Saiba como Aleister Crowley influenciou nomes do Rock como David Bowie, John Lennon, Bruce Dickinson, Raul Seixas, e Mick Jagger.
Descubra os mistérios do legado de Aleister Crowley no rock e heavy metal. Este ocultista inglês influenciou ícones como David Bowie, John Lennon, Bruce Dickinson, Raul Seixas e Mick Jagger. Suas artes negras se entrelaçam com acordes potentes e letras provocativas, definindo gerações de amantes do rock. Neste mergulho no ocultismo musical, desvendaremos a influência única de Crowley. Prepare-se para uma viagem além dos limites, onde sombras e riffs se encontram numa dança inesquecível.
Aleister Crowley foi um filósofo inglês da virada do século XIX para o século XX que influenciou inúmeros nomes do rock e do heavy metal, dos gigantes aos pequenos. Ao contrário do que muitos acreditam não era satanista, despertando a curiosidade dos músicos e artistas por sua doutrina libertária da Thelema, que encaixava-o mais como um anti-cristão.
Queiram ou não, Aleister Crowley teve uma influência forte na contra-cultura dos anos 1960 e 1970, passando por nomes importantes da música, principalmente do rock, e até artistas plásticos como H. R. Giger (o criador do personagem Alien se declarou influenciado por Crowley) e cineastas.
Dentre os músicos importantes do rock, além dos que veremos abaixo, coloque na lista David Bowie e Killing Joke. Sim David Bowie também se envolveu com o ocultismo e disse “estar mais próximo da Golden Dawn”, enquanto estava imerso no uniforme magnético de Crowley na música “Quicksand”, do álbum “Hunky Dory” (1971).
Já Jazz Coleman, líder do Killing Joke, teria participado com Jimmy Page de rituais “crowleynianos” no início dos anos 1980, e até já realizou um retiro “espiritual” no Egito, o berço da filosofia thelemica.
Talvez o caso mais impactante seja o de Graham Bond, o grande precursor do jazz rock, que insistia ser filho ilegítimo de Aleister Crowley, antes de se suicidar ao se atirar sob um trem em Londres, no ano de 1974.
Ou seja, o ocultismo estava em voga nos altos círculos sociais e culturais daquele período, e se o rock era o fruto musical mais saboroso da época, não foi diferente com seus arautos que absorveram muito dos ensinamentos de Aleister Crowley, o responsável por modernizar ritos e conhecimentos ocultistas.
Nas linhas que seguirão apresentaremos os casos principais em que Aleister Crowley influenciou nomes do rock.
Mr. Crowley: O Clássico de Ozzy Osbourne
À saída de Ozzy Osbourne do Black Sabbath seguiu-se um período complicado para o vocalista, entre 1979, e o primeiro disco solo, “Blizzard of Ozz”, lançado em 1981. Ele sumiu do cenário musical, se encastelou em um hotel e alguns chegaram a cogitar sua morte.
Ozzy ressurgiu com alto poder de fogo acompanhado por um verdadeiro supergrupo. Randy Rhoads (Quiet Riot), Bob Daisley (Rainbow), Don Airey (Rainbow, Gary Moore) e Lee Kerslake (Uriah Heep) gravaram o primeiro álbum solo de Ozzy, o aclamado “Blizzard Of Ozz” que trazia os clássicos do heavy metal como “Crazy Train”, “Goodbye To Romance”, “I Don’t Know”, “Suicide Solution” (faixa que traria problemas judiciais futuros a Ozzy) e “Mr. Crowley”.
Esta última trazia uma óbvia referência a Aleister Crowley. A letra de “Mr. Crowley” era de Bob Daisley, feita para amplificar ainda mais a imagem subversiva de Ozzy Osbourne, mas seu conteúdo é quase ingênuo de tão superficial.
A Besta666 e a Donzela de Ferro
Superficialidade que não era compartilhada por um grupo de compatriotas de Ozzy Osbourne. A influência de Aleister Crowley atingiria de modo fulminante uma das mais importantes bandas de heavy metal da história: o Iron Maiden.
Na verdade, mais seu vocalista, Bruce Dickinson, um conhecido estudioso de ocultismo que inclusive já usou o trabalho de Willian Blake mais de uma vez em seus álbuns, com destaque a “The Chemical Wedding” (1998).
Até por isso, a relação entre Aleister Crowley (ironicamente autoproclamado A Besta666) e o Iron Maiden foi maior e mais profunda.
No Iron Maiden, a faixa “Revelations“, do álbum “Piece of Mind” (1983), trouxe versos inspirados nos graus de transformação da Thelema, alegoricamente representado pela transposição do abismo.
No disco seguinte, a faixa título, “Powerslave”, também trazia uma parábola thelemica sobre um faraó tido como deus e que não quer morrer, que nada mais é do que uma parábola sobre aqueles que fracassaram ao tentar cruzar o abismo thelemico.
Pulando para “Seventh Son of a Seventh Son”, o grande álbum da carreira do Iron Maiden, lançado em 1988, temos a composição “Moonchild”, homônima de um dos livros de Crowley, cuja letra traz menções a Babalon e à Mulher Escarlate, importantes figuras no sistema thelemico.
Em sua carreira solo, Bruce Dickinson mergulhou ainda mais nas referências ao mago Crowley. “Man of Sorrows”, faixa de “Accident of Birth” (1997) fala da juventude de Aleister Crowley e traz o mantra “faze o que tu queres, há de ser tudo da lei”.
O já citado “The Chemical Wedding” (1998) é o álbum mais ocultista de Bruce Dickinson e a letra de “The Tower” traz muitos do ensinamentos alquímicos de Aleister Crowley e seu Tarô.
Após o retorno de Bruce Dickinson para o Iron Maiden e em seu último álbum solo, “Tyranny of Souls” (2005), as referências se tornaram mais sutis, o que faz “The Final Frontier” se destacar um pouco mais, ao menos nesse conceito.
Jimmy Page: Um pouco além de admirador
Jimmy Page é um personagem da nossa história que aproxima Aleister Crowley do Led Zeppelin. Sobre Crowley, o guitarrista disse que foi “um gênio mal compