Stephen King: Veja as ligações entre o Rei do Terror e o Rock N’ Roll

 

Mergulhe na fascinante união entre o mestre do terror, Stephen King, e o mundo do rock n’ roll. Descubra como suas narrativas sombrias se entrelaçam com os acordes do gênero, criando uma sinfonia única de medo e música. De adaptações cinematográficas a sua própria incursão nos palcos, explore a poderosa influência do rock na obra de King.

O mestre do terror, Stephen King, emerge das sombras, segurando suas palavras como facas afiadas prontas para cortar a linha tênue entre o medo e a fascinação.

Em meio às páginas sombrias de Stephen King, há um universo musical pulsante que ecoa além das palavras. Este artigo mergulha nas entrelaçadas conexões entre o mestre do terror e o universo do rock n’ roll. Desde suas influências adolescentes até a presença marcante de bandas em adaptações cinematográficas, descubra como o Rei do Terror presta sua reverência ao ritmo vibrante e rebelde do rock, tornando cada história uma experiência ainda mais visceral.

Stephen King: Literatura, Cinema e Rock N’ Roll

Meu primeiro contato com o obra do Mestre do Terror, um dos vários títulos honorários de Stephen King, foi no conto Rita Hayworth e a Redenção de Shawshank, presente na coletânea do autor, intitulada Quatro Estações e que deu origem ao ótimo filme Um Sonho de Liberdade.

Além de sua maneira peculiar de escrever, suas fabulosas descrições de lugares e personagens, a forma como ele insere elementos da cultura pop em suas histórias também sempre saltava aos meus olhos.

Mais louvável ainda é a maneira de amarrar todos estes elementos em prol de uma narrativa de terror e suspense, não apenas como objetos de adorno aos cenários.

Nos filmes adaptados a partir das histórias de Stephen King, claramente este protagonismo, em especial do rock, ficaria ainda mais evidente.

Exemplos imediatos seriam a trilha sonora de Comboio do Terror (quase na íntegra composta por canções do AC/DC) e a canção Surfin’ Safari dos Beach Boys que dava um tempero irônico no filme “A Criatura do Cemitério”.

Além disso, muitas citações que introduzem suas obras, ou alguns de seus capítulos, são retiradas dos versos que compõem clássicos do rock.

Entregue-se ao fascínio sombrio de Christine, o carro assassino.
Entregue-se ao fascínio sombrio de Christine, o carro assassino.

Mais exemplos? De cara temos o livro Christine (onde cada capítulo é introduzido com uma menção direta aos hinos roqueiros) e A Dança da Morte (um dos maiores clássicos do autor), cuja epígrafe traz estrofes de nomes como Blue Oyster Cult (Don’t Fear The Reaper), Bruce Springsteen e Country Joe and the Fish.

Nesta segunda obra ainda temos um rockstar alcoólatra e drogado, salvo de uma overdose pelo juízo final, como um dos protagonistas. Mais recentemente, em “Revival” o tema do rockstar decadente reapareceria numa de suas mais interessantes obras modernas (a qual resenhamos aqui)

Em contrapartida, os habitantes do cenário roqueiro sempre tiveram muito apreço pelas histórias de terror e inúmeros ícones do rock n’ roll se valeram dos clichês literários ou cinematográficos do gênero em seus clássicos.

Desta forma, nada mais natural que existir uma correspondência biunívoca entre os fãs de Stephen King e do rock n’ roll.

Viva o apocalipse em 'A Dança da Morte' de Stephen King.
Viva o apocalipse em ‘A Dança da Morte’ de Stephen King.

Stephen King: O Rei do Terror Presta Sua Reverência ao Rock N’ Roll

Em algum ponto da década de 1950, o adolescente Steve vivia uma vida comum entre amigos, desejo por carros e rock n’ roll.

Seu primeiro álbum foi um compacto em 78 rotações de Elvis Presley, que trazia Hound Dog no lado A e Don’t Be Cruel no lado B.

Stephen King mais tarde nos contaria que para ele o rock era algo poderoso, como uma droga e “fazia você se sentir maior, se tornar durão, mesmo que não fosse”.

Sem dúvidas sensações  habituais a todos nós que amamos este estilo musical e sentimos nas veias o fervor do sangue quando ouvimos aquele riff histórico da nossa canção favorita.

O futuro renomado escritor padeceria da mesma doença e, mais tarde, já na faculdade, elegeria os melhores álbuns de 1969 na sua coluna do jornal da universidade, intitulada The Garbage Truck (O Caminhão de Lixo), já revelando a variedade de assuntos que ali seriam tratados.

Na lista de melhores álbuns estavam Nashville Skyline de Bob Dylan e Abbey Road dos Beatles, enquanto as canções eleitas daquele ano seriam The Boxer, do Simon & Garfunkel e Sugar Sugar do The Archies. Neste período, detestava Blood, Sweet and Tears (cujo produtor ajudaria Stephen King a subir nos palcos empunhando sua guitarra anos mais tarde) e Glen Campbell.

Uma das histórias mais interessantes que liga fortemente Stephen King ao rock é a escolha do pseudônimo pelo qual publicou algumas de suas mais interessantes histórias.

Richard Bachman fora batizado inspirado pela banda Bachman-Turner Overdrive, cujo vinil girava no momento em que o autor escolhia um nome diferente para publicar a obra Rage (lançada no Brasil com o nome de Fúria).

Além do batismo de Richard Bachman, o rock n’ roll ainda ajudou o autor a dar nome ao clássico O Iluminado, inspiração vinda do refrão da canção Instant Karma, de John Lennon. Assim como muitos álbuns do gênero foram censurados, esta foi a primeira obra do autor a ser proibida nas bibliotecas das escolas.

