Draconian – Resenha de “Sovran” (2015)

 

“Sovran” é o sexto álbum de estúdio da banda Draconian, lançado em outubro de 2015, via Napalm Records, e que acaba de ganhar uma versão nacional tão requintada quanto a música que ouvimos, embalado num slipcase com estampa prateada, poster e faixa bônus, via Cold Art Industry.

Este disco traz consigo a marca de ser o primeiro com a vocalista Heike Langhans, que substituiu Lisa Johansson após sua saída em 2011, e o último com o baixista Fredrik Johansson.

Draconian - SOVRAN (2015, 2021 - Cold Art Industry)

E Heike será a responsável pelos vocais femininos que contrastarão com os guturais de Anders Jacobsson, um dos principais elementos que trarão o requinte gótico ao ambiente árido, melancólico e obscuro do death/doom metal do Draconian.

Conceitualmente, “Sovran” está ligado a melancolia inerente ao caminho de compreensão das ideias universais de consciência cósmica, algo que pode ser interpretado na capa onde o olho representa a ligação entre os Céus e a Terra.

De certo modo, “SOVRAN” vinha como uma proposta mais pesada, lenta, sombria e densa, resgatando aspectos dos primeiros clássicos como “Arcane Rain Fell” (2005) e “The Burning Halo” (2006), um processo que já havia sido iniciado em “A Rose for the Apocalypse” (2011), seu álbum anterior.

Porém, a importante mudança na formação, as composições menos arriscadas e o clima do álbum amplificam ainda mais a impressão de recomeço para o Draconian.

Isso é perceptível desde a abertura de impacto intitulada “Heavy Lies the Crown” (com guitarras sorumbáticas e desoladoras amparadas por teclados macabros), onde a nova vocalista tirava qualquer dúvida que podia pairar sobre sua performance (sua voz brilhará também em “No Lonelier Star”).

Musicalmente, temos referências noventistas dentro do doom/death/gothic metal se chocando com a personalidade própria e mais moderna do Draconian, desenrolando sua sonoridade ancorada à tradição britânica estabelecida pelo Paradise Lost e, principalmente, pelo My Dying Bride, como revelam “The Wretched Tide” “Pale Tortured Blood” que chegarão na sequência.

Mais à frente essa alquimia será melhor desenvolvida em “Dishearten” (com uma estética próxima também ao que o Anathema e o Katatonia faziam na segunda metade dos anos noventa) e “The Marriage of Attaris” (que carrega todo o lirismo e todo o romantismo do doom/gothic metal noventista), fatalmente os pontos mais altos do disco.

O grande trunfo destas composições certamente vem das atmosferas criadas pelos teclados e do requinte gerado por tudo o que está alheio ao trinômio guitarra-baixo-bateria.

Veja bem, o Draconian tem nesses três instrumentos sua base de sustentação, mas, de fato, sua excelência musical acontece dos desdobramentos que estão sobrepostos a estes instrumentos.

Claro que as melodias envolventes desenhadas nas guitarras possuem seu valor para o resultado final tão instigante de “Sovran”, mas eles soariam menores sem o contraste melancólico e profundo gerado pelas atmosferas.

Isso é algo bem marcante em “Rivers between Us”, uma composição brilhante que soa como uma versão gothic rock do Marillion com vocais guturais. Essa faixa ainda traz uma participação de Daniel Änghede, vocalista e guitarrista da estupenda banda de prog-post rock Crippled Black Phoenix entre 2012 e 2019.

Ou seja, “Sovran” traz o Draconian explorando os limites mais pesados e ásperos do doom/death metal com classe e elegância para harmonizar tristeza e requinte ao sobrepor arranjos de extremo bom gosto em suas estruturas arrastadas, melancólicas e lentas (talvez “Stellar Bombs” seja onde isso tudo fica melhor aglutinado).

O trabalho em estúdio é cristalino, amplificando todas as potencialidades e jogando os problemas para as sombras onde não podem ser ouvidos, fechando o conjunto da obra com o alto nível que já é inerente aos álbuns do Draconian.

Mesmo assim fica a sensação de que com tudo no lugar ainda faltava algo para tornar essas músicas brilhantes.

O Draconian não comprometia, mas, salvo nas últimas três faixas, soava um tanto previsível por causa do alto nível pré-estabelecido pelos seus próprios méritos.

Entretanto, o futuro revelaria que estavam no caminho certo e o álbum seguinte, “Under a Godless Veil” apararia todas estas arestas nos detalhes e se revelaria uma obra-prima do gênero.

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2 comentários em “Draconian – Resenha de “Sovran” (2015)”

  1. Marcelo Lopes Vieira

    Obrigado pelo elogios à resenha e pela sugestão. Vou estudar isso o mais rápido possível! Valeu pela parceria de sempre!

  2. coldartindustry@gmail.com

    Excelente resenha meu amigo. Parabéns! Tenta colocar um contador de acessos, para com isso a turma saber quantas pessoas já visualizaram as publicações. com isso ira impulsionar ainda mais o seu trabalho e captar mais colaboradores 😉

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