Joel Hoekstra’s 13 – “Running Games” (2020) | Resenha

 

“Running Games” é o segundo álbum do Joel Hoekstra’s 13, projeto do guitarrista Joel Hoekstra (Whitesnake). O trabalho reúne nomes como Russell Allen, Vinny Appice e Derek Sherinian, entre outros, e foi lançado no Brasil pelo selo Hellion Records numa parceria com o selo italiano Frontiers Music Srl.

Joel Hoekstra é um artífice de solos instigantes e de riffs com ganchos melódicos encharcados de adrenalina que apresenta em “Running Games” uma faceta de artesão de canções, afinal, todos os seus discos solo anteriormente lançados tinham um viés instrumental.

Joel Hoekstra's 13 - Running Games (2020)

Para mostrar esta habilidade de criar boas músicas e não apenas se desdobrar em ataques técnicos neste segundo capítulo de seu projeto Joel Hoekstra’s 13, ele se cercou de músicos renomados.

Além do baterista Vinny Appice, do baixista Tony Franklin e do tecladista Derek Sherinian, agora, nos vocais, ele traz “apenas” o genial Russell Allen ao lado de Jeff Scott Sotto, que desta vez só fez backing vocals. Ambos que já haviam gravado o disco anterior, “Dying To Live” (2017).

Ou seja, o senso de banda acaba se tornando mais forte neste segundo trabalho, ainda mais quando Hoekstra escreveu as letras e compôs todo repertório, mas deixou os músicos com liberdade para trabalhar suas linhas e dar suas contribuições.

Dando continuidade ao que ouvimos em “Dying To Live”, “Running Games” é, também, um disco que cativa pela mescla bem feita e moderna de hard rock, AOR heavy metal, impressa por um brilhante trabalho em estúdio.

Claro que alguns momentos soam mais genéricos, mas a alta energia e a voracidade dentro da crueza de seu rock vívido, lascivo e flamejante, cujo brilhantismo vem da unidade como conjunto e não nas habilidades isoladas de seus integrantes.

Até por isso, não espere complexidade das músicas aqui presentes, mas um trabalho melódico esmerado, com boa dose de adrenalina, principalmente nos vocais, que, aliás, roubam a cena diversas vezes (como na pesadíssima “Cried Enough For You”, onde o vocalista encarna Ronnie James Dio), principalmente quando os backing vocals de Sotto se mesclam às linhas de Allen.

Nesse sentido, podemos perceber elementos oitentistas em meio aos timbres que remetem às bandas escandinavas de melodic rock da atualidade, chegando a esbarrar em elementos de power metal aqui e ali.

De cara, podemos destacar, além da já citada “Cried Enough For You”, “Finish Line” (com um “q” de Dio), “Hard to Say Goodbye”, “Heart Attack” (com abordagem groovada lembrando o Van Halen), “Fantasy” (mais pesada), “Reach The Sky” (com ganchos melódicos bem sacados) e “Running Games” (uma bela composição acústica) como as melhores faixas do trabalho e aquelas que melhor resumem estas observações.

Enaltecer o trabalho de Hoekstra nas linhas de guitarra é tão óbvio quanto necessário, pois o tratamento que ele dá ao instrumento é brilhante, inserindo várias camadas e detalhes que fazem a diferença.

Ele consegue imprimir força, técnica, requinte e dinâmica nas composições através de sua Les Paul que exala o classicismo e a estética old-school da guitarra do classic rock com uma sonoridade encorpada (como em “How Do You”, uma power ballad com bastante feeling).

Musicalmente, a referências e bandas clássicas como Dio, Foreigner, Rainbow, Toto e, obviamente, Whitesnake (como em passagens do hardão “I’m Gonna Lose It”), são perenes e muito bem-vindas, quase sempre guiadas pelos teclados, agora bem destacados, de Derek Sherinian.

Aliás, um dos aspectos mais legais de “Running Games” está no diálogo entre as guitarras de Hoeskstra e os teclados de Sherinian, principalmente nos solos intercalados. Claro que ainda temos a bateria classuda de Vinny Appice sustentando tudo isso.

No contexto geral, “Running Games” é um álbum vigoroso, melodioso e muito bem executado, dando exatamente o que se espera de Joel Hoekstra, sem reinvenções e futilidades musicais, mas com muita competência e produção impecável.

Mesmo assim, é nítido que “Running Games” soa menos pesado do que “Dying To Live” (2015), com orientação mais melódica no âmbito geral. Em suma, mais um disco de heavy/classic rock moderno feito por músicos gabaritados e que claramente estão se divertindo enquanto criam ótimas músicas.

Não deixe de conferir este ótimo trabalho!

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