Rotting Christ – Resenha de “The Heretics” (2019)

 

“The Heretics” é o décimo terceiro álbum de estúdio da banda grega de black metal Rotting Christ.

São trinta anos de carreira, treze álbuns de estúdio, sem falar na quantidade de EPS, singlessplits que o Rotting Christ produziu em sua discografia.

O mais novo capítulo desta obra muito além do respeitável foi trabalhada em estúdio com Jens Bogren, responsável pela mixagem, e Tony Lindgren, à cargo da masterização, e saíram de lá com um dos melhores e mais bem acabados discos de sua carreia, tendo como produtor o próprio Sakis Tolis.

Já distante dos tempos de experimentação gótica de “A Dead Poem” (1997) e “Sleep of the Angels” (1999), ou da da grandiosidade épica de “Theogonia” (2007), os irmãos Tolis conseguiram produzir um disco amalgamando aquilo que sempre funcionou na música da banda de forma simples, mas sem amainar seu inquieto ímpeto criativo.

Rotting Christ - The Heretics
Rotting Christ – “The Heretics” (2019 | Season of Mist, Urubuz Records)

De certa forma o título do álbum tem muito a ver com o Rotting Christ, uma banda que sempre se manteve numa posição controversa dentro do metal extremo, indo de encontro a dogmas musicais como um herege, um rebelde de sua própria rebelião.

O Rotting Christ sempre foi uma banda bem disposta a rupturas, a extrapolar fronteiras, e estar na contra-mão do fluxo do black metal.

Com essa postura mantida, mesmo que de forma mais sutil e madura, em “The Heretics”, podemos admirar novamente a capacidade dos gregos em expor de forma carnal a importância de estabelecer personalidade, diferenças, numa época em que a nata de seus congêneres parece formada em série.

Sua arma nessa empreitada é uma música inteligente, refinada, mas agressiva e carregada por letras sagazes e questionadoras.

Dito isso, “The Heretics”  pode ser visto como o melhor dos últimos três discos do Rotting Christ, apesar de ser basicamente uma continuidade de “Rituals”, álbum anterior, lançado em 2016.

Os aspectos tribais da seção rítmica estão aqui, bem como a fluidez das guitarras ao transitar por linhas agressivas e outras mais melódicas, porém, os detalhes dos arranjos, principalmente nas ambientações, são os grandes destaques por amplificarem o clima pagão e o requinte profano.

Existem até mesmo algumas experimentações, como na faixa “Πιστεύω”, que parece ensaiar possibilidades instigantes e modernas para as estruturas mais básicas do black metal.

No geral, as composições nos dão a impressão de que eles partem primeiro das partes climáticas e vão desenvolvendo o metal extremo como uma segunda camada de sua música, atritando melodia, ritmos belicosos, peso e dissonâncias.

Isso é algo que você poderá conferir em faixas de destaque como “In The Name of God” (épica, percussiva e belicosa), “Hallowed Be Thy Name” (dona de uma simplicidade macabra), “Dies Irae” (grandiosa, mas agressiva), “Heaven and Hell and Fire” (com groove épico e boas melodias dentro da proposta sombria), “Fire, God and Fear” (com um forte acento pagão), “The Voice Of Universe” (onde melodias cativantes convivem com aspectos de trilha sonora cinematográfica) e “The Raven” (uma adaptação do poema clássico de Edgar Allan Poe).

Todavia, este é um disco que merece ser conferido em sua totalidade, pois não existe nada por aqui que seja ruim ou genérico.

FAIXAS:

1. In the Name of God
2. Ветры злые
3. Heaven and Hell and Fire
4. Hallowed Be Thy Name
5. Dies Irae
6. Πιστεύω
7. Fire, God and Fear
8. The Voice of the Universe
9. The New Messiah
10. The Raven

FORMAÇÃO:

Themis Tolis (bateria)
Sakis Tolis (vocais, guitarras, baixo, teclados, percussão)

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