John Lennon, e principalmente seu trágico assassinato, se tornou um modelo que Stephen King se receava em ter o mesmo destino após atingir o status de astro da literatura. Apesar do próprio alegar a impossibilidade do fato posteriormente, Stephen teria dado um autógrafo ao seu autoproclamado fã número um, Mark Chapman, após uma entrevista para a Tv, no Rockfeler Center, em Nova York, dias antes do assassinato de Lennon.

Confira abaixo um vídeo raro onde a banda AC/DC é entrevistada pelo próprio Stephen King:


Os 5 Melhores Livros de Stephen King com referências ao Rock


Voltemos aos filmes

A adaptação de Maximum Overdrive para o cinema foi o projeto em que Stephen King mais se fez presente, talvez por este fato as canções do filme tenham sido escolhidas a dedo.

Nesta época, foi convidado pela MTv para ser VJ por uma semana completa, onde apresentaria seus vídeos preferidos, dentre os quais estavam Who Made Who do AC/DC, Cum On Feel the Noize com o Quiet Riot e Addicted to Love de Robert Palmer, além de comandar uma entrevista com três membros do AC/DC.

No fim da década de 1980 o autor estava no topo do mundo, aclamado pelos fãs do gênero e já esboçando pequenos ensaios fora do terror, entretanto, sua maior conquista na segunda metade daquela década (período em que passava pela pior fase em seu alcoolismo e experimentava tendências suicidas) seria dividir o palco com Johnny Cash, na canção Johnny B. Goode, convidado pelo próprio Man In Black.

Uma das bandas preferidas de Stephen King é o Ramones, que viria a integrar a trilha sonora do filme Pet Sematary (Cemitério Maldito), com o clássico Pet Sematary, composto com base no livro que era adaptado para a telona.

A história nos conta que a admiração era mútua e durante uma breve passagem da banda pela Nova Inglaterra, Stephen King os convidou para ir a sua casa em Bangor, no Maine.

Os convidados ilustres jantaram com o escritor, discutiram beisebol, ficção científica e Dee Dee Ramone foi presenteado com uma cópia do livro O Cemitério.

Assim nascia a composição que se tornaria tão importante quanto o filme, onde Dee Dee resumiu uma das melhores passagens do livro em alguns versos.

Ou seja, Stephen King tinha uma canção de uma de suas bandas favoritas em uma de suas melhores adaptações para o cinema. O Ramones ainda figuraria na trilha sonora da sequência de Cemitério Maldito, com a faixa Poison Heart.

Stephen King, mestre do terror, assume os acordes, compartilhando palcos literários.
Stephen King: do reino das palavras ao palco do rock.

Uma banda de escritores e assuntos finais

Com toda esta influência da cultura do rock n’ roll em sua vida e sua obra, nada mais natural que Stephen King tivesse uma banda.

Entretanto, apesar de arranhar alguns acordes em sua guitarra, o renomado escritor somente se aventurou nos palcos muito tarde e em um projeto que variava entre a originalidade e o inusitado.

Pouco após lançar um de mais impactantes (e pouco lembrado) livros, Jogo Perigoso, Steve esteve presente em uma convenção de escritores da American Booksellers Association, onde tocaria guitarra em uma banda composta por autores que integravam a lista dos mais vendidos, em um concerto beneficente.

O nome da banda era Rock Bottom Remainders e eram anunciados tão bons como banda de rock quanto os membros do Metallica era fenomenais romancistas.

A ideia era que o Rock Bottom Remainders se dedicaria a clássicos do rock em três acordes e seriam dirigidos musicalmente por Al Kooper, produtor que ajudara a formar o Blood Sweet and Tears e emprestara seus talentos no teclado para a gravação da canção Like a Rolling Stone, de Bob Dylan.

Stephen King se dedicou à guitarra base e atacava de vocalista em canções como Last Kiss e Teen Angel, geralmente alterando algumas letras na sua hora de executá-las. Em Last Kiss ele cantava “Quando acordei, ela estava deitada ali e eu tirei seu fígado dos meu cabelos”.

O plano inicial para duas apresentações evoluiu para uma turnê, executada no ano de 1993 e algumas apresentações em programas televisivos.

Um dos último projetos do autor fora da literatura foi uma parceria com John Cougar Mellencamp no musical The Ghost Brothers of Darkland County.

A ideia era que Mellencamp compusesse as canções e Stephen King desenvolveria o enredo que se ambientaria na década de 1950, envolvendo dois irmãos apaixonados pela mesma garota, que desenrolaria em um final trágico. O escritor se mostrou empolgado com o projeto e expandiu seus horizontes em uma fase onde ele buscava uma maior qualidade de vida.

Muitas bandas de rock se valeram das obras de Stephen King como inspiração para seus trabalhos. Nomes importantes como o já citado Ramones, o Anthrax, o pioneiro Black Sabbath, o Megadeth e AC/DC sofreram influências do autor, mostrando que, não somente Stephen King absorve a cultura pop em suas obras, mas a cultura pop já absorveu Stephen King como parte de si. Mas estas canções e álbuns são assuntos para um outro texto.

Conclusão

Ao desvendar a intrincada relação entre Stephen King e o rock n’ roll, fica claro que suas histórias transcendem as páginas e ecoam nos acordes que definem o gênero. O Rei do Terror, ao prestar sua reverência ao ritmo rebelde, enriqueceu suas narrativas, criando uma simbiose única entre o medo e a melodia. Uma conexão que perdura, solidificando King não apenas como um mestre literário, mas como uma figura imortalizada na trilha sonora do terror.

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