Dark Tranquillity – Resenha de “Moment” (2020)

 

A banda Dark Tranquilitty chega a seu décimo segundo álbum de estúdio, “Moment”, quatro anos após o bem sucedido “Atoma”.

“Moment” já chama a atenção pela formação, pois o Dark Tranquillity trouxe para o time dois guitarristas geniais: Christopher Amott (ex-Arch Enemy) e Johan Reinholdz.

Só esse fato já nos deixa curiosos pelo que ouviremos nas doze faixas que completam “Moment”, afinal, esses dois músicos somados a Anders Jivarp (bateria), Mikael Stanne (vocais), Martin Brändström (teclados) e Anders Iwers (baixo), tem potencial para explorar as fronteiras criativas e técnicas do Dark Tranqullity de uma foram inédita.

Dark Tranquillity - Moment (2020, Nuclear Music, Ominia Records, Century Media) review resenha
Dark Tranquillity – “Moment” (2020, Nuclear Music, Ominia Records, Century Media)

“Moment” foi gravado no Nacksving Studios and Rogue Music por Martin Brändström, e mixado/masterizado pelo renomado Jens Bogren no Fascination Street Studios.

Já na primeira audição fica claro que ambos os guitarristas se encaixaram perfeitamente na fórmula da banda, ao mesmo tempo que imprimem sua marca por onde passam, dando mais sofisticação às composições.

Quiçá, “Moment” é o trabalho com os melhores solos de guitarra da banda.

Claro que esse entrosamento surge pelos três anos em que estiveram em turnê junto com a banda, o que abre a possibilidade do Dark Tranquillity ainda soar honesto à sua sonoridade, ao mesmo tempo que se mostra aberto a explorar e experimentar dentro dessa abordagem.

De várias maneiras “Moment” é uma continuação de “Atoma”, seja no título minimalista, na estética da capa, ou mesmo na sonoridade das músicas que buscam avançar das raízes de sua identidade para um nova direção artística.

Porém, no âmbito musical, é fato que existe um amadurecimento daquela proposta de “Atoma”, numa direção mais pesada, sombria e refinada, oferecendo ainda mais interseções com a profundidade doom/gothic metal herdada da fase noventista de bandas como Paradise Lost e Anathema.

Até por isso, as músicas carregam um requinte dramático e melancólico que vai crescendo com o passar das composições.

Se o peso angustiado dos antigos tempos ficou no passado, em obras magistrais como “The Gallery” (1995) e “Character” (2005), ouso dizer que, até por essa premissa doom que tange a atmosfera de “Moment”, existe algo aqui remetendo ao brilhante disco “Projector” (1999).

Nesse sentido, a marca do Dark Tranquillity está presente (em faixas como “Failstate”), permeada por solos mais técnicos e afiados, construída por harmonias mais dinâmicas entre peso e clima, impressa por uma forma mais polida e ambientada por teclados bem encaixados (como em “Empires Lost to Time”).

Destaques? Temos vários.

“Transient” brilha pelo groove do refrão marcante e pelo solo cheio de feeling, enquanto “The Dark Unbroken”, com aspectos mais melancólicos e vocais limpos, se destaca por criar um contraste climático cativante.

Aliás, o contraste entre vocais limpos e agressivos com melancolia esfumaçada pela estética gótica se farão presentes em “Remain the Unknown” “Standstill”, outros dois pontos positivos.

No geral, todas as composições estão niveladas por cima e seria injusto não citar “Ego Deception” (mais voltada ao death metal melódico), “Eyes of the World” (acredite, as melodias sombrias dão cara de hit gótico a essa música) e, principalmente, o desfecho com “In Truth Divided” (cujo clima denso, moderno e requintado me lembrou dos temas épicos do The Mission).

O único ponto negativo por aqui são as letras que já parecem desgastadas e até recicladas pela repetição dos temas, perdendo espontaneidade e verdade.

“Moment” teve uma edição nacional digna de seu tamanho, com direito a slipcase, encarte completo e fino acabamento por parte da parceria entre Nuclear Music e a Omnia Records, num material de nível dos importados.

Aos meus ouvidos, Mikael Stanne e Anders Jivarp, os únicos remanescentes da formação original, conseguiram, junto aos excelentes músicos que escolheram, entregar o melhor disco da banda desde “Fiction” (2007).

FAIXAS:

1. Phantom Days
2. Transient
3. Identical to None
4. The Dark Unbroken
5. Remain in the Unknown
6. Standstill
7. Ego Deception
8. A Drawn Out Exit
9. Eyes of the World
10. Failstate

FORMAÇÃO:

Anders Jivarp (bateria)
Mikael Stanne (vocais)
Martin Brändström (teclados, programação e efeitos)
Anders Iwers (baixo)
Johan Reinholdz (guitarra)
Christopher Amott (guitarra)

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