Scrupulous – “Ostia And Genocide” (2021) | Resenha

 

“Ostia And Genocide” é o primeiro álbum da banda brasileira de Death/Thrash Metal Scrupulous, lançado em 2021 pelo selo Heavy Metal Rock. E apesar de “Ostia And Genocide”, chegar apenas em 2021 a banda já tem uma trajetória de quase três décadas.

Ainda nos anos 1990, eles lançaram duas demo-tapes intituladas “Souls in Agony” (1992) e “Shadows of Pain” (1993), além de uma promo tape chamada “The Abyss” (1994) que os levou a serem incluídos na coletânea “Death Or Glory 2″  (1996).

Scrupulous - Ostia And Genocide

O Scrupulous foi formado em Itabuna, no sul da Bahia, em 1992, bebendo direto da fonte dos clássicos que moldaram a personalidade do mais puro death metal, e até 1996, além daqueles lançamentos, a formação sempre liderada pelo vocalista Crispim Skullcrusher Jr. lutava pra consolidar seu nome no cenário baiano, ao lado das bandas Slavery, Zona Abissal, Headhunter D.C. e Mystifier.

No entanto, as dificuldades do underground levaram o Scrupulous a entrar num hiato que iria até 2019, somando vinte e três anos de silêncio rompidos com o brutal “Ostia and Genocide” de 2021.

Musicalmente, podemos perceber que as influências da banda permanecem as mesmas, inspirando sua estrutura de metal extremo em bandas como Death, Morbid Angel, Dismember e Bathory, mas também na musicalidade clássica de Iron Maiden e Black Sabbath.

Isso porque, além de se inspirar na escola old school do death metal, dinamizada pela melodia do thrash metal, o Scrupulous é uma banda que investe muito no clima e nos detalhes de sua música, buscados do metal clássico.

As dez músicas do repertório “Ostia and Genocide” foram compostas para este trabalho, o que reflete não apenas um atrito de peso e climas, velocidade e cadência, mas também entre o clássico e o moderno.

Quer dizer, com muita força e organicidade, “Ostia and Genocide” é um retrato da personalidade atual do Scrupulous, nada anacrônica.

Os riffs lembram a escola sueca do death metal, os andamentos remetem tanto ao Morbid Angel de “Blessed Are The Sick”, quanto aos primórdios do Sepultura e do Sarcófago. Os climas te levarão tanto ao frio nórdico dos discos do Bathory, quanto ao ambiente mórbido do Black Sabbath e os aspectos técnicos te farão lembrar tanto no Death da fase “Human” quanto de algo do Metallica da era “…And Justice For All”.

Isso tudo pode ser bem resumido em “Ius Divinium Sxhizo/Crown of Rubble”, que chega após uma introdução arrepiante e apresenta uma banda disposta a pensar fora da caixa, simplesmente por costurar aspectos old-school com inteligência. Em passagens dela o Scrupulous soa como um Frank Zappa do death metal.

Até por isso, o que mais impressiona é a forma com que fizeram a costura de todas estas referências, usando como catalisador a própria personalidade, a determinação em praticar bem o death metal sem invencionices ou tentativas modernosas, além de um trabalho em estúdio orgânico e bem definido.

“Ostia and Genocide”, “The Contestation Knock on your Door” e “Dark Womb” (uma aula de death/doom metal) chegam na sequência e são destaques de um repertório consistente, e mostrando como renovar o death metal old-school de formas diferentes e longe da parede sonora amorfa construída apenas com peso, distorção e velocidade.

Além destas, chamam a atenção “Souls Cut to Brunoise” (um death metal rápido e esporrento apesar da pontual virtuose na guitarra e alguns ritmos quebrados), “Rotten Primacy” (um death metal mais puro) e “Causing the Rascal To Fury” (com melodias do metal clássico, clima viking e linhas de baixo proeminentes em meio a pancadaria).

A banda que gravou o disco é formada por Crispim “Skullcrusher” Jr (vocais), Arthur “Azagthothinho” Mozart (guitarra, baixo), Fabiano “Hammerhand” Souza (bateria) e Leandro Kastiphas (teclados).

Inclusive, antes de finalizar esta resenha preciso comentar sobre o trabalho do guitarrista Arthur “Azagthothinho” Mozart. Todos na banda mostram performances destacáveis, mas o que Arthur faz em termos técnicos, de precisão, versatilidade e criatividade nas abordagens, riffs e solos há algum tempo eu não ouvia num disco de death metal (preste atenção ao que ele faz em “In the Crow’s Beak”)!

Um dos grandes discos de 2021 dentro do metal nacional!

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