Saturnus – “Veronika Decides to Die” (2006) | Você Devia Ouvir Isto

 

“Veronika Decides to Die”, terceiro disco da banda SATURNUS, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

Saturnus - Veronika Decides To Die (2006, 2018, Cold Art Industry)

Definição em um poucas palavras: Tristeza, Perda, Morte

Estilo do Artista: Melodic Doom/Death Metal

Comentário Geral: Com título remetendo a um dos livros menos celebrados de Paulo Coelho o Saturnus lançava seu terceiro disco em 2006, “Veronika Decides to Die”.

Fundado em 1993, o Saturnus se dedica a uma forma melódica de doom/death metal amparado por camas de teclados, se mostrando pesado, imersivo, épico e melancólico.

Retirando beleza da depressão eles usam inteligentemente o atrito entre vocais limpos com guturais, e rapidamente seus dois primeiros álbuns falaram alto para os admiradores das formas profundas e melancólicas do metal extremo.

“Paradise Belongs to You” (1997) e “Martyre” (2000) mostraram uma forma inteligente e requintada do doom/death metal, mas algum tempo depois do segundo disco ser lançado metade da formação foi alterada chegando ao time que gravou “Veronika Decides to Die”.

Sobre os problemas que geraram a saída dos músicos, o vocalista Thomas contou na época que:

“Na verdade, as coisas aconteceram antes do álbum ‘Martyre’ ser lançado. Acabamos de fazer um acordo com os antigos membros de que não diríamos nada à imprensa e ao público sobre a separação, porque todos na banda queriam lançar o álbum. Então, nós apenas mantivemos isso como um pequeno segredo até que fosse lançado e então anunciamos que três dos membros haviam deixado a banda, o motivo, eu não quero mais falar sobre isso …”

Página virada na biografia do Saturnus, o projeto do terceiro disco foi liderado  pelos fundadores remanescentes: o vocalista Thomas A.G. e o tecladista Anders, que são o núcleo essencial do Saturnus.

O longo período entre “Martyre” “Veronika Decides To Die” “foi usado para experimentar novos membros, tentar compor algumas novas músicas”, como disse o vocalista. Ele completava afirmando que o maior entrave foi encontrar o músicos certos, com “a mesma forma de pensar musicalmente e pessoalmente”.

“Quando a nova formação foi estabelecida, demorou cerca de um ano para escrever novas canções”, justificou Thomas sobre o tempo gasto para que “Veronika Decides To Die” fosse enfim lançado.

“Veronika Decides To Die” foi gravado no Sweet Silence Studios, novamente ao lado do produtor dinamarquês Flemming Rasmussen (ele já tinha produzido “Martyre”), mais conhecido pelos três álbuns que produziu ao lado do Metallica.

Ao contrário do que parece esse não é um disco conceitual. Algo confirmado por Thomas:

“Eu realmente amo álbuns conceituais, mas ‘Veronika Decides To Die’ não é um álbum conceitual. O título é retirado de um livro de Paulo Coelho e Peter acabou se inspirando no livro. O título foi ideia de Peter. As letras do álbum não foram escritas com base no livro, é apenas uma coincidência que as letras combinem com o livro. Se você ler o livro, conhecer as histórias, depois ler as letras do álbum, olhar a capa e ouvir a música, você terá uma visão totalmente nova do livro.”

Musicalmente, temos um disco mais sombrio e arrastado, com a fumaça gótica um pouco dissipada ao longo dos climas bem criados, além de dar espaço para a bateria executar suas viradas instigantes em meio à cadência depressiva das guitarras classudas, como o bom e velho doom/death metal noventista deve ser.

O mais engraçado é que essas músicas envelheceram bem e hoje soam menos anacrônicas do quando do seu lançamento em 2006.

É impossível não pensar nos primeiros discos do Anathema ou nos momentos mais trabalhados e pesados dos primórdios do My Dying Bride enquanto essas oito músicas se desenrolam.

Mas também existem elementos que vão agradar quem gosta das texturas usadas pelo Draconian e até mesmo aquelas melodias ligadas às formas limpas do epic doom metal do Candlemass, em diversas passagens.

Dentre as músicas profundas e depressivas que completam o disco, destaques para as longas oníricas e imersivas como “I Long”, “Descending” (com as melhores linhas de guitarra do disco) e “Rain Wash Me” (com belos detalhes nos arranjos), além de “Pretend” (uma composição mais “direta” dentro da proposta do Saturnus, lembrando o Sentenced) e “Embraced By Darkness” (um doom/death metal de manual).

Quando assinaram com a Firebox Records, em 2006, o acordo previa dois discos do Saturnus, mas após “Veronika Decides to Die”, um novo trabalho da banda viria apenas em 2012, intitulado “Saturn in Ascension”, mas aí ele já seria lançado pela Cyclone Empire.

Nesse ínterim o Saturnus fez sua primeira turnê europeia (eles não eram conhecidos por fazer muitos shows) e em 2011 se tornou a primeira banda internacional de metal a tocar na Geórgia.

As constantes trocas de integrantes continuaram sendo um problema para banda, sendo que hoje é liderada apenas pelo vocalista Thomas Akim Grønbæk Jensen, pois o tecladista Anders Ro Nielsen saiu em 2009.

Vale lembrar que “Veronika Decides to Die” foi lançado no Brasil em 2018, em formato slipcase pela Cold Art Industry que hoje já é quase um artigo de colecionador.

Apesar de ser uma edição limitada creio que você ainda consiga encontrar algumas cópias disponíveis nas lojas e sites especializados. Se eu fosse você ia atrás, pois VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!

Ano: 2006

Top 3: “Descending”, “Rain Wash Me” e “Pretend”.

Formação: Thomas AG (vocais), Anders (teclados), Peter e Tais (guitarras), Lennart (baixo), e Nikolaj (bateria)

Disco Pai: Anathema – “Serenades” (1993)

Disco Irmão: Swallow the Sun – “Ghosts of Loss” (2005)

Disco Filho: Doom:VS – “Earthless” (2014)

Curiosidades: “Veronika Decide Morrer” é um livro de Paulo Coelho, publicado em 1998, onde ele sai da temática esotérica e auto-biográfica de sucessos como “O Diário de um Mago” e “As Valkírias”, para questionar o significado da loucura e celebrar os indivíduos que não se encaixam nos padrões do que a sociedade considera “normal”.

Pra quem gosta de: Literatura, pensar, noites frias, tardes outonais, desistir e histórias tristes.

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