Deep Purple – “Live In Wollongong 2001” (2021) | Resenha

 

“Live In Wollongong 2001” é um disco ao vivo da banda Deep Purple, registrado na Austrália em março de 2001, e que faz parte da Soundboard Series, uma série de lançamentos que se concentra nas últimas três décadas de shows da banda pelo mundo. O disco foi lançado no Brasil em formato duplo por uma parceira entre os selos Shinigami Records e earMUSIC.

Deep Purple Live In Wollongong 2001

A virada do milênio trazia um Deep Purple renovado após várias turbulências na sua carreira, principalmente nas mudanças de formação. O fato é que desde a entrada do guitarrista Steve Morse, em 1994, o Purple parecia ter encontrado enfim sua paz.

Com isso, entraram numa fase interessante, tanto de álbuns, quanto de projetos. No outono de 1999, por exemplo, a banda fez dois concertos, com lucros revertidos para a caridade, no Royal Albert Hall com a London Symphony Orchestra e uma série de convidados, incluindo Ronnie James Dio.

O sucesso destes shows foi tamanho que o Deep Purple resolveu leva-lo numa turnê, que passou pela América do Sul, usando uma orquestra local de cada país e Ronnie James Dio, além de mais um cantor convidado e o regente da orquestra.

Enquanto isso estavam em atividade plena com a agenda normal da banda, com turnês que se seguiriam entre os anos de 2000 e 2001, acumulando shows por todo o mundo, inclusive uma sensacional apresentação no Montreux Jazz Festival.

Os primeiro shows da retomada da turnê do álbum “Abandon” (1998), batizada de A.Band.On.Tour, levou o Deep Purple, em 13 de março de 2001 a Wollongong, na Austrália, cujo show foi registrado e lançado como parte do box “The Soundboard Series” (2001).

Este show é importante para a história da banda, pois mostra, além de um conjunto de músicos motivados e determinados no palco, uma das últimas apresentações de Jon Lord como tecladista da formação.

Após os shows na Autrália, o Deep Purple passaria pelo Japão, faria algumas datas na Ásia e uma na Índia, até embarcar para os Estados Unidos, onde fariam entre junho e julho de 2001 uma turnê ao lado do Lynyrd Skynyrd.

Na sequência da turnê, na Europa, entre os meses de agosto e setembro de 2001, Jon Lord precisou operar o joelho e foi substituído temporariamente por Don Airey, um tecladista icônico e que passou por diversas bandas de hard rock, entre elas, o Rainbow, de Ritchie Blackmore e o Whitesnake, de David Coverdale, além de Ozzy Osbourne.

Porém, em 2002, a turnê teve que ser cancelada por uma doença que acometeu Ian Gillan após o primeiro show em Londres, justamente aquela que seria a turnê de despedida de Jon Lord da banda, fato que só foi revelado ao público quando os shows recomeçaram em setembro.

Em 2002, o tecladista Jon Lord decide abandonar a estrada e na sua turnê de despedida chegou a dividir os teclados com Don Airey em partes distintas do show, fazendo uma transição tranquila.

Fiz todo este percurso biográfico pois acho necessário ter este panorama para entender a banda que ouvimos neste show gravado em Wollongong, no ano de 2001. Uma formação no auge do sua experiência e entrosamento, vivendo uma fase gloriosa, ainda contando com a maioria de seus membros mais icônicos (de fato, só faltava Ritchie Blackmore).

As quinze faixas do repertório foram executadas no Wollongong Entertainment Centre, uma arena multiuso na cidade de Wollongong que fica a 68 quilômetros de Sydney e chamam a atenção por serem acompanhadas por um naipe de metais e um trio feminino de backing vocals.

Além da sempre irrepreensível, pra não dizer perfeita, performance da banda nas passagens instrumentais (tudo bem que Steve Morse exagera no tempero fusion em diversos momentos), com energia, técnica e a precisão em cada movimento, mas sem perder a organicidade e a espontaneidade que sempre foram marcas do Deep Purple, esse disco duplo ao vivo mostrava como “Purpendicular” (1996) tinha composições consistentes quando comparadas com os clássicos.

“Ted the Mechanic”, “Sometimes I Feel Like Screaming” (uma bela balada, por sinal) e “Hey Cisco”, presentes no repertório são provas deste fato, e estão confortáveis ao lado de “Woman From Tokyo”, “Lazy” (a melhor do show), “Black Night”, “Perfect Strangers” (que ficou ótima com o naipe de metais), “Speed King” (com Jimmy Barnes, um cantor britânico radicado na Austrália e pai da talentosíssima cantora Mahalia Barnes) e “Highway Star”. Claro que ainda temos “Smoke on the Water” esticada em mais de dez minutos, ms essa já é tradicional.

Além destas podemos destacar como bons momentos do show as faixas “Mary Long” (do por vezes esquecido e pesadíssimo “Who Do We Think We Are?” [1973]) e “No One Came” e “Fools” (ambas retiradas do álbum “Fireball” [1971]), que confesso inesperados.

Se você está companhando os inúmeros discos ao vivo que estão chegando do Deep Purple, não deixe este passar em branco, pois ele funciona como um recorte da banda em uma de suas últimas grandes fases, se não a última grande fase.

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