Blitzkrieg – “A Time of Changes” (1985) | VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO

 

“A Time of Changes”, clássico primeiro disco da banda BLITZKRIEG, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

Definição em um poucas palavras: NWOBHM, pesado, influente, guitarra, Metallica fez cover.

Estilo do Artista: Heavy Metal

Blitzkrieg - A Time of Changes (1985, 2020 - Hellion Records)

Comentário Geral:  O Blitzkrieg é muito conhecido por ter sido uma das bandas homenageadas pelo Metallica ainda nos anos 1980.

Em 1984, no lado B do single de “Creeping Death”, o Metallica trazia o que chamou de “Garage Days Revisited” (afinal eram músicas que executavam nos primórdios da banda, na garagem de Ron McGovney), com os covers de “Am I Evil”, do Diamond Head, e “Blitzkrieg”, do próprio Blitzkrieg.

Isso porque Lars Ulrich era um aficionado pela NWOBHM e consumia tudo o que vinha daquela cena, muito pelo contatos que fez antes de fundar o Metallica quando foi passar o verão na Europa para seguir o Diamond Head no velho continente e voltou com singles e LPs da novas bandas inglesas.

+ Leia mais sobre as ligações do Metallica com a NWOBHM aqui.

Tanto que a versão que o Metallica executou desde seus primeiros shows em 1982 e depois gravou era a apresentada no lado B do single “Buried Alive”, lançado pelo Blitzkrieg em 1981, um ano depois de ser fundada pelo lendário vocalista Brian Ross, em Leicester.

Porém, o Blitzkrieg entraria em hiato ainda em 1981 e Brian seguiria pelas bandas Avenger e Lone Wolf até fazer história no Satan, banda a qual entrou em 1983 e onde gravou o clássico “Court in the Act”, lançado ainda naquele mesmo ano.

Mas o coração de Ross estava mesmo no Blitzkrieg e ele reativa a banda em 1984, após deixar o Satan (nome famoso pelas constantes trocas de vocalistas).

Nessa mesma época saia o cover do Metallica, uma das bandas que mais crescia no cenário e colocava o Blitzkrieg como influência declarada.

Sobre essa “promoção” dada pelo Metallica, Brian Ross comentou mais tarde:

“É uma espada de dois gumes. Em um gume da espada, obviamente, foi uma honra para eles fazerem isso. Foi muito bom para eles dizer que nós os influenciamos em seus primeiros dias e aparentemente ainda os influenciamos, porque toda vez que um novo álbum do Blitzkrieg é lançado, Lars está ao telefone dizendo ‘Pode me mandar uma cópia desse disco, por favor’. É bom por esse ângulo, mas do outro lado da espada, é meio difícil porque há uma quantidade enorme de fãs do Metallica por aí que realmente pensam que ‘Blitzkrieg’ é uma música do Metallica. Não é realmente como as coisas deveriam ser. Não que o Metallica alguma vez tenha afirmado que a música era deles, eles não o fizeram. Eles disseram fortemente ‘Não, não é nossa música’. Eles promoveram muito bem.”

Mas segundo o próprio vocalista eles tocaram a música de forma errada:

“Passei muito tempo no telefone dizendo a ele quais eram as letras, quais eram as progressões de acordes e tudo mais e mesmo assim eles entenderam errado! Mas, ei, eles fizeram sua versão e isso é ótimo.”

Porém, Brian Ross admite que o Metallica deixou sua marca própria na versão que fizeram:

“Embora não seja tecnicamente certo, musicalmente ou liricamente, é muito Metallica. Eu acho isso ótimo porque é assim que deveria ser.” 

O fato é que o cover realizado pelo Metallica deu uma certa evidência ao Blitzkrieg em 1984 e Brian Ross resolveu que era hora de reformar a banda e gravar o disco que queria antes da banda acabar em 1981.

Para Brian Ross, esse primeiro disco do Blitzkrieg era um “assunto inacabado” e no início, o projeto era que ele fosse um disco solo do vocalista:

“Era para ser um álbum solo para enterrar o fantasma do Blitzkrieg para sempre, depois do qual eu mudaria para outra coisa. Mas realmente ficou claro que o que os fãs de fato queriam era o Blitzkrieg. Então eu pensei, bem, é isso que eles querem … então é isso que eles terão.”

Para isso chamou o velho companheiro Jim Sirotto (um guitarrista fortemente influenciado por Jimmy Page e Ritchie Blackmore), que estava no Split Image antes mesmo da chegada de Brian Ross à banda e mudarem o nome dela para Blitzkrieg.

