David Eric Grohl (Warren, 14 de janeiro de 1969) é um músico e compositor norte-americano mais conhecido como baterista do Nirvana e, posteriormente, como líder do Foo Fighters. Hoje vamos escolher cinco discos essenciais para conhecer na carreira do polivalente Dave Grohl, o cara mais carismático do rock na atualidade.
Pode ser difícil imaginar isso vendo a imagem de Dave Grohl nos dias atuais, mas ele é filho do punk rock, tanto que antes de ser famoso como baterista do Nirvana, ele apareceu, no começo dos anos oitenta, na banda Scream. Natural de Ohio, ele chegou ao Nirvana através de contatos com Buzz Osborne, do Melvins, e após um teste ao lado de Kurt Cobain e Krist Novoselic ele entrou para a banda em setembro de 1990. “Nevermind” seria lançado um ano depois.
O desfecho do Nirvana é conhecido e após uma rápida passagem pela banda de Tom Petty, como parte do Heartbreakers, Grohl decide entrar em estúdio e gravar suas músicas, à conselho do próprio Tom Petty. Essas composições dariam origem ao primeiro disco do Foo Fighters, e o resto é história.
1. NIRVANA: “In Utero” (1993)
Ok! Todo mundo sabe que “Nevermind” foi o disco que explodiu todo o sucesso do grunge, levando à reboque um enumerado de boas bandas que rompiam com as frivolidades e excessos (para o bem ou para o mal) das bandas oitentistas, como uma avalanche que mudou o panorama do rock na década de 1990.
Porém, “In Utero”, lançado em 1993, dois anos após “Nevermind”, apresentava uma banda mais amadurecida, evoluindo da fórmula minimalista das composições anteriores. Foi justamente com esse disco que o Nirvana mostrou que podia ir além de um trio capitaneado por um príncipe feérico em trajes boquirrotos que ia pouco além de um mimetismo “sexpistolsniano”, enquanto caminhava musicalmente de modo medíocre “tentando encarnar o Pixies”, como o próprio Cobain assumiria mais tarde: “Nós usamos o seu senso de dinâmica, sendo suave e quieto e então pesado e alto”.
Não que em “In Utero” o Nirvana tenha diminuído sua rebeldia quase inconsequentemente. Faixas como “Rape Me”, “Serve the Servantes” (dando o recado já de saída), “Scentlesss Apprentice” e “Tourett’s”, estão aqui para nos lembrar disso. Porém, não há como negar que “Dumb”, “Pennyroyal Tea”, “All Apologies” e o grande hit do disco, “Heat Shapped Box” mostravam que a banda podia mais, ampliando seus horizontes musicais.
Infelizmente, o suicídio de Kurt Cobain em abril de 1994 pôs fim à banda mais meteórica dos anos 1990, deixando “In Utero” como o último álbum de estúdio do Nirvana, um dos grandes nomes do rock. Dave Grohl esteve nos últimos quatro anos do Nirvana e, apesar de ser menos valorizado que outros membros do trio, foi peça chave para a injeção de energia positiva que equalizava com a densidade melancólica e raivosa emanada por Kurt Cobain.
2. FOO FIGHTERS: “The Color and the Shape” (1997)
O primeiro disco do Foo Fighters sairia já em 1995, à partir do trabalho em estúdio de Dave Grohl tocando todos os instrumentos. Claro que a novidade do primeiro trabalho de um ex-membro do Nirvana chamou a atenção. Ainda mais quando o baterista rumou para a frente do palco, empunhando uma guitarra e entoando as linhas vocais. A banda só foi formada na turnê de divulgação, com Pat Smear, velho conhecido do Nirvana, na guitarra e o baixista Nate Mendel.
“The Color and the Shape”, o segundo disco, chegaria em 1997 com o Foo Fighters já funcionando como uma banda. Dave Grohl regravou quase todas as baterias das composições, o que motivou a saída do baterista William Goldsmith. Porém, Taylor Hawkins só entraria na banda após o lançamento do disco.
Com um repertório liderado por faixas como “My Hero” e o mega-sucesso “Everlong”, Dave Grohl e sua banda entregava um blend de rock alternativo orientado ao punk com boas baladas e melodias certeiras. Até por isso, “The Color and the Shape” seria o melhor disco do Foo Fighters em sua primeira década, sendo superado apenas por “Wasting Light” (2001), quando o Foo Fighters trouxe um disco mais maduro e com uma total essência classic rock.
O sucesso acachapante viria no disco seguinte, “There Is Nothing Left to Lose” (1999), impulsionado pelo hit “Learning to Fly”, e mantido com os discos “One by One” (2002) – com a marcante “Times Like These” – e “In Your Honor” (2005 – que traz, além do sucesso “Best of You”, a lindíssima “Virginia Moon”).
À partir daí a banda oscilaria em qualidade em seus discos e ousaria em projetos como o ótimo “Sonic Highways” (2014). O disco mais recente, até o momento, é o bom “Concrete & Gold” (2017),que resenhamos aqui.
3. QUEENS OF THE STONE AGE: “Songs for the Deaf” (2002)
O Queens Of The Stone Age era formado por nomes da importantes da geração noventista norte-americana e trazia um pouco da sujeira estradeira do stoner rock/metal para uma forma mais acessível. Filho direto do Kyuss, o QotSA foi fundado por Josh Homme, outrora guitarrista e líder do Kyuss. Após o primeiro álbum, Nick Oliveri (também ex-integrante do Kyuss) se juntaria à banda.
Em seus primeiros anos, o QotSA funcionou como um projeto de Josh Homme com diversas participações especiais, constante trocas de integrantes e, nesse caminho, Dave Grohl foi anunciado como membro da banda em 2002, ao lado de uma oficialização do vocalista Mark Lanegan e do guitarrista Troy Van Leeuwen (do A Perfect Circle) na formação.
O QotSA era um verdadeiro supergrupo do rock naquele início de milênio e entregou um disco à altura. “Songs For The Deaf” era o terceiro disco da banda, que tem, além do rótulo de ser um dos discos mais importantes do rock no novo milênio (ao lado do Hellacopters e do Strokes), a marca de por Dave Grohl novamente no comando apenas da bateria.
O repertório do disco fala por si, desenvolvendo um stoner rock com alma estradeira, calor do deserto e o cheiro de gasolina, cheio de vigor e competência. Faixas como “No One Knows”, “First it Giveth” e “Mosquito Song”, mostram como a herança setentista do Black Sabbath era retrabalhada pela estética stoner do Kyuss mesclado à melodia chapada do Monster Magnet.
4. PROBOT: “Probot” (2004)
Ao longo dos anos, Dave Grohl desenvolveu projetos mais do que interessantes em paralelo à sua banda, o Foo Fighters. Um dos frutos mais interessantes dentre esses projetos, sem dúvidas, atende pelo nome de Probot.
Infelizmente, talvez esse seja o menos conhecido! Quando se pensava na música de Dave Grohl em 2004, logo vinha à mente mainstream, grunge e alternativo, e até por isso quando ele colocou este projeto em prática pegou muita gente de surpresa. Após escrever alguns riffs pesados demais para o Foo Fighters, ele fez uma lista com seus vocalistas preferidos entre 1983 e 1989, e compôs dez músicas que se encaixavam nas vozes destes que eram, majoritariamente, de heavy metal.
Mas heavy metal do quilate de Venom, Sepultura, Motorhead, Corrosion of Conformity, Cathedral, D.R.I., The Obsessed, Celtic Frost, Voi Vod, Trouble, e Mercyful Fate. E cada um deles tinha um representante dentre as faixas que completam o disco do Probot. Ainda temos o guitarrista Kim Thayil, do Soundgarden, em duas faixas.
A capa foi feita por Away, do Voi Vod, e o disco demorou quatro anos para ficar pronto. Sem dúvidas, o maior destaque reside na faixa “Shake Your Blood”, com a voz sagrada de Lemmy Kilmister, com o restante do repertório não decepcionando. Eu te indico deixa a última faixa rolar até que “I Am the Warlock”, com Jack Black nos vocais, comece! Se você gosta de heavy metal vá atrás de esse disco, e você verá que Dave Grohl também é um fã do gênero.
5. THEM CROOKED VULTURES: “Them Crooked Vultures” (2009)
Dissemos que ao longo dos anos, Dave Grohl desenvolveu projetos mais do que interessantes em paralelo à sua banda, o Foo Fighters. E se o PROBOT não foi suficiente para você ter certeza disso, outro dos frutos mais interessantes dentre esses projetos, sem dúvidas, é o Them Crooked Vultures.
Confira a escalação do time: John Paul Jones (Led Zeppelin), Josh Homme (Queens of the Stone Age e Kyuss) e Dave Grohl (Foo Fighters e ex-Nirvana). Um power trio digno da etiqueta SUPERGRUPO (em caixa alta mesmo)!
Se no PROBOT Dave Grohl reuniu um conjunto de nomes para uma festa heavy metal movida a composições inspiradas pelos anos oitenta, cinco anos depois ele estava do lado de Josh Homme novamente para praticar um stoner rock cheio de groove e peso, épico e técnico, tendo em John Paul Jones a estrela mais brilhante da constelação, o diferencial no bom gosto dos arranjos carregados do peso noventista e das influências setentistas.
E apesar dos nomes envolvidos, o grande trunfo dessas treze composições reside no fato dos músicos parecerem apenas se divertir com o bom e velho rock n’ roll valvulado, sem se levarem muito à sério, fazendo o básico com determinação e conhecimento de causa, e passando longe de modernismos. Do repertório, pode escolher qualquer uma das oito primeiras faixas como destaques, pois é um dos melhores discos da lista!
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