Tiamat – “The Scarred People” (2012) | Você Devia Ouvir Isto

 

“The Scarred People”, décimo disco de estúdio da banda TIAMAT, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

Definição em um poucas palavras: gótico, guitarra, sombrio, pesado, urbano.

Estilo do Artista: gothic/metal rock

 

Tiamat - The Scarred People (2012, Napalm Rec, 2019, Hellion Records Brazil)

Comentário Geral:  O Tiamat possui uma discografia que se destaca tanto pela qualidade quanto pela variedade.

Da fase mais crua e extrema de “The Astral Sleep” (1991) e “Clouds” (1992), passando pela reconstrução gótica do clássico “Wildhoney” (1994) até discos mais experimentais como “A Deeper Kind of Slumber” (1997) e “Skeleton Skeletron” (1999), o líder Johan Edlund sempre mostrou uma alta capacidade de se reinventar.

Mesmo com todas as múltiplas facetas musicais, o Tiamat sempre teve uma identidade, um som próprio, com influencias óbvias, mas passando-as de forma mais original possível.

Tanto que podemos identificar o Tiamat pelos primeiros movimentos de suas composições tamanha a representatividade para o rock/metal gótico que eles possuem.

Os discos seguintes ao citados, “Judas Christ” (2002) e “Prey” (2003), mostraram uma banda cada vez mais amainando o peso e o experimentalismo da sua sonoridade, de uma forma madura e inspirada pelo gothic rock oitentista.

Esses discos ajudaram a renovar aquela estética oitentista para o novo milênio, renovação essa que culminou em “The Scarred People” (2012), o (até hoje) último disco da banda.

O Tiamat chegou a esboçar uma volta dos elementos de black metal de seus primórdios em “Amanethes” (2008), um disco mais agressivo e provocativo, mas isso foi algo isolado.

Hoje, quero jogar luz sobre “The Scarred People”, disco que foi relançado recentemente no Brasil via Hellion Records.

Esse é um disco que precisa de algumas audições para ser captado em toda a sua mensagem, principalmente por ele misturar as abordagens dos discos anteriores.

Existem passagens que lembram um pouco de “A Deeper Kind of Slumber” e outras ideias até poderiam ter sido tiradas de “Amanethes”, todas impressas com a marca gothic rock que eles criaram ao longo da carreira.

O velho objetivo de entrelaçar os aspectos góticos à psicodelia ocultista e aos aspectos experimentais e progressivos, que existia em “Wildhoney”, numa clara tentativa de emular a sonoridade do Pink Floyd através do prisma de sua própria personalidade musical metálica parece que foi renovado nestas músicas.

“Tiznit”, por exemplo, é uma peça instrumental com sons da natureza e timbres acústicos que nos remetem à abertura de “Wildhoney”, assim como o peso dramático e infernal de “384”, o clima profundo de “The Sun Also Rises” e o apelo oitentista de “Thunder & Lightning”.

Além das camadas de teclados, um fator que contribui bastante para essa impressão é a abordagem do guitarrista Roger Öjersson (um exemplo reside em “Before Another Wilbury Dies”), que diversas vezes lembra o que Magnus Sahlgren fez naquele clássico disco de 1994.

Além disso, fica claro que o Tiamat já criou um lastro que permite que ele próprio seja a maior influência de sua música (ouça a espetacular “Radiant Star”).

Afinal as músicas de “The Scarred People” não possuem característica específica definida, cada uma seguindo seu próprio caminho dentro de espectro musical que a banda criou nas décadas de existência.

Nesse sentido, podemos experimentar uma pluralidade de abordagens em faixas como “Messinian Letter” (com um senso bluesy e tempero country que dão uma dinâmica provocativa à musicalidade do Tiamat), “The Scarred People” (um gothic rock épico, climático e adornado por spoken words), “Winter Dawn” (com um forte apelo hard rock) e “Love Terrorists” (renovando as influências de Pink Floyd).

O jogo de luz e sombra dos arranjos é constante em meio ao contraste de climas e atmosferas, criando um atrito instigante de emoções, indo da euforia à depressão sem escalas.

Esse atrito de contrastes é advindo da espontaneidade criativa que se tornou uma marca do Tiamat, como afirma o próprio Edlund em entrevista da época do lançamento:

“Os contrastes sempre foram importantes em nossos álbuns. Isso vem naturalmente para nós, porque deixamos acontecer. A gente nem fala sobre isso, assim. Agora precisamos de uma parte rápida, etc. Contanto que tenhamos a mente aberta para seguir onde a música nos leva, ela simplesmente vai fluir.”

Se este for realmente o último disco do Tiamat, então será um desfecho justo para a obra de uma das bandas mais interessantes de seu gênero.

Sem dúvidas, VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!

Ano: 2012

Top 3:  “Love Terrorists”, “Radiant Star” e “Thunder & Lightning”.

Formação: Johan Edlund (vocal, guitarra e teclado), Anders Iwers (baixo), Roger Öjersson (guitarra, teclados, Mandolin) e Lars Sköld (bateria).

Disco Pai:  Lucyfire- “This Dollar Saved My Life at Whitehorse” (2001)

Disco Irmão: Samael – “Lux Mundi” (2011)

Disco Filho: Avatarium – “The Girl with the Raven Mask” (2015)

Curiosidades: O Tiamat se destacou no fim dos anos 1990 com um cover interessante para “Sympathy of the Devil”, do Rolling Stones.

A edição nacional lançada em 2019 pela Hellion Records mantém essa característica e traz três covers interessantes como bonus, além de duas faixas ao vivo.

“Thunder & Lightning” é um cover do LucyFire, outra banda de Johan Edlund, assim como “Paradise” é uma música de Bruce Springsteen e “Born to Die” foi gravada anteriormente pela artista pop Lana Del Rey.

Pra quem gosta de: Cultura gótica, climas sombrios, ocultismo e vinho tinto.

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