“Electric Gypsy” é o autointitulado álbum de estréia do quarteto formado por Guzz Collins (Voz), Nolas (Guitarra), Pete (Baixo) e Robert Zimmerman (Bateria), em Belo Horizonte. O disco foi produzido pelo influente produtor musical Cris Simões, do Pacific Studio, e masterizado por Icy Sasaki, o material sucede o EP “Lady Luck”, lançado digitalmente no segundo semestre de 2020.
Acredito que um dos grandes segredos que poucas bandas possuem é passar para o ouvinte do que se trata sua música antes mesmo dele ouvi-la. No caso deste primeiro álbum do Electric Gypsy não havia dúvida: era hard rock à moda oitentista numa probabilidade de 99%. Afinal, as referências ao L. A. Guns e ao Whitesnake estão no nome da banda e na estética da capa. Ou seja, toda a imagética do Electric Gypsy, incluindo aí o visual, mostra que conhecem do riscado.
O um por cento restante da dúvida foi dirimido quando lemos o selo pelo qual o disco foi lançado: Steelheart la fora, e Animal Records, no Brasil. Era certo: hard rock com selo de qualidade garantido!
De fato, as músicas que completam o disco mostram uma total influência do hard rock norte-americano, absorvendo seus aspectos definidores e marcantes de uma forma quase inédita para uma banda brasileira. O mais legal do disco é que a banda não se resumiu apenas às referências musicais oitentistas, mas também no cinema da época para os climas e as letras.
Além disso, usando com sagacidade as artimanhas do estilo, fica claro que eles não temem os riscos da versatilidade, o que contribui para que o álbum não caia na mesmice. Temos muitos detalhes inteligente alocados que dão muita personalidade ao hard rock desta banda competentíssima, além de lembrar ótimos nomes do movimento hard rock norte americano como o Great White, o Aerosmith, o Cinderella e o Bon Jovi.
Isso posto, posso afirmar que poucas bandas brasileiras foram tão eficientes em desenhar esse tipo de sonoridade com a construção de melodias e harmonias, tanto instrumental quanto nas linhas de voz. E eles fazem isso sem querer reinventar nada, apenas praticando os cânones do hard rock com simplicidade e paixão, inserindo alguns tecnicismos quando necessários para dar mais adrenalina à música.
Eles foram inteligentes ao pincelar nesta paisagem musical mais básica, detalhes que deram vida às composições, como percussão, naipe de metais, sintetizadores, mudanças inesperadas no andamento e os backing vocals, que são artifícios usados pontualmente, como truques de mestres. Faixas como “Roundabout” e “Rivers of Tomorrow” mostram tudo isso, mas de formas diferentes, sendo dois destaques imediatos no repertório.
É necessário enaltecer o trabalho do produtor Cris Simoes que mixou, gravou os detalhes de hammond, e deu o direcionamento certo para o hard rock da banda, que soa sempre vibrante, moderno e orgânico.
Ou seja, “Electric Gypsy” é o auto-intitulado disco de uma banda que, através de uma produção orgânica e moderna, oferece exatamente aquilo que todo fã do estilo deseja, oscilando entre peças melódicas e o hard rock mais inflamado, com sabor oitentista, andamentos empolgantes e refrãos pegajosos um atrás do outro, porém sem o cheio do mofo do saudosismo e com certo requinte classic rock!
O Electric Gypsy, desta forma, entregou um belíssimo cartão de apresentação, sendo uma banda para se prestar muita atenção, pois possuem alto potencial em termos de composição!
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