Møl – “Diorama” (2021) | Resenha

 

“Diorama” é o segundo álbum da banda dinamarquesa Møl, praticante de uma mistura de shoegaze post-black metal que vem chamando a atenção dos adeptos do gênero e da mídia especializada. O disco foi lançado em 2021 e ganhou uma edição nacional pela parceria entre os selos Shinigami Records e Nuclear Blast. Abaixo você lê nossa resenha deste disco.

"Diorama" é o segundo álbum da banda dinamarquesa Møl, praticante de uma mistura de shoegaze e post-black metal que vem chamando a atenção dos adeptos do gênero e da mídia especializada. O disco foi lançado em 2021 e ganhou uma edição nacional pela parceria entre os selos Shinigami Records e Nuclear Blast. Abaixo você lê nossa resenha deste disco.

Após ler o press-release de “Diorama” (2021) e saber que a mídia especializada tem o classificado como “uma obra de arte do blackgaze” (Metal Hammer UK) e que por isso o Møl tem “um futuro absurdamente brilhante” (Blabbermouth), resolvi conferir “Jord” (2018), seu primeiro álbum, antes de mergulhar em “Diorama”.

O Møl foi fundado no ano de 2021, na cidade dinamarquesa de Aarhus, por músicos inspirados em bandas como My Bloody Valentine, Slowdive, Lantlôs e Alcest. Com estas referências o quinteto começou a trabalhar em suas músicas próprias, lançando dois EP’s (“Møl” (2014) e “II” (2015)) que chamaram a atenção dos fãs de blackgaze em plataformas como  Bandcamp.

Inteligentemente, lapidaram sua musicalidade em cima do palco, com shows elogiados pela imprensa, incluindo apresentações no Aalborg Metal Festival de 2015 e no SPOT Festival de 2016, onde foram destacados como uma das melhores performances da principal revista de música dinamarquesa. No mesmo ano, o Møl recebeu um prêmio como revelação do ano no High Voltage Rock Awards.

Em franca ascensão, a banda dinamarquesa apresentou “Jord” (2018), um disco que servia como um catão de visitas promissor pela forma inteligente com que pintavam um paisagem musical climática, pra não dizer lisérgica, de shoegaze e post-black metal, com fortes tintas melódicas. A repercussão os levou à gravadora alemã Nuclear Blast, por onde lançariam o segundo trabalho.

As comparações com o Deafheaven e o Alcest não são exageradas, mas também não são precisas quando ouvimos a evolução que tiveram em apenas três anos e que foi registrada neste “Diorama” (2021), principalmente pela forma com que as guitarras estão trabalhadas neste segundo disco.

Com estas oito novas músicas, o quinteto formado por Kim Song Sternkopf (vocais), Nicolai Hansen (guitarra), Frederik Lippert (guitarra), Holger Rumph-Frost (baixo) e Ken Klejs (bateria) realizou a promessa feita em seu primeiro trabalho, se estabelecendo como um nome forte mais do post-metal do que propriamente do blackgazeVou explicar…

Faixas como “Fraktur” (que me remeteu ao My Bloody Valentine do disco “Isn’t Anything” [1988]), “Vestige”, “Itinerari”, “Tvesind” e “Diorama” são amostras de como pode-se criar uma forma otimista e iluminada do black metal, simplesmente mudando sua polaridade climática, criando uma musicalidade ainda violenta, rápida e pesada, mas também emocional, bela, sofisticada e versátil.

Mas não espere arranjos guiados por tremolos herdados das formas atmosféricas das guitarras do black metal, pois aqui o Møl absorveu vários elementos melódicos do metalcore para tirar a previsibilidade que já impera na maioria das bandas que mesclam a crueza do black metal com o som etéreo e emotivo do shoegaze. Uma faixa como “Serf”, por exemplo, ensaia até mesmo esbarrões no prog metal.

Além disso, entre as guitarras mais melódicas do que etéreas, as estruturas mais acessíveis que se distanciam do polo black metal de seu espectro e os vocais mais emotivos do que viscerais (mesmo que os timbres limpos sejam usados com moderação), a língua dinamarquesa, quando usada, traz uma nova dimensão às músicas do Møl, combinando perfeitamente com a sua abordagem. Não à toa, os momentos mais cativantes de “Diorama” são justamente as composições que não são cantadas em inglês.

Destaque também para a produção que imprimiu cada instrumento do modo certo no contexto geral, principalmente a bateria, muito bem timbrada, menos “amaciada” que o usual do blackgaze, mas ainda assim orgânica. Este trabalho em estúdio não mascarou a clara mudança que o Møl faz em sua musicalidade, dando ênfase às atmosferas suaves e apagando gradativamente o negro que vive no âmago do gênero blackgaze.

Em suma, “Diorama” é fruto de uma banda em franca evolução e que domina como poucas de sua geração a arte da composição dentro da estética moderna do heavy metal! Algo me diz que o Møl começou inspirado pelo Deafheaven e Alcest, mas tem tudo para seguir os passos do Sólstafir.

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