Go Ahead And Die – “Go Ahead And Die” (2021) | Resenha

 

“Go Ahead And Die” é o auto-intitulado primeiro álbum do projeto de Max Cavalera junto com seu filho, o guitarrista, vocalista e baixista Igor Amadeus Cavalera, onde investem numa mistura de thrash metal death metal, mas como uma atitude punk/hardcore. O disco foi lançado no Brasil através da parceria entre os selos Shinigami Records e Nuclear Blast.

Go Ahead And Die 2021 Review Shinigami Records Nuclear Blast

Não há meio termo para definir o que ouvimos nestas onze explosões de metal punk, é pura raiva primitiva contra o sistema extravasada em forma de música brutal e agressiva. E como já é tradicional em todos os projetos e bandas de Max Cavalera, os riffs monstruosos e groovados e os refrãos imperativos são a força motriz de todas as composições.

O Go Ahead And Die já é o sexto projeto diferente da carreira de Max Cavalera e suas características principais estão espalhadas pelo trabalho criando laços com o ouvinte através de referências familiares aos ouvidos.

Dentre as músicas extremamente virulentas e revoltas do trio completado pelo baterista Zach Coleman (que aliás é parte importante da técnica brutal desta entidade metálica de puro ódio), é fácil criar essas correlações, como em “Prophet’s Prey” (entre o Sepultura da fase “Roots” e os primeiros discos do Soulfly), e “El Cuco” (que te fará lembrar dos clássicos antigos do Sepultura, assim como “G.A.A.D.”).

Essas duas são fatalmente os maiores destaques do álbum simplesmente por soarem como uma fusão do antigo Sepultura com o antigo Discharge. Ou seja, um crossover de protesto na essência; árido, direto, com poucos solos e muito raivoso.

E se você ouvir com atenção esta é a aura de todo o disco. Outros momentos do repertório, como “Truckload Full Of Bodies”, “Toxic Freedom”, “Isolated/Desolated” “Roadkill” irão, de formas distintas e com abordagens variadas de ritmo e harmonias, mostrar tentativas de capturar a aura old-school da música extrema, de bandas como Celtic Frost, Sodom, Sepultura, G.B.H., Varukers, Amebix e Anti-Cimex.

Aliás, se por um lado você tem a dinâmica enérgica e harmônica do proto-death metal, por outro, as referência ao crust/d-beat e ao hardcore escandinavo estão impressos na velocidade, nos vocais, e no instrumental caótico e dissonante de algumas passagens (a pedrada “I.C.E. Cage” resume bem isso).

Em faixas como “Worth Less Than Piss” e “(In The) Slaughterline” eles chegam a ir fundo no hardcore mais tradicional e esbarram no estilo desenhado com maestria pelo Dead Kennedys.

Os vocais chamam a atenção, pois podemos ouvir Max e o filho Igor (que tem o timbre e a atitude certa do crust/punk) dividindo a função (assim como nas guitarras) em linhas que soam sinceras tanto na agressividade empregada quanto no discurso de revolta entoado nas letras (que trazem todos so clichês anti-sistema inerentes ao punk/hardcore).

A produção crua e orgânica combinou muito bem com a estética musical do trio, amplificando a impressão de que todas as faixas foram gravadas ao vivo. Embora seja um álbum de som intransigente, agressivo e cru, a banda é criativa e possui truques envolventes na variação de ritmos e ataque das guitarras.

Em certa medida, o Go Ahead And Die lembra um Nailbomb melhor produzido e melhor acabado. Porém, reforço que a parcela de personalidade impressa por Igor Amadeus é forte e dá identidade própria ao som do trio, até mais do que Max.

Em suma, o Go Ahead And Die não é para todos os ouvidos, mas se você gostas de música suja, anárquica e virulenta, pode entrar de cabeça nesta peça totalmente anti-mainstream!

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