinventar-se, literatura gótica, astrologia, e vinho tinto.

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