Ao lado da dupla estava o guitarrista Mick Procter, o baixista Mick Moore (que tocou com Brian Ross no Avenger) e o baterista Sean Taylor (outro companheiro de Ross no Satan).

Brian Ross, sem dúvidas, era um dos talentos daquela cena inglesa no início da década de 1980, com uma voz marcante e cheia de carisma, e esse fato podia ser comprovado em “A Time of Changes”, primeiro disco do Blitzkrieg, lançado em 1985.

No repertório, as velhas conhecidas “Armageddon” (com ótimas melodias vocais), “Inferno” (aqui precedida da introdução “Ragnarok”) e “Blitzkrieg”, oriundas da demo tape auto-intitulada de 1980 se fazem presentes, em versões atualizadas e melhor acabadas.

Além destas, “A Time of Changes” (com seu riff cheio de arabescos e suas palhetadas abafadas) e “Pull the Trigger” (com uma pegada hard rock setentista) podem ser apontadas como clássicos do heavy metal britânico.

Uma curiosidade interessante é que a faixa “Pull the Trigger” é uma composição do Satan que não está presente no disco gravado com Brian Ross. Ela estava apenas na demo tape “Trial by Fire”, de 1982, com o vocais de Ian Swift.

Aliás, em comparação com o Satan, o Blitzkrieg era menos provocativo e agressivo, se encaixando como um filho direto das grandes bandas inglesas da década de 1970. Faixas como “Vikings” e “Saviour” deixam isso ainda mais claro.

O Blitzkrieg se alicerçava mais na exploração melódica das harmonias dobradas de guitarra e no peso classudo do que na ousadia técnica e na criatividade agressiva do Satan.

A faixa “Take a Look Around” foi gravada durante as sessões de gravação de “A Time of Changes”, no estúdio Impulse 24, em Newcastle, mas não entrou no repertório oficial.

A ideia era deixá-la para ser usada num single que nunca foi lançado. Mais tarde, em 1992, essa música seria adicionada ao disco na versão em CD.

“A Time of Changes” tinha uma aura mais obscura, assim como nos primeiro disco do Satan e do Holocaust, e por ter sido composto em 1981, mas gravado em 1985, o Blitzkrieg soava atualizado em termos de execução dentro da estética musical explorada pelas bandas da NWOBHM, apesar da produção crua.

Como gravaram o disco após o thrash metal já estar ganhando espaço dentro da cena metal e o Blitzkrieg ser proclamado como uma das influências do Metallica, existe uma determinação mais pesada na performance da banda.

Essa postura fica clara se você conferir como eram as músicas retiradas das antigas demo-tapes da banda se comparado ao que ouvimos nas gravações de 1981.

O problema maior do Blitzkrieg eram as trocas constantes de integrantes e as mudanças no heavy metal europeu na segunda metade da década de 1980, que se dividia em ser cada vez mais rápido e pesado ou cada vez mais adequado ao mercado norte-americano.

Esses dois fatores foram determinantes para que a banda fosse diminuindo a popularidade e entrasse num círculo vicioso de hiatos e voltas, que renderam até alguns discos interessantes como “Unholy Trinity” (1995), “The Mists of Avalon” (1998) e “Absolute Power” (2002).

O Blitzkrieg chegou a regravar esse disco, pois não podia remixa-lo para um relançamento por questões burocráticas.

A regravação foi lançada em 2015 com o título “A Time of Changes: 30th Anniversary Edition”, apenas com Brian Ross da formação que gravou a versão original e capa diferente.

Agora, a versão original de “A Time of Changes” acaba de ganhar uma versão nacional via Hellion Records, em formato slipcase e com mini-poster da capa.

Vá atrás já, pois esse disco é um clássico, não só da NWOBHM, mas sim do heavy metal.

Ano: 1985

Top 3: “Armageddon”, “Ragnarok/Inferno” “Blitzkrieg”

Formação: Brian Ross (vocais), Jim Sirotto e Mick Procter  (guitarras), Mick Moore (baixo) e Sean Taylor (bateria).

Disco Pai: Judas Priest – “Sad Wings Of Destiny” (1976)

Disco Irmão: Satan – “Court in the Act” (1983)

Disco Filho: Night Demon – “Curse of the Damned” (2015)

Curiosidades: O som de platéia em “Hell to Pay” foi retirado de um show do Queen e inserido na música como uma piada sobre os rumores de que a fita ao vivo “Blitzed Alive”, de 1981, era na verdade um show falso. Na época do lançamento de “A Time of Changes”, muitos acreditaram que “Hell to Pay” foi gravada ao vivo.

Pra quem gosta de: Jeans & Couro, colete com patchesmetal clássico, ensaiar na garagem, e cerveja gelada.

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