Samson – “Head On” (1980) | VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO

 

“Head On”, clássico segundo disco da banda SAMSON, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

Definição em um poucas palavras: NWOBHM, guitarra, pesado, crú, Bruce Dickinson.

Estilo do Artista: Heavy Metal

Samson - Head On (1980 - 2020, Hellion Records)

Comentário Geral: A New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM) foi uma movimento de recuperação do metal inglês, liderado pelos herdeiros de bandas como Black Sabbath, Led Zeppelin, Wishbone Ash, Thin Lizzy e Judas Priest, em resposta à explosão do punk rock à partir de 1977.

Os nomes mais icônicos do movimento eram o Def Leppard, de Sheffield, o Iron Maiden de Londres, o Saxon de Yorkshire e o Venom de Newcastle.

Num segundo escalão do movimento estavam bandas como Diamond Head, Raven, Girlschool, Satan, Blitzkrieg, Savage, Tygers of Pan Tang, Witchfynde, Angel Witch, Holocaust, Jaguar, Demon, Tysondog, dentre várias lutando por um lugar ao sol.

Uma das mais importantes bandas do movimento foi o Samson, fundada em Londres no ano de 1977, pelo guitarrista Paul Samson, e possuindo uma estreita relação com o Iron Maiden.

A primeira relação se dá com o baterista Barry ‘Thunderstick’ Graham, que tocou nos primórdios do Iron Maiden, antes mesmo do histórico EP “The Soundhouse Tapes”, de 1979.

Mas antes da entra de Thunderstick no Samson, em 1979, quem ajudou Paul Samson a fundar sua banda foram os músicos John McCoy (baixo) e Roger Hunt (bateria).

Até a formação se estabilizar como o quarteto de sua fase clássica, à partir de 1979, vários músicos passaram pela banda de Paul Samson, incluindo o baterista Clive Burr, que depois de gravar apenas o single “Telephone/Leavin’ You”, rumaria para o Iron Maiden e gravaria os seus três primeiros discos .

Eis aí nossa segunda relação entre o Samson e o Iron Maiden.

Ainda como trio, o Samson começou a compor material e a realizar shows à partir de setembro de 1977, numa época em que havia uma cena efervescente na Inglaterra e a concorrência pelos locais para tocar era enorme.

No primeiro um ano e meio de existência o Samson cunhou um nome forte na cena, ao lado do próprio Iron Maiden e do Angel Witch, sendo convidado para abrir os shows da banda do vocalista Ian Gillan.

No ano seguinte gravariam dois singles e compuseram as músicas que estariam no álbum “Survivors”, lançado em 1979, ainda com Paul Samson se dividindo entre a guitarra e o vocal.

As músicas do Samson eram excelentes e a figura mascarada do baterista ‘Thunderstick’ chamava a atenção.

Logo, o baixista John McCoy deixaria o posto para a entrada de Chris Aylmer. No final de 1979, Paul Samson  resolve se dedicar apenas às guitarras e eles chamam o vocalista Bruce Bruce para integrar a banda.

“Recebi um telefonema de Paul, completamente do nada, perguntando se eu estava interessado em entrar para a banda Samson, que tinha um acordo com uma gravadora, empresário, estava crescendo e fazendo todos esses grandes shows em Londres.” Contou o vocalista que completou admitindo que aceitou de imediato o convite.

Anos mais tarde esse vocalista seria reconhecido como Bruce Dickinson, um dos maiores da história do heavy metal, mas no Iron Maiden e não no Samson.

Seu vocal era tão poderoso que na época do Samson Bruce ganhou a alcunha de “Air Raid Siren”, algo como “sirene de ataque aéreo” e sua chegada mudou o patamar do Samson, assim como ele faria anos mais tarde, de forma ainda maior, no Iron Maiden

Enfim, temos nossa terceira relação entre as duas bandas

Mas os fãs do Samson não curtiram de imediato as mudanças.

A banda partiu para os ensaios e logo as novas composições começaram a surgir. Paul Samson sabia que a resposta deveria ser dada no palco, mas também no estúdio.

Após o bem recebido single de “Vice Versa”, o Samson rumou para o Trident Studios, onde gravou seu segundo disco, “Head On”, lançado em junho de 1980.

Esse é um dos discos que ajudaram a definir a NWOBHM em suas bases, principalmente em faixas como “Hard Times”, “Vice Versa” (com um toque da psicodelia setentista herdada do blues rock), “Manwatcher” (com linhas de bateria explosivas), “Hammerhead” (uma fusão de The Who, Rush e Wishbone Ash), “Haunted” “Take Me to Your Leader” (acelerada e pesadíssima), que faziam do Samson um dos postulantes a líder do novo movimento dentro do heavy metal.

O som do Samson aqui apresentado era herdeiro direto do rock inglês e até por isso as notas de hard rock classic rock são marcantes na mistura musical da banda que investe em guitarras ásperas e bons refrãos.

De fato, Bruce Dickinson ainda está lapidando seu talento bruto (em “Take Me to Your Leader” ele mostra a que veio), sendo um destaque entre os integrantes.

Mas não dá pra colocar sua performance acima das guitarras instigantes de Paul Samson, um discípulo de Ritchie Blackmore e Jimmy Page, e as linhas nada convencionais do baterista ‘Thunderstick’, que levou a estética mirabolante de Keith Moon para um nível mais provocativo.

Nesse contexto, músicas como “Take it Like a Man” (que até soa como uma versão inglesa do Motley Crue no primeiro disco) e “Too Close to Rock” (com um riff, solo e ritmo eletrizantes) evidenciavam o talento bruto que o Samson emanava, principalmente através do vocalista, que deixou a musicalidade da banda mais dinâmica, carismática e agressiva.

Obviamente, muito do que ouvimos aqui soa datado em diversos momentos, mas temos que pensar que esse disco estava lá quando essa sonoridade estava construindo a história, com muita honestidade, vontade e um pouco de experimentalismo (como em “Walking out on You”) no caso do Samson.

Outro detalhe é que nesse período, bandas como Samson, Iron Maiden, Saxon e Angel Witch viviam uma velada competição para saber quem seria o grande nome do metal inglês e, de certa forma, o Samson e o Saxon saíam na frente em 1980, pois lançavam um disco atrás do outro.

O jogo só viraria com a ida de Bruce Dickinson para o Iron Maiden, a mais promissora das quatro bandas e que tornaria a maior banda de heavy metal de sua geração.

Daquele quarteto, o Angel Witch e o Samson ficariam pelo caminho (a segunda ainda lançaria mais um bom álbum e outros sem tanta expressão) e o Saxon se manteria firme com uma uma discografia irrepreensível.

Voltando a “Head On”, a turnê de divulgação teve trinta e duas datas, mais programas de rádio e televisão, e um atrito entre Paul Samson e Bruce Bruce, que levaria a saída do vocalista da banda.

Mesmo com esses problemas, o quarteto que registrou “Head On” ainda entraria em estúdio e sairia de lá com o terceiro álbum do Samsom, “Shock Tactics” (1981), e o último de Bruce Dickinson na banda.

“Head On” acabou de ser relançado no Brasil pela Hellion Records em formato slipcase com direito a faixas bônus (incluindo uma jam de quase dez minutos) e pôster da capa junto aos outros dois primeiros discos Samson.

Aproveite e confira esse capítulo importante da história do metal inglês!

Ano: 1980

Top 3: “Hard Times”, “Vice Versa” e “Take Me to Your Leader”

Formação: Bruce Bruce (vocais), Paul Samson (guitarra e vocais), Chris Aylmer (baixo) e Thunderstick (bateria).

Disco Pai: Wishbone Ash – “Argus” (1972)

Disco Irmão: Angel Witch – “Angel Witch” (1980)

Disco Filho: Iron Maiden – “The Number of the Beast” (1982)

Curiosidades: “Head On” também trazia uma versão de “The Ides of March”, gravada posteriormente pelo Iron Maiden no disco “Killers” (1981), e aqui intitulada “Thunderbolt”.

Isso se deu porque o baterista do Samson, Barry ‘Thunderstick’ Graham teria composto a música junto com Steve Harris, quando tocou nos primórdios do Iron Maiden.

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