Timo Tolkki’s Avalon – Resenha de “Return to Eden” (2019)

 

“Return to Eden” é o terceiro capítulo da metal opera “Avalon”, um projeto do músico finlandês Timo Tolki.

Tão genial quanto excêntrico, Tolki foi guitarrista de uma das principais bandas do heavy metal nos anos 1990, o Stratovarius, que em dado momento acreditávamos se tornaria a próxima superbanda do gênero.

O guitarrista era o mentor intelectual da banda que, em 1999, era certamente, uma das três maiores do estilo e via seu momento mais saturado e popular, não sendo exagero dizer que figurava nas capas das principais revistas especializadas mês sim, mês não!

Eles já tinham penetrado até nos programadas da MTv.

Mas as coisas começaram a desandar na década seguinte e o próprio Tolkki anunciou o fim do Stratovarius em 2008 (que voltaria sem o guitarrista ainda naquele ano), abrindo espaço para projetos que não iam para frente como o Revolution Renaissance e o Symfonia (ao lado do vocalista André Matos), muito pelos problemas pessoais do guitarrista.

Timo Tolkki's Avalon - Returno to Eden (2019, Frontiers Music srl, Shinigami Records)

Essa introdução se faz importante porque o desejo de Timo Tolkki com o Avalon é justamente recriar a musicalidade da era de ouro do Stratovarius através da estética da metal opera.

Ou seja, unir  a ousadia e a inventividade do Heavy Metal fundidas ao classicismo, virtuose e grandiosidade da música clássica, usando a emoção e a técnica apurada como catalisadores.

Com esse objetivo em mente e lutando contra os próprios demônios, Timo Tolkki compôs “Return To Eden”, o último capítulo da trilogia Avalon, ao longo de cinco anos, tendo a seu lado Aldo Lonobile, guitarrista da banda italiana de Power/Prog Metal Secret Sphere.

Aliás, Aldo Lonobile parece ter se tornado um especialista da gravadora italiana Frontiers, pois também esteve ao lado de Zak Stevens no Archon Angel, que por sua vez revivia a sonoridade do Savatage.

Zak Stevens que inclusive participa como convidado em “Return to Eden”. Outros nomes que também aparecem na metal opera são Anneke Van Giersbergen (ex THE GATHERING), Todd Michael Hall (RIOT V), Mariangela Demurtas (TRISTANIA, ARDOURS) e Eduard Hovinga (ex ELEGY).

De fato a parceria de Tolkki com Lonobile foi mais feliz no projeto em que empreenderam do que no disco anterior, pois temos arranjos bem desenhados, orquestrações interessantes e trabalho de vozes grandioso nessas doze composições.

Tudo baseado nos parâmetros noventistas do power/speed metal, oscilando entre andamentos progressivos e épicos, com generosas doses de elementos sinfônicos.

Ao menos na tentativa a proposta é boa, pois a falta de criatividade e energia de Tolkki impedem uma comparação com os clássicos do passado.

O maior sintoma disso reside nos seus solos que parecem impressões apagadas do passado.

O que não dá pra tirar o méritos de faixas como “Promises” e “Now and Forever”,  ambas com os vocais de Todd Michael Hall e construídas com todos os clichês do metal melódico noventista a algumas pitadas bem vidas de hard rock.

A oscilação entre momentos genéricos outros mais interessantes é constante pelo repertório, e na maioria dos bons momentos eles são motivados pela química com o vocalista que a interpreta.

Na faixas com Zak Stevens por exemplo, tudo funciona muito bem, principalmente na faixa-título, também com Todd Michael Hall e Mariangela Demurtas (que deixará sua marca positiva também em “Godsend”), com sua cadencia de metal tradicional e o clima de metal opera bem marcado.

“Hear My Call” e “We Are the Ones” (atenção aqui para a observação que fiz aos solos), na voz de Anneke Van Giersbergen, são outros exemplos de bons momentos do disco, trazendo algo da era de ouro do symphonic metal. Sua voz abrilhanta  tudo o que é encaixada, é impressionante!

No mais é aquela chuva de melodias rápidas ou andamentos dramáticos, mas sempre com certa virtuose épica, vocais em tons altos e esbarrões no metal progressivo, num resultado final assombrado pelo fantasma do saudosismo.

Cabe mencionar que as outras faixas com a voz de Zak Stevens, chegaram a me lembrar vagamente algo do Circle II Circle, mas sem o brilho de seus grandes momentos.

Pode não ser a grande retomada de Timo Tolkki, mas pra mim é melhor que qualquer coisa que o Stratovarius lançou sem ele.

Faixas:

1. Enlighten
2. Promises
3. Return To Eden
4. Hear My Call
5. Now And Forever
6. Miles Away
7. Limits
8. We Are The Ones
9. Godsend
10.Give Me Hope
11.Wasted Dreams
12.Guiding Star

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