RESENHA | Heavy Feather – “Débris & Rubble” (2019)

 

“Débris & Rubble” é o primeiro álbum de estúdio da banda sueca Heavy Feather. Sim, mais uma banda sueca a investir numa “releitura” do Rock N’ Roll!

Todavia, em se tratando da qualidade das bandas suecas que focam seus esforços no vintage rock, nunca o termo “mais uma banda” pode ser entendido como adjetivo, mas apenas pela sua função original de contagem.

Heavy Feather - Débris & Rubble (2019)

O Heavy Feather é uma banda formada em Estocolmo, sendo este “Débris & Rubble” seu disco de estréia que acaba de chegar ao Brasil via Hellion Records.

E assim como seus compatriotas do Blues Pills e do The Riven, o quarteto sueco traz como destaque a força de sua vocalista, Lisa Lystam (também responsável pelos arranjos de harmonica), que transpõe para a determinação roqueira a volúpia das cantoras de r&b das décadas de 1950 e 1960.

O que não significa que ela seja um poço se histrionismo e vocalizações orgásticas. Suas interpretações carregam sensibilidade e técnica na mesma medida, e isso fica bem desenhado na ótima “Hey There Mama”.

Além dessa, confira o que ela faz na balada de apelo southern “Tell Me Your Tale” e tente não se emocionar pela nostalgia que essa música nos traz.

Musicalmente, podemos ouvir um rock n’ roll direto, de guitarras vívidas e rústicas, vocais melódicos e lascivos, e uma seção rítmica explosiva, numa mistura interessante das formas setentistas diversas do rock, indo do hard rock ao garage rock com a mesma fluidez que misturam influências britânicas e norte-americanas.

Muito provavelmente bandas como Free, Fleetwood Mac, Heart, Big Brother & Holding Company, Canned Heat e Little Feat passarão pela sua mente enquanto as onze faixas que completam este “Débris & Rubble” desenrolarem.

As harmonias, os slides e os timbres de guitarra carregam a herança de nomes Jimi Hendrix, Alvin Lee e John Fogerty, enquanto a cozinha segue sustentando tudo com energia e organicidade vintage, além de guiar os grooves certeiros.

Claro que isso imprime no disco uma constante sensação de déjà vu, principalmente se você está familiarizado com os nomes por aqui citados, o que não diminui o resultado final, pois é óbvio que eles querem apenas praticar o rock setentista com honestidade e paixão!

Ou seja, apesar da banda ter personalidade, originalidade não parece ser uma preocupação por aqui, sendo que algumas passagens soam genéricas simplesmente por não se desviarem da forma mais pura e clássica do rock.

Mesmo assim não dá pra ignorar que talvez seja justamente no quesito criatividade que eles ainda precisem lapidar o potencial que demonstram ter para podermos colocá-los numa posição de destaque dentre seus compatriotas que se dedicam a abordagens semelhantes, como Blues Pills, Honeymoon Disease ou o Lucifer, por exemplo.

Nesse contexto, as arrojadas “Where Did You Go” (como resistir a um bom rock n’ roll com cowbell), “Higher”, “I Spend My Money Wrong” (uma das melhores músicas do disco) e “Long Ride” (outro grande momento do repertório) nos apresentam uma versão pura e sem gelo de sua fórmula, muito bem destilada pela produção orgânica e crua, saudando o primitivismo roqueiro enraizado nas possibilidade do blues (mesmo nas psicodélicas, como em “Please Don’t Leave”) e com um pé na melodia soul/r&b (mais acentuadas nas ótimas “Dreams” e “Whispering Things”)!

Se originalidade e criatividade não são requisitos mínimos para que você dedique seu tempo a uma disco do bom e velho rock n’ roll, e você curte uma cozinha pulsante, solos e riffs que funcionam perfeitamente em sua simplicidade e um vocal feminino forte, bem vindo a mais esta festa rock n’ roll oferecida pela Suécia!

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