“Fresh From The Can” é o segundo álbum de estúdio da banda sueca de southern rock Backwood Spirit, que traz os vocais Göran Edman, conhecido pelo trabalho ao lado do guitarrista Yngwie Malmsteen.
Abaixo você lê nossa resenha completa deste disco que foi lançado originalmente em 2021, mas que ganhou uma versão nacional em 2022 à cargo do selo Hellion Records.
O Backwood Spirit foi fundado em Örebro, na Suécia, em 2014 pelo guitarrista e compositor Kent Engström. Quando as músicas foram escritas e as versões demo gravadas, era hora de montar uma banda permanente para registar um álbum. Engström na época juntou forças com o baterista Joje Lindskoog (Crossroad Jam), o vocalista Göran Edman (Yngwie Malmsteen, John Norum), o baixista Niclas Boson e o tecladista Tobias Åslund, este último que seria substituído por Peter Emilson.
O álbum auto-intitulado do Backwood Spirit foi lançado 2017 e chamou a atenção do público e da crítica européia, motivando Kent Engström a compor novas músicas. Assim, entre 2019 e o início de 2021, eles entraram novamente em estúdio para gravar o segundo disco, intitulado “Fresh From The Can”, com produção do próprio Kent Engström, ao lado de Joje Lindskoog e Kari Malm.
A proposta do Backwood Spirit é mesclar a forma southern clássica da Allman Brothers Band, com a pegada e a produção noventista do Black Crowes, a classe britânica setentista do Free, dos Rolling Stones, do Led Zeppelin, dos primeiros discos do Whitesnake, mas, principalmente, do Bad Company.
Com isso, eles exploram basicamente o classic rock estruturado nas possibilidades do blues à moda sulista norte-americana, com a classe britânica, em faixas como “Something About You” e “Mayflower”, os dois grandes destaques do repertório que me lembraram muito os dois primeiros discos do genial Little Feat.
Já outras músicas, como “Rainbow” e “Celebration” seguem uma direção inspirada pelos Rolling Stones e pelos Beatles, respectivamente; enquanto “Sweet In The Evening”, “Witchwood” (com um riff fabuloso) e “Leavin” bebem muito das fontes do Bad Company e do Led Zeppelin. Temos até mesmo algumas remissões progressivas, entre o Pink Floyd e o Deep Purple, ora pontuais, espalhadas aqui e ali, ora mais escancaradas como em “On Through The Night” (uma das melhores músicas do disco).
Todas são bons momentos do repertório que pende mais para o classic rock do que propriamente para o southern rock em diversos momentos, apesar do DNA sulista estar bem demarcado ao longo de todo o repertório.
Sem dúvidas, o brilhantismo do Backwood Spirit reside no vocalista Göran Edman, cuja elegância à lá Paul Rodgers deu um tom requintado às músicas que exploram uma forma calma e classuda do classic rock, muito calcada no blues no soul.
Confesso que em certos momentos falta um pouco de força, criatividade e tenacidade nas linhas de guitarra, além de ritmos mais variados, intensidade e determinação nas linhas vocais. Isso porque a linearidade do repertório em termos de energia e emoções deixam tudo um pouco ensimesmado e melancólico. Não basta ter um excelente vocalista para criar um disco brilhante de classic rock.
Mesmo assim, não dá pra negar que estamos falando de músicos técnicos e de altíssimo gabarito. As guitarras, por exemplo, apesar de limpas e simples, são bem trabalhadas (alguns solos, como o de “Sweet In The Evening (Lullaby)” mostram com mais evidência a influência de David Gilmour, do Pink Floyd), por sua vez, apoiadas por teclados na medida certa. E estes instrumentos são perfeitos para o meu argumento, pois falta-lhes uma dose a mais da rusticidade e da crueza que a proposta southern demanda.
Mesmo assim, “Fresh From The Can” é uma ótima pedida para acompanhar sua cerveja gelada ou seu uísque num momento de relaxamento no final de um dia cansativo de trabalho.
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