Deep Purple – Resenha de “Live in Rome 2013”

 

O Deep Purple é uma das bandas mais importantes da história e seu legado foi construído em cima dos palcos, onde foi registrada em discos clássicos como “Live In Japan” (1972) e “Live in Europe” (1976), com suas duas formações mais emblemáticas.

Além destes, sempre existiram muitos bootlegs ao vivo que agora dividem espaço com uma série de gravações de shows que eles resolveram tirar do baú e disponibilizar para os fãs.

Claro que já temos várias décadas separando aqueles clássicos álbuns ao vivo deste “Live In Rome 2013”, porém este material tem um sabor especial.

Ele foi registrado durante a turne do álbum “Now What?”, quando ainda estavam assimilando a perda do tecladista Jon Lord, um dos maioires tecladistas da história, dono de uma performance insana, cujas teclas borbulhavam virtuosismo e vigor.

Fatalmente naquele período existia o sentimento de seus companheiros de banda de não tê-lo ao lado e a questão de como soariam ao vivo com o experiente Don Airey.

Ou seja, “Live in Rome 2013” é um registro histórico desse momento crítico da biografia do Deep Purple, com a formação MK VIII (Ian Gillan, Steve Morse, Don Airey, Roger Glover e Ian Paice).

Deep Purple - Live In Rome (2020)
Deep Purple – “Live In Rome 2013” (2020, Shinigami Records)

O repertório é irrepreensível, recheado de clássicos do rock, não apenas da banda, dividindo espaço com composições novas e até algumas obscuridades num CD duplo que chega ao Brasil via Shinigami Records.

Ao longo de vinte e duas músicas eles entregam uma performance enérgica e emocional, digna da história do Deep Purple.

De cara chama a atenção não abrirem o show com “Highway Star” (incrivelmente ela nem aparece no repertório) e sim com a também explosiva “Fireball” (após uma introdução épica e quase cinematográfica) e suas incursões instrumentais de cair o queixo, que emendam em “Into the Fire” (um blues rock torto, à moda Deep Purple, retirado do clássico “In Rock”).

Já é melhor do que fizeram em “…To the Rising Sun (In Tokyo)” (2015), onde abriam o show com “Après vous”, faixa de abertura de “Now What?”. Nada contra essa música, mas algumas tradições não podem ser quebradas, afinal são quase ritualísticas.

As longas jams do passado foram reduzidas (mesmo assim temos um delicioso duelo de guitarra e teclado em “Hush”) e a voz de Gillan já demonstra cansaço natural (os agudos já são impraticáveis, mas a classe e a energia compensam – as três primeiras músicas são executadas sem intervalos).

Todavia permanecem as guitarras bombásticas, os teclados empolgantes (Don Airey foi o substituto perfeito para Jon Lord e nos oferece um ótimo solo com referências eruditas e uma citação ao riff de “Mr. Crowley”, de Ozzy Osbourne) e uma seção rítmica muito sólida (a dupla Paice/Glover é uma das melhores da história do rock).

Steve Morse é um gênio nas seis cordas e o grande destaque individual, não só em momentos de protagonismo como em seu solo registrado no primeiro CD, ou na composição “The Well-Dressed Guitar”, mas também quando sustenta as harmonias coadjuvantes.

O repertório segue com clássicos imortais como “Hard Lovin’ Man”, “Strange Kind of Woman”, “The Mule” e “Lazy”, intercalados por músicas mais “recentes” como “Vincent Price” (com vibe gótica nos climas), “All the Time in the World”, “Bodyline” e “Above And Beyond”, do álbum “Now What?”, “Contact Lost” de “Bananas”, além de retirar “No One Came” do fundo da gaveta do álbum “Fireball”.

O desfecho do show vem com a sequência “Perfect Strangers”, “Space Truckin'”, Smoke on the Water”, “Hush” e “Black Night”! Não dá pra reclamar.

Um disco ao vivo do Deep Purple nunca é “só mais um disco ao vivo do Deep Purple”, é parte da história do rock sendo registrada!

E aqui não é diferente!

Va atrás já!

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