Evildead – Resenha de “United $tate$ Of Anarchy” (2020)

 

Você olha para a capa de “United $tate$ Of Anarchy”, novo trabalho do Evildead, e sabe que essa arte é de ninguém menos que Ed Repka, o rei da arte Thrash Metal.

O Evildead esta naquele grupo de bandas de thrash/speed metal que surgiram, lançaram bons discos, mas por alguma razão interromperam as atividades precocemente.

Nesse grupo estão bandas como At War (com seu clássico “Ordered to Kill”), Kublai Khan (que mostrava potencial altíssimo em “Annihilation”), Holly Terror, Toxic e o Blood Feast (do icônico EP “Kill For Pleasure”), só para citar algumas.

Várias dessas bandas que figuravam em segundo e até terceiro planos dentro do thrash metal resolveram voltar à ativa, muito porque agora a necessidade de estar atrelado a um selo para lançar um disco inexiste.

Além do fato de várias delas terem se tornado cult com o passar do tempo e arregimentado uma base de fãs enquanto estavam adormecidas.

Evildead - United $tate$ of Anarchy - (2020, Shinigami Records) - capa
Evildead – “United $tate$ of Anarchy” – (2020, Shinigami Records)

Foi exatamente isso que aconteceu com o Evildead, que viu seus dois discos “Annihilation Of Civilization”, de 1989, e “The Underworld”, de 1991, serem reverenciados pelos fãs do gênero nas gerações seguintes.

No caso do Evildead existia um potencializador, pois era um projeto paralelo de Juan Garcia e Mel Sanchez, do Agent Steel e Abattoir, respectivamente, mas que se tornou a banda principal de ambos após o fim das atividades das duas bandas na segunda metade dos anos 1980.

Curiosamente, o Evildead foi um dos últimos monstros antigos do thrash metal a acordar de seu sono provocado por um mercado fonográfico selvagem nos anos oitenta

Foram quase trinta anos entre “The Underworld” “United $tate$ Of Anarchy”, mas parece que o tempo não passou, ao menos no sentido musical, afinal os riffs enérgicos, os solos agressivos, a seção rítmica explosiva e os vocais agressivos permanecem.

“The Descendining” abre o trabalho com os riffs secos, as passagens groovadas e os coros imperativos que o thrash metal herdou do punk/hardcore prometendo um viés oitentista para todo o repertório.

Claro que existem as guitarras trabalhadas, desfilando escalas harmônicas e sobrepondo solos provocantes que aparecerão mais destacadas já na segunda faixa, “Word of God”, e se repetirão em “A.O.P./War Dance”, que poderiam estar no ponto médio entre o Forbidden e o Agent Steel.

Talvez o único porém deste disco resida no trabalho em estúdio, pois existe uma distorção no baixo e principalmente na bateria que destoa do restante.

Parece que quiseram ganhar poder e corpo na mixagem da cozinha dando mais volume e grave que o necessário, gerando um fuzzeado que suplanta os demais instrumentos e até a voz em movimentos mais brutais.

Isso fica mais claro na faixa “Napoleon Complex”, onde as guitarras e os vocais são praticamente soterrados pela saturação das frequências graves.

Nesse momento, a produção coloca um ótimo ataque thrash metal à perder. Aliás, esse problema detona com a melhor faixa do disco: “No Difference”, que tinha tudo pra ser o diferencial do trabalho com sua introdução jazzística e a explosão de técnica e groove que vem na sequência.

Fora isso, “United $tate$ Of Anarchy” soa como uma continuação de “Annihilation Of Civilization”, principalmente se olharmos para os aspectos técnicos da composições que ecoam os antigos ensinamentos do thrash metal, numa mistura das escolas alemã e da bay area.

Tanto que em faixas onde o ataque dos bumbos duplos não é usado, como “Greenhhouse”, “Seed of Doubt” (um thrashão de dar gosto!) e “Without a Cause”, tudo fica bem, e podemos curtir uma faixa que remete aos bons tempos do thrash metal.

Aliás, estas duas faixas remeterão ao que fazia o Exodus nos tempos de “Fabulous Disaster” (1989), mesclando groove com melodia e técnica.

A edição nacional, à cargo da Shinigami Records, ainda traz uma faixa bônus, não creditada no encarte, que é um pitoresco cover de “Planet Claire”, do grupo pop/new wave B-52’s.

Mesmo com o problema na produção, “United $tate$ of Anarchy” é um disco que certamente agradará os fãs do thrash metal oitentista.

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