Demons & Wizards – Resenha de “III” (2020)

 

Demons Wizards - III
Demons & Wizards – “III” (2020 | Century Media Records, Hellion Records)

Foram quinze anos de espera por um novo trabalho do Demons & Wizards, mas acredito que os fãs não podiam estar mais empolgados pelo que escutam em “III”, um disco sombrio, crú e pesado.

De cara podemos dizer que esta terceira parte da fusão de Blind Guardian com Iced Earth vai agradar, e muito, quem já era apegado ao projeto nos dois discos anteriores, mas além disso, pode dialogar com aqueles que nunca prestaram tanta atenção assim ao projeto de Hansi Kusch e Jon Schaffer.

Aliás, o produtor Jim Morris está aqui para criar uma ligação ainda mais forte com os dois discos anteriores, afinal, aqui ele também contribui com alguns solos, assim como já tinha feito em “Demons & Wizards” (1999) e “Touched by the Crimson King” (2005).

Porém, desta vez, a maturidade dos dois mentores intelectuais está impressa na sonoridade, ampliando as possibilidades dentro do espectro do heavy metal, seja nos riffs característicos de Jon Schaffer , nos vocais desafiadores  de Hansi Kusch, ou nas sombras jogadas sobre o conceito fantástico criado para o Demons & Wizards.

As composições estão ainda melhores, pois investiram na variação, na dinâmica, sem se esquecer dos detalhes, tudo impresso por uma produção impecável.

Se não fosse pelo sentimento e significado de uma época que o primeiro disco da dupla representa para mim, eu poderia até dizer que este “III” é seu melhor disco.

Como era de se esperar, esse ínterim fez com que algo soasse diferente por aqui, à começar pela afinação e pelas timbragens, o que gera momentos excelentes como “Invincible” (com certa melodia hard rock setentista que me lembrou algo do Blue Oyster Cult), “Final Warning” (onde guitarras pesadas guiam um metal áspero e de predicados progressivos), a épica “Dark Side of Her Majesty”, a envolvente “New Dawn” (com um “q” oitentista).

A capa traz uma citação de Dante retirada do livro “A Divina Comédia”, e cria uma relação interessante com a faixa de abertura, “Diabolic”.

Aliás, se não afirmo que este “III” é o melhor disco do Demons & Wizards, posso cravar que essa música é uma das três melhores já feitas pela dupla Schaffer/Kusch.

Introdução dramática e sombria que deságua num música de intensidade power/thrash metal, riffs de ganchos pesados, refrão de impacto, clima bem criado e detalhes inteligentemente alocados tornam-a um dos melhores momentos do heavy metal em 2020.

Claro que as guitarras de Jon Schaffer são precisas e instilam a essência do heavy metal por onde quer que sejam colocadas, mas o que o vocalista Hansi Kusch fez nesse disco em termos de polivancia vocal (indo dos rasgados inerentes ao thrash até o melancólico folk) e interpretação é de impressionar e arrepiar.

Preste atenção ao que ele faz na beleza prog/folk de “Timeless Spirit”, outro grande destaque não só do disco, mas da carreira da banda, onde misturam influências de Judas Priest, Deep Purple e Uriah Heep de forma ainda mais própria à sua musicalidade.

De maneira similar, “Minas Disease” vai te lembrar o AC/DC na cadência e nos riffs assim como o WASP no solo e nas linhas vocais, mas sem perder a personalidade própria.

“Split” vai invocar os demônios do speed/thrash metal enquanto sutilmente imprimirá em sua identidade a técnica melódica e dramática dos bons tempos de King Diamond.

Mesma sutiliza, aliás, com que colocarão de forma homeopática o prog/folk herdado do Yes em “Children of Cain”.

Pra se ter a clara ideia da alta qualidade deste disco, as faixas menos empolgantes aqui são “Wolves in Winter” e “Universal Truth”, e mesmo assim são faixas que começa bem, com vocais impactantes de Hansi Kusch, trazem algumas melodias interessantes e movimentos pontuais envolventes, mas que no contexto geral soam menos inspirados.

Antes de finalizar quero aqui chamar a atenção para o trabalho excepcional do baterista Brent Smedley. Diversas vezes esse cara foi o coração das músicas.

Em suma, esse disco mostra como praticar o puro e clássico heavy metal com um nível altíssimo de qualidade e de forma atualizada.

Cabe mencionar o esmero da edição nacional à cargo da Hellion Records, num digipack belíssimo, pôster e duas faixas bônus em versão demo. E eu se fosse você conferia a versão crua de “Final Warning” que ficou mais pesada e até melhor que a oficial do repertório.

Um dos discos obrigatórios de 2020!

FAIXAS:

1. Diabolic
2. Invincible
3. Wolves in Winter
4. Final Warning
5. Timeless Spirit
6. Dark Side of Her Majesty
7. Midas Disease
8. New Dawn
9. Universal Truth
10. Split
11. Children of Cain

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