Black Star Riders – “Heavy Fire” (2017) | Resenha

 

“Heavy Fire” é o terceiro álbum de estúdio da banda de hard rock Black Star Riders, uma descendente direta do Thin Lizzy, lançado em 3 de fevereiro de 2017, via Nuclear Blast. No Brasil, o álbum foi lançado via Shinigami Records.

Black Star Riders - Heavy Fire (2017, Nuclear Blast, Shinigami Records) Resenha Review

Quando o Black Star Riders surgiu com o ótimo álbum “All Hells Breaks Loose” (2013), as marcas das guitarras gêmeas do Thin Lizzy e dos vocais que incorporavam Phil Lynott estavam cravados de modo indelével nas digitais do supergrupo, afinal aquele álbum nasceu como um novo trabalho da última encarnação do Thin Lizzy e que acabou se tornando o primeiro trabalho do Black Star Riders.

Neste ponto inicial, as semelhanças na formação e na sonoridade transformavam o álbum numa jornada quase saudosista, fato que seria amainado no segundo trabalho, “The Killer Instinct” (2015), onde a banda trazia um pouco mais de propriedade em sua identidade, diminuindo a sombra do passado sobre suas composições, que transbordavam paixão e se tornaram novos clássicos do Hard Rock, além de apontar um progresso na busca por sua sonoridade, dando mais personalidade às composições.

Agora, novamente contando com o trabalho do Nick Raskulinecz (Foo Fighters, Ruch, Ghost, Stone Sour), que já estava em “The Killer Instinct”, a banda atinge um novo patamar em sua história com “Heavy Fire”, novo álbum que se não for o melhor da discografia do Black Star Riders, será apontado daqui a alguns anos como aquele em que a banda definitivamente encontrou seu caminho musical próprio, soando mais livre aos meus ouvidos, flertando até mesmo com certas doses alternativas (que não são estranhas ao frontman Ricky Warwick), mas sem perder suas características.

É um Black Star Riders investindo numa sonoridade levemente modernizada, dialogando com o passado que está arraigado em sua estrutura, mas olhando para o futuro!

Claramente a forma com que foram dispostas as faixas é estratégica, criando uma evolução envolvente e dinâmica que culmina na balada “Fade”, faixa bônus que deveria estar elencada na versão normal do álbum, pois seus detalhes acústicos são de extremo bom gosto.

Diametralmente oposta, “Heavy Fire” abre o trabalho com guitarras pesadas e um riff  mais “malvadão” (flertando com o stoner) do que festeiro, num puro Rock N’ Roll com solos bem encaixados e variação nos andamentos, além de uma leve sujeira southern.

Já nesta faixa, sentimos que a banda está mais solta e menos preocupada em soar como o Thin Lizzy, mas mantendo a paixão nos arranjos poderosos e mais variados que também aparecerão em “Who Rides The Tiger” (novo clássico da banda e melhor do álbum), “Thinkin’ About You Could Get Me Killed”“Letting Go of Me”, faixas que representam bem este processo de metamorfose sonora em que a banda se encontram.

Também percebemos uma banda preocupada com detalhes, mas deixando-os surgirem de modo ainda mais fluido que no álbum anterior, como bem mostram na já citada balada bônus e principalmente nos backing vocals de “When The Night Come In” (impossível não lembrar do Thin Lizzy) e “Ticket to Rise” (outra que figura entre as melhores do álbum).

Além disso, as faixas vêm pinceladas de um pouco mais de sujeira em suas harmoniosas guitarras gêmeas, referências folk nos riffs, melodias grudentas e envolventes, além dos vocais “etilicamente” curtidos, dando um novo sabor até mesmo nas faixas que mais encarnam o espírito do Thin Lizzy, como em “Testify or Say Goodbye”, “True Blue Kid” e na já citada “When The Night Come In”.

Mas não se preocupe!

A abordagem simples, emocionante, carregada de poderosos acordes de guitarra estão mantidos no trabalho, afinal esta é a essência da banda, e mesmo quando abusam da não-linearidade dos arranjos, conseguem amplificar sua malícia envolvente.

Corroborando esta observação, seguramente, em um mundo menos emburrecido, faixas como “Dancing With The Wrong Girl” “Cold War Love” seriam hits radiofônicos arrebatadores.

“Heavy Fire” é o álbum que vem solidificar o Black Star Riders como banda, ajudando a transpor a marca de tributo/revival, criando uma peça poderosa do Hard Rock moderno.

Hoje em dia, a parte que cabe à herança do Thin Lizzy esta alocada nas melodias tipicamente folk, canalizadas com raiva e agressividade nos riffs e solos, diminuindo a sombra do gigante que os acompanha e crescendo em sua própria forma e identidade!

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