Cynic – “Ascension Codes” (2021) | Resenha

 

“Ascension Codes” é o quarto álbum da banda de prog rock/metal norte-americana Cynic, liderada por Paul Masvidal, vocalista e guitarrista que esteve ao lado de Chuck Schuldiner no Death em dado momento. “Ascension Codes” chega ao Brasil pelo selo Shinigami Records.

Cynic - Ascension Codes 2

O Cynic é uma das bandas mais interessantes que emergiram na cena do Death Metal, tendo iniciado suas atividades em 1987, e liderados pelas guitarras de Paul Masvidal e pela bateria de Sean Reinert. Entre seu nascimento e o ano de 1991, quando a dupla se juntou a Chuck Schuldiner, no Death, para gravar o antológico “Human”, o Cynic lançou quatro demo-tapes, registradas por formações instáveis que orbitavam em torno de Masvidal e Reinert.

O primeiro disco só viria em 1993, intitulado “Focus”, e redirecionaria o death metal para algo mais técnico, criando interseções com o rock progressivo e o jazz/fusion. Porém, no ano seguinte, quando todos esperavam o segundo disco veio o fim das atividades e o Cynic se tornaria uma lenda do death metal cultuada nos próximos anos.

Somente em 2006 teríamos a banda ativa novamente e nos próximos anos chegariam dois excelentes discos, “Traced in Air” (2008) e “Kindly Bent to Free Us” (2014), até que em 2015 Sean Reinert  anunciaria novamente o fim o Cynic pelos mesmos motivos de antes: diferenças artísticas. Enfim, o retorno veio mais rapidamente e em 2021 temos em mãos “Ascension Codes”, o novo álbum do Cynic.

Toda esta introdução é apenas para situar o leitor que mesmo com toda a lenda e o culto em torno do Cynic, “Ascension Codes” é apenas o seu quarto álbum de estúdio na discografia, lançado lá fora via Season Of Mist e no Brasil pelo selo Shinigami Records. Além disso, este é um disco marcado pelo peso da perda do baterista Sean Reinert em janeiro de 2020, aos 48 anos, e do baixista Sean Malone em dezembro do mesmo ano, aos 50 anos.

Para quem só acompanhou a banda na época do álbum “Focus”, pode assustar o fato de “Ascension Codes” mostrar uma banda que pende mais para os aspectos técnicos do rock progressivo do que para o peso e a violência do death/thrash metal. A dupla Paul Masvidal (guitarra e vocal) e Matt Lynch (bateria), que basicamente é o Cynic atualmente, levou a musicalidade para o campo da ousadia de uma forma quase espiritual, com muita inspiração e variação.

Em comparação aos discos anteriores, “Ascension Codes” mantem a veia prog rock/fusion ao mesmo tempo que traz guitarras mais sujas e com timbragem mais graves, mostrando que eles estão consumindo bandas mais modernas do seu nicho. Além disso, as composições estruturalmente estão muito bem acabadas, mostrando que Masvidal consegue criar algo que honre o nome do Cynic sem ter Sean Reinert e Sean Malone ao seu lado.

O disco, como a própria capa sugere é mais etéreo, espiritual e único dentro da obra da banda, o que torna difícil aprofundar nas comparações, ao mesmo tempo que entregam as passagens intrincadas e complexas que os saudosos esperam, mas  impressas por camadas de texturas sonoras sobrepostas que dialogam com seus discos mais recentes (algo presente já no início do disco com “The Winged Ones”).

Não seria exagero dizer que “Ascension Codes” é o ponto de equilíbrio entre o velho e o novo Cynic, assim como não seria exagero afirmar que composições brilhantes como “6th Dimensional Archetype”, “Diamond Light Body”, “In A Multiverse Where Atoms Sing”, “Aurora” (a melhor do disco) e “Mythical Serpents” fazem dos sons pinceladas de uma paisagem musical tão caótica, massiva, transcendental e profunda quanto um quadro impressionista num filme scifi de Stanley Kubrick.

Não há muito mais o que dizer de um disco difícil de descrever em palavras, pois para cada ouvinte creio que ele terá uma assimilação diferente. E assim como o Cynic é hoje uma banda única dentro do rock progressivo, “Ascension Codes” é um disco ímpar de sua discografia.

Se você gosta de música ousada, desafiadora e imersiva, então confira “Ascension Codes” em caráter de urgência, mas separe um tempo e um espaço confortável para faze-lo.

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