Lords of Black – Resenha de “Alchemy Of Souls: Part I” (2020)

 

“Alchemy Of Souls: Part I” é o quarto disco da banda espanhola Lords of Black, famosa não só pela sua forma inventiva e híbrida de heavy metal, mas também por ser a banda do vocalista Ronnie Romero e do guitarrista Tony Hernando.

Musicalmente, esse trabalho mantém o metal tradicional mesclado a elementos melódicos, sinfônicos e progressivos, mas com a adrenalina do hard rock.

Ou seja, temos arranjos épicos, explosões de melodia ou técnica instrumental, e vocais dramáticos, sustentados pela seção rítmica sólida e precisa onde está o novato Jo Nunez (bateria) e também o baixista Dani Criado.

Lords of Black - Alchemy Of Souls, Part I (2020, Frontiers Records)

Aliás, a troca na bateria foi a única importante mudança daquele Lords of Black que nos deu “Icons of the New Days” em 2018, afinal, o vocalista Ronnie Romero chegou a deixar a banda em 2019, mas voltou no ano seguinte.

Obviamente, esse foi um evento que impactou o guitarrista e principal compositor Tony Hernando. Mas ele conseguiu manter a banda até a volta de Romero com o vocalista Diego Valdez, do Dream Child.

Grosso modo, essas onze músicas são desenhadas por um power/heavy metal marcado pela personalidade forte e emoção sincera, à partir de influências óbvias.

Um dos destaques do repertório mostra bem como funciona essa tal criatividade do Lords of Black, afinal, “You Came To Me”, responsável por fechar o material, é uma peça que é tocada ao piano em parceria com o músico erudito Victor Diez.

Embora o álbum seja apresentado como “Parte I”, “Alchemy of Souls” não é propriamente um disco conceitual com enredo linear.

Esse subtítulo serve mais como um indicativo de que essas músicas guardam uma conexão de temática: a guerra entre o bem e o mal em todas as esferas do universo e do ser humano.

Com esse tema e com os eventos que cercaram a banda no ínterim desde “Icons of the New Days” (2018), não espanta o fato desse ser um disco mais sombrio.

Ao mesmo tempo, “Alchemy Of Souls” é o trabalho mais maduro do Lords of Black até agora.

As composições são guiadas pelas guitarras e, nesse sentido, o trabalho em estúdio ao lado de Roland Grapow deu ainda mais brilhantismo e força ao instrumento de Tony Hernando, que guia pontos estratégicos do repertório como “Dying to Live Again”, “Into The Black”, “Disease in Disguise”, seja pelos riffs pesados, as harmonias classudas ou pelos solos empolgantes.

O Lords of Black injeta em suas músicas um peso moderno e dinâmico, mesmo naquelas que estejam alinhadas a padrões desenvolvidos nos anos 1990, como ouvimos na primeira e na terceira partes do disco

Isso tira o cheiro de mofo dos arranjos, deixando apenas o timbre vocal de Ronnie Romero como o elemento mais impregnado de deja vu na sonoridade.

“Deliverance Lost”, por exemplo, é outro destaque e resgata aquele speed metal mezzo melódico mezzo progressivo praticado nos anos noventa ao mesmo tempo que serve de evidência para esse meu ponto.

Por sua vez, “Sacrifice” e “Closer to Your Fall” (com trabalho brilhante de Romero) vão trazer algo do hard/melodic rock europeu atual para o jogo musical do Lords of Black, se tornando dois dos momentos mais cativantes do disco, com refrão certeiro, daqueles que grudam de primeira.

Aliás, o hard rock será um terreno que também se fará presente na dramática “Brightest Star”, uma faixa que mistura com bastante classe o Helloween com o Whitesnake.

Essa segunda parte do disco te faz lembrar que a banda espanhola lançou seus últimos três discos, incluindo este, pela gravadora italiana Frontiers Records, pois está mais encaixada à tradição musical do selo.

À partir de “Shadows Kill Twice” eles voltam à tenacidade power/heavy metal dando até mesmo um toque mais progressivo aqui e acolá, nas músicas.

Em “Tides of Blood”, por exemplo, Ronnie Romero brilha como discípulo de Ronnie James Dio, assim como Tony Hernando de Tony Iommi, numa faixa cadenciada, sombria e com DNA sabático.

Porém, a grande composição por aqui é a épica “Alchemy of Souls”, com seus mais de dez minutos de pureza metálica e maturidade para misturar peso, melodia e dramaticidade, numa dinâmica envolvente que te leva por uma viagem musical.

Enfim, esse é mais um excelente lançamento da Frontiers que a Hellion Records traz para o Brasil em formato slipcase.

Vá atrás, pois vale muito a pena!

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