Se você gosta daquele peso chapado e sinuoso que praticaram bandas como Alice in Chains, Soundgarden e Black Label Society, cada uma a seu modo, então pode dispensar todo o resto que tenho a dizer e ir atrás desse “We Are the Hells Crew” sem medo de ser feliz.
Mas, para situar o leitor que deseja mais informação vamos a alguns dados biográficos.
A Hellskitchen é uma banda de heavy metal paulista formada por Gustavo Palito (Guitarra/vozes), Guilherme Patrício (Guitarra), Guilherme Azzi (Bateria) e Rodrigo Eduardo (Baixo).
“We are the Hells Crew” é seu primeiro álbum, lançado em Setembro de 2018, com onze faixas que transitam por uma mistura interessante e grave de heavy metal, grunge e stoner.
Como manda a cartilha nesse caso, as músicas são guiadas por riffs pesados e de impacto, por sua vez sustentados por linhas graves e sinuosas de baixo em parceria com a bateria robusta.
Os arranjos são bem variados, os andamentos dinâmicos, a abordagem arrojada e moderna, tudo impresso por uma produção orgânica, que não se amplifica as potencialidades da banda, também não compromete.
Apesar das músicas não serem tão pesadas e viscerais existe uma boa dose de heavy rock que nos leva aos discos noventistas do Ozzy Osbourne, ou do Black Label Society quando o groove se torna mais pesado.
Aliás, os ouvidos que gostam de caçar referências vão identificar também toques de Alice In Chains, Soundgarden, Kyuss e Fu Manchu, nos vocais e nas melodias dos refrãos e das guitarras.
O grande trunfo deste trabalho é causar no ouvinte aquele sentimento de força e poder que o rock causa quando feito com atitude e personalidade.
Claro que originalidade não é a palavra de ordem por aqui e já foi o tempo que as bandas precisavam reinventar a roda dentro do rock/metal para serem boas ou relevantes.
Hoje, o que chama a atenção é a prática dos cânones com personalidade suficiente para fazer das referências óbvias pontos de partida para criar sua identidade.
Por isso o quarteto paulista ganha muitos pontos pela proposta do trabalho, donde podemos destacar faixas como “Public Enemy”, “29112013”, “On Your Mind” (com cada riffão de dar gosto!), “The Only Way”, “The Answer” (carregada de tensão e urgência) e “Live And Let Live”.
Tudo bem que soam espontâneos demais em certos momentos, abusando do direito de exagerar aqui e ali, mas nada que diminua a impressão de que estamos diante de uma banda com alto potencial e coragem para lapidar a proposta no futuro.
Talvez um pouco mais de ousadia na experimentação de algumas dissonâncias que se perderam entre as efemeridades musicais que ganharam mais espaço ajudasse.
Ah! Um pouco mais de peso na produção também cairia bem…
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