O que é Post-Rock? A História e o 30 Discos Essenciais Para Ouvir

 

Post-Rock é uma ramificação do rock surgida como dissidência do rock alternativo e do indie rock, mas que logo definiu suas características ao misturar as referências das cenas europeia e norte-americana, gerando uma forma de rock experimental que combina elementos de art rock, jazz e alternativo com influências eletrônicas para criar paisagens sonoras ricamente texturizadas.

O termo “post-rock” foi cunhado pelo crítico de música Simon Reynolds, que desde então cobriu extensivamente o gênero e seu desenvolvimento, em uma crítica para o disco “Hex” (1994), do Bark Psychosis, um dos pilares do estilo, apesar de bandas como o Talk Talk e o Slint já praticarem uma fórmula similar um pouco antes.

As bandas de post-rock usam de atmosferas, texturas, timbres e instrumentação peculiar para misturar, sem regras e pré-determinações das estruturas básicas, as diversas manifestações do rock, que obviamente torna difícil defini-lo e propicia a proliferação de diferentes variantes que se esticam até o heavy metal (daí surgindo o post-metal).

Com isso, e abraçando o “silencioso como o novo barulhento” (um movimento que Miles Davis já havia feito no jazz décadas antes, diga-se), o post-rock afastou-se das explosões hedonistas e viris do rock à medida que essa música se tornava mais comercializada; o post-rock surge como um grito da música independentes e sem nenhuma orientação comercial.

Os discos de post rock são, muitas vezes, mas não necessariamente, instrumentais, com longos temas que se desenrolam por passagens imersivas, experimentais, dissonantes e com aquele clima de improvisação do jazz. Até por isso, diversas vezes, os discos são longos.

Post Rock

Como Surgiu o Post-Rock?

As raízes do post-rock podem estar ancoradas, como afirmou um artigo da Stylus Magazine de 2004, no clássico álbum de David Bowie lançado em 1977, intitulado “Low”, pois ali está um protótipo de tudo o que as bandas do gênero desenvolvem atualmente.

Se basicamente o post-rock é um amálgama experimental de rock alternativo, ambient, jazz, slowcore psicodelia, então David Bowie pode ser considerado um precursor do estilo, mesmo que oficialmente o início do gênero remonte a duas tendências distintas do final dos anos 1980 e início dos anos 1990, criadas por bandas europeias e americanas.

No caso do post-rock europeu, em especial dos nomes que orbitam a cena de Londres, existe uma ênfase maior nas influências eletrônicas e do dub, além de um forte experimentalismo nas ambientações, climas etéreos, tempos lentos e aproximações com o art rock. Tanto que discos como “Spirit of Eden” (1988) e “Laughing Stock” (1991), dos britânicos do Talk Talk são considerados precursores do post-rock por muitos críticos e modelos para o movimento na década de 1990 (ao lado de “Spiderland” do Slint).

Já do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, o post-rock era um filho direto do post-hardcore, pois misturava punk, post-punk, drone krautrock, sendo que um dos primeiros nomes do gênero daquele país foi a já citada Slint, uma banda da cena hardcore.

A cena norte americana tendia a ser menos etérea, apesar de manter o clima atmosférico. Os canadenses, por exemplo, se valiam de influências da música clássica, enquanto a cena de Chicago, liderada pelo Tortoise, abraçou influências eletrônicas para construir sua versão do post-rock.

A Definição do Post-Rock

Somente no final da década de 1990 que estas duas fórmulas de praticar o post-rock evoluíram e se cruzaram definindo, enfim, as características principais do estilo, levando a uma ampla e diversificada experimentação entre cenas e estilos.

Nesse sentido, bandas geniais como Sigur Rós, Godspeed You! Black Emperor, Mogwai e Explosions in the Sky, mas não apenas, estabeleceram a essência do post-rock nas primeiras décadas do novo milênio ao oferecer obras-primas da música moderna, com ênfase em crescendos, instrumentais mais épicos e sensibilidade pop com o intuito de criar uma paisagem sonora diferenciada.

Com isso, o post-rock se tornou sinônimo de bandas que usam os instrumentos típicos de uma banda de rock (duas guitarras, um baixo, teclado e uma bateria), mas com a finalidade de criar uma música que é antítese do rock (fora do padrão, verso-refrão-verso-solo-refrão), através de ritmos, melodias e progressões de acordes não tradicionais.

O foco esta sempre na textura da música e no som produzido, e não nos padrões melódicos e na estrutura básica do rock, dando muito valor ao “peso do silêncio.” As guitarras criam ambiente alterando a cor e a qualidade do som. Os vocais, quando existem, são frequentemente tratados não como um veículo para as letras, mas como um instrumento adicional.

Até por isso, o post-rock é um gênero musical capaz de criar um forte vínculo emocional com o ouvinte, mesmo que diversas vezes pareçam que os críticos encarem o post-rock como uma caixa onde jogam todas as bandas que não conseguem rotular dentro dos padrões pré-estabelecidos do rock/metal.

Os 30 Discos Essenciais Para Conhecer o Post-Rock

  1. Talk Talk – “Spirit of Eden” (1988)
  2. Slint – “Spiderland” (1991)
  3. Talk Talk – “Laughing Stock” (1991)
  4. Bark Psychosis – “Hex” (1994)
  5. Old – “Formula” (1995)
  6. Swans – “Soundtracks for the Blind” (1996)
  7. Dirty Three – “Horse Stories” (1996)
  8. Mogwai – “Mogwai Young Team” (1997)
  9. Tortoise – “TNT” (1998)
  10. Sigur Rós – “Ágætis byrjun” (1999)
  11. Boris – “Flood” (2000)
  12. Godspeed You! Black Emperor – “Lift Yr. Skinny Fists Like Antennas to Heaven!” (2000)
  13. Dirty Three – “Whatever You Love, You Are” (2000)
  14. Something Like Elvis – “Cigarette Smoke Phantom” (2002)
  15. Explosions in the Sky – “The Earth Is Not a Cold Dead Place” (2003)
  16. Natural Snow Buildings – “The Winter Ray” (2004)
  17. God is an Astronaut – “All Is Violent, All Is Bright” (2005)
  18. Sigur Rós – “Takk” (2005)
  19. Yndi Halda – “Enjoy Eternal Bliss” (2005)
  20. World’s End Girlfriend – “Hurtbreak Wonderland” (2007)
  21. Her Name is Calla – “The Quiet Lamb”(2010)
  22. Crippled Black Phoenix – “I, Vigilante” (2010)
  23. Maybeshewill – “I Was Here for a Moment, Then I Was Gone” (2011)
  24. Athletics – “Who You Are Is Not Enough” (2012)
  25. Godspeed You! Black Emperor – “‘Allelujah! Don’t Bend! Ascend!” (2012)
  26. ruído/mm – “Rasura” (2014)
  27. Efek Rumah Kaca – “Sinestesia” (2015)
  28. Caspian – “Dust and Disquiet” (2015)
  29. Alcest – “Kodama” (2016)
  30. LABIRINTO – “Divino afflante spiritu” (2019)

Leia Mais:

Ofertas de Discos Clássicos do Post-Rock

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *