Venomous – “Defiant” (2018) | Resenha

 

Em seu primeiro disco, “Defiant”, a banda Venomous apresentou uma preocupação em ir além da violência musical do death metal instigante, bem dinamizado por elementos melódicos do metal mais tradicional, mesclando a rusticidade com um certo refinamento.

Algo que já vimos bem desenhado pela escola sueca do death metal melódico, em bandas como Desultory e nos melhores dias de Arch Enemy, Dark Tranquility, In Flames.

Venomous - Defiant (2018, Independente) Resenha Review

A banda foi formada na capital paulista pelo quinteto Alexandre Bonal (baixo), Lucas Prado (bateria), Ivan Landgraf e Gui Calegari (guitarras) e Thiago Pereira (vocal), em 2012, e já no primeiro disco imprimiam a personalidade forte que seria renovada no vindouro segundo disco, “The Black Embrace” (que resenhamos aqui).

Ao transitar por múltiplos estilos dentro do espectro da música pesada, eles tiraram qualquer aspecto anacrônico de sua musicalidade, como mostra a variação de timbres, peso, melodia e texturas de “A New Beginning”, a faixa de abertura.

Existem detalhes progressivos nos arranjos que dão um toque sofisticado à ofensiva sonora também pela variação de andamentos envolventes, pelos riffs secos e o bom equilíbrio na inserção dos grooves.

Isso pode ser conferido em faixas como “Trinity” e “Cycle’s End” (com toques jazzísticos) de formas diferentes.

Não obstante, ainda oxigenaram a proposta com regionalismos nacionais usados de uma forma muito particular, fugindo da estética explorada por Angra ou Sepultura em seus discos clássicos.

“Green Hell”, por exemplo, traz esses elementos muito bem marcados, enquanto falam sobre a violenta colonização portuguesa no Brasil, em busca das riquezas e do controle político desta pedaço do Novo Mundo.

Outros destaques vão para as faixas “Within The Silence” “I Pray as I Prey”, mas por motivos diferentes. A primeira pela agressividade melódica e a segunda pela cadência pesada e os riffs instigantes.

Esta variação dá uma dinâmica saudável ao álbum, mas não imuniza as faixas de soarem menores com o passar do tempo, arrefecendo a empolgação inicial do ouvinte, algo que já ajustariam no próximo trabalho.

No geral são oito composições muito bem produzidas, com os instrumentos desenhados de forma que podemos perceber cada curva do caminho melódico que promovem.

O que mais chama a atenção neste álbum é forma como trabalham os elementos melódicos dentro das canção, deixando de lado o febril escorregador de escalas nas guitarras, para investir em melodias melancólicas e obscuras, que são enriquecidas pela técnica dos músicos.

Cabe ainda mencionar que o trabalho de vozes é excelente, conseguindo a proeza de soar brutal e melancólico, simultaneamente, enquanto investe em diferentes abordagens para as linhas vocais.

Sem dúvidas, “Defiant” foi um excelente cartão de visitas da musicalidade diferenciada do Venomous e que preparou o terreno para a maestria que ouviríamos em “The Black Embrace”, onde só deram polimento e foco à proposta deste primeiro trabalho.

Leia Mais:

Dica de Livros Sobre o Tema:

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *