Resenha | Blind Guardian – “Imaginations From the Other Side Live” (2020)

 

“Imaginations From the Other Side Live”, como o próprio título indica é o registro ao vivo de um dos maiores clássicos da carreira do Blind Guardian.

Gravado na cidade alemã de Oberhausen, em dezembro de 2016, este material faz parte das comemorações do vigésimo quinto aniversário de lançamento de “Imaginations From the Other Side” por parte da banda alemã.

Blind Guardian - Imaginations From The Other Side Live (2020, Shinigami Records)

“Imaginations From the Other Side” (1995) foi gravado no estúdio Sweet Silence, na Dinamarca, com produção de Fleeming Rasmussem.

Produção, aliás, que foi muito eficiente no equilíbrio de peso e melodia na música dos alemães, além de encaixar com precisão e fluidez os aspectos épicos e dramáticos das composições.

Além disso, esse disco ajudou a consolidar a banda alemã como um dos grandes nomes do metal noventista, sinônimo de power metal com letras inteligentes, baseadas em clássicos da literatura fantástica e mitologia.

“Imaginations From the Other Side” foi o segundo capítulo da trilogia de clássicos noventistas do Blind Guardian, iniciada em “Somewhere Far Beyond” e finalizada em “Nightfall in Middle-Earth” (1998)

A fórmula musical épica, grandiloquente e poderosa, que gerava músicas de alto nível, já amadurecida no disco anterior, foi ampliada naquelas composições tanto em forma quanto em conteúdo.

Musicalmente, inseriam o toque folk que faltava à sua musicalidade ao mesmo tempo que exploravam possibilidades progressivas nos seus arranjos que iam das remissões ao thrash metal norte-americano até ao classic rock.

No geral, o Blind Guardian passava pela metamorfose de uma versão tipicamente alemã de heavy metal, influenciada pelo espírito épico da mitologia nórdica e cultura medieval, para uma banda grandiosa, cheia de personalidade e pompa, com grandes momentos do metal narrando a literatura fantástica clássica.

Até por isso é instigante pegar um material ao vivo inteiramente dedicado ao disco mais denso, sombrio, rápido e pesado da trilogia clássica do Blind Guardian, principalmente para mim que conheci a banda no pesadíssimo “Tokyo Tales” (1993), disco ao vivo que precedeu “Imaginations From the Other Side” (1995).

Neste momento, a pergunta é obvia: esse disco ao vivo vale a pena?

A resposta simples e rápida: claro, afinal temos o Blind Guardian tocando seu melhor disco, na íntegra!

No entanto, uma resposta mais elaborada segue abaixo.

A primeira observação a ser feita é quanto a formação. Do time que gravou a versão original do disco ainda estão por aqui Hansi Kürsch nos vocais (que no álbum também toca baixo), André Olbrich nas guitarras solo e Marcus Siepen nas guitarras base.

Junto ao trio, estão o baterista Frederik Ehmke e o baixista Barend Courbois, completando uma formação mais madura, tanto em técnica quanto em performance, que executa as músicas com maestria.

Os solos de Olbrich estão precisos e a dupla da seção rítmica é a usina de energia deste show que tem uma troca impressionante com um público totalmente devotado à banda e a essas músicas.

A maior interrogação ficaria para a voz de Hansi Kusch, pois na versão em estúdio suas linhas vocais são os ingredientes que mais brilhavam. E aqui ele não faz feio, mesmo que o tempo mostre que aos poucos está enferrujando seu timbre forte.

Aliás, Kusch mostra estar em grande forma com seus vocais e a experiência lhe deu a destreza para desviar das deficiências geradas pelo tempo na sua voz e valorizar seu altíssimo controle da técnica.

O maior problema por aqui, além da capa que me pareceu simples e apressada (as ilustrações do encarte provam que dava pra fazer melhor), aparece na mixagem.

Por vezes, falta limpidez e definição nos instrumentos (e sabemos que é possível atingir níveis altíssimos em discos ao vivo atualmente) e claramente as guitarras mereciam um ganho de volume, pois aqui e ali estão soterradas sobre a bateria e o baixo na cara.

Mesmo assim, nada que prejudique o prazer de ouvir novamente músicas como “Bright Eyes”, “A Past And Future Secret”, “I’m Alive”, “Mordred’s Song”, “And the Story Ends” e a própria “Imaginations From the Other Side”, que não é só exercício de paixão saudosista, mas um ato de reverencia à emoção gerada por alguns dos maiores clássicos do power metal!

A edição nacional, à cargo da Shinigami Records ainda vem com um encarte trazendo um texto riquíssimo sobre o disco homenageado nesta apresentação registrada em “Imaginations From the Other Side Live”.

Vale a pena conferir, principalmente se você também viveu a era onde o power metal melódico reinava quase que absoluto no mundo do heavy metal!

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