Angel Witch – “Angel Witch” (1980) | VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO

 

“Angel Witch”, clássico primeiro disco da banda ANGEL WITCH, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

Definição em um poucas palavras: pesado, NWOBHM, guitarras brilhando, Baphomet, não é satanista.

Estilo do Artista: Heavy Metal

Angel Witch - Angel Witch (1980, 2020, Hellion Records)

Comentário Geral: A New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM) foi um período entre 1979 e 1981 quando uma nova geração de bandas de cabeludos emergiram praticando um tipo de heavy rock que o punk tentou varrer para baixo do tapete.

Os nomes mais icônicos do movimento eram o Def Leppard, de Sheffield, o Iron Maiden de Londres, o Saxon de Yorkshire e o Venom de Newcastle.

Mas a fertilidade do heavy metal na Inglaterra gerou uma quantidade enorme de bandas nesse período, com maior ou menor destaque, como Diamond Head, Raven, Girlschool, Satan, Blitzkrieg, Tygers of Pan Tang, Witchfynde, Holocaust, Jaguar, Demon e Samson.

Uma das mais talentosas dentre todas era o Angel Witch.

Em 1981, bandas como Samson, Iron Maiden, Def Leppard, Saxon e Angel Witch viviam uma velada competição para saber quem seria o grande nome do metal inglês e, de certa forma, o Samson e o Saxon saíram na frente em 1980, pois lançavam um disco atrás do outro.

O jogo só viraria com a ida de Bruce Dickinson para o Iron Maiden, que havia ganhado a corrida pelo contrato com a EMI, e era a mais promissora das quatro, como o futuro nos mostraria.

Daquelas cinco bandas, o Angel Witch (que tinha o maior número de apostas de sucesso) e o Samson ficariam pelo caminho, o Def Leppard se renderia ao mercado norte-americano e o Saxon se manteria firme com uma uma discografia irrepreensível.

Mas a história do Angel Witch começa alguns anos antes.

Fundada sob o nome de Lucifer por Kevin Heybourne, em 1976, a biografia do Angel Witch começa, de fato, em 1978.

No mesmo ano, a formação foi estabilizada com o trio Kevin Heybourne, nas guitarras e vocais, Kevin “Skids” Riddles no baixo, e Dave Hogg, na bateria.

Logo começam a trabalhar em composições próprias e a se destacar pelos circuitos de bares e casas de shows que davam espaço às bandas novas de heavy metal.

A grande virada do Angel Witch veio quando participam do “Friday Rock Show”, organizado pela BBC, e que os levou a ter a música “Baphomet” incluída na histórica coletânea “Metal for Muthas” (1980), da EMI, ao lado de Iron Maiden, Samson e Praying Mantis.

Naquela época, a gravadora EMI estava procurando uma banda da nova safra do heavy metal para lançar e se interessa pelo Angel Witch, financiando seus dois primeiros singles.

Porém, o fraco desempenho dos materiais fizeram a EMI romper com o Angel Witch e assinar com o Iron Maiden. Era a primeira vitória da banda de Steve Harris rumo ao topo do metal britânico.

Todavia, Kevin Heybourne tem uma versão diferente da história:

“Na verdade, fomos uma das últimas bandas a assinar do resto do grupo da NWOBHM, mas recebemos uma oferta da EMI. Porém, eu não queria assinar com eles, principalmente porque o Maiden já tinha assinado. Os outros caras da banda realmente queriam esse caminho, mas o nosso empresário na época disse: ‘Vocês realmente querem estar sob a sombra de uma banda que já foi contratada por eles?’ O Maiden tinha um grande negócio. Então nos afastamos da EMI. Eu não me arrependo. Você não pode voltar atrás e mudar o ocorrido.”

Com o Iron Maiden sendo a banda escolhida pela EMI, o Angel Witch assinou com a Bronze Records e lançou um dos grandes discos de estréia do heavy metal.

Lançado em novembro de 1980, “Angel Witch” era produzido por Martin Smith e trazia um desfile de riffs diretos, palhetadas abafadas, melodias certeiras e refrãos intensos.

Fato confirmado por faixas como “Atlantis”, “White Witch” (ousada e cheia de mudanças), “Angel of Death” (pesadíssima e obscura) e a emblemática “Angel Witch”, ótimas amostras da forma criativa, inspirada e ousada que o power trio oferecia para o heavy metal da época.

Aliás, a abertura com “Angel Witch” representa como poucas músicas a essência da NWOBHM, principalmente na liberdade rebelde das guitarras sobre a base sólida e ritmada.

Essa música é um dos maiores hinos do metal inglês e dona de um refrão que vai ecoar na sua mente por meses a fio.

Talvez, os refrãos fossem o grande trunfo destas músicas (além é claro do trabalho de guitarras), pois todas elas ganhavam um brilho especial nesse momento.

“Atlantis” é um belo exemplo disso, e com uma proposta diferente do que ouvimos em “Angel Witch” ou em “Confused” (aliás, dona de ótimas linhas de baixo).

“White Witch” ainda nos dá uma mostra do quão talentosos, como instrumentistas e compositores, era esses músicos, especialmente Kevin Heybourne, que ousa de forma progressiva em suas bem criadas linhas de guitarra.

Ele também rouba a cena na belíssima balada “Free Man” e na instrumental que fecha o repertório original, intitulada “Devil’s Tower”.

Outro bom momento do disco está em “Sorcerers”, que traz da década de 1970 aquele apelo dramático e psicodélico que as bandas inglesas espalharam por suas músicas mais cadenciadas, principalmente o Led Zeppelin e Uriah Heep.

“Sweet Danger” revelará essa inspiração setentista na dose de tenacidade que remete ao Budgie, ao UFO e ao Wishbone Ash misturada aos refrãos melódicos disseminado por bandas como Slade e Sweet.

Além disso, a imagética ocultista contribuía para que esse disco fosse mágico dentro da estética do heavy metal oitentista.

Eles usavam, por exemplo, o Baphomet de Eliphas Levi como um símbolo do grupo, uma imagem que Kevin Heybourne diz ter encontrado num livro de magia e ocultismo.

Este primeiro álbum é considerado um dos mais notáveis ​​da NWOBHM, mas após o lançamento, a estrutura da banda começou a desmoronar.

O Angel Witch se separou e se reformou várias vezes ao longo dos anos, com a formação sempre girando em torno do fundador e compositor Kevin Heybourne.

Sobre o fim da banda, após o álbum “Angel Witch”, Heybourne nos diz:

“Tudo começou quando estávamos em turnê do álbum de estreia. Dave Hogg foi o primeiro a sair. Ele apenas bebia cerveja o tempo todo e seu jeito de tocar se tornou desleixado, lento e amador, então, depois de sair em turnê com o Girlschool e o Tank, Kevin Riddles e eu decidimos que ele tinha que ir. Dave Dufort não estava mais na E. F. Band. Nós o testamos. Nós deveríamos ir para a estrada para nossas datas de mini turnê no início de 1981, com a abertura do Tank. Não parecíamos os mesmos. Estávamos perdendo algo no som. Seguimos gravando o EP “The Loser”, com “Suffer” e “Dr. Phibes”, mas o som estava rumando  para um material mais fraco e leve. Eu estava ficando insatisfeito com a formação do Angel Witch, decidi encerrar banda e concordei em fazer o último show no Marquee.”

O auto-intitulado álbum do Angel Witch é um dos maiores álbuns de estréia da história do heavy metal e acaba de ganhar um relançamento via Hellion Records, exclusivo para o Brasil, com o EP “Loser” de 1981 (citado por Heybourne anteriormente) como bônus e um mini-pôster da capa do álbum.

Alguma dúvida de que VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO?

Ano: 1980

Top 3: “Angel Witch”, “Atlantis” “Angel of Death”

Formação:  Kevin Heybourne (guitarras e vocal), Kevin “Skids” Riddles (baixo) e Dave Hogg (bateria).

Disco Pai: Judas Priest – “Sin After Sin” (1977)

Disco Irmão: Iron Maiden – “Iron Maiden” (1980)

Disco Filho: Slayer – “Reign In Blood” (1986)

Curiosidades: Outras versões dizem que a EMI escolheu o Iron Maiden, porque o Angel Witch se apresentou de forma nada profissional para os executivos da empresa e da imprensa.

Pra quem gosta de: ocultismo, Jeans & Couro, colete com patchesmetal clássico e cerveja gelada.

Leia Mais

Sugestão de Livros:

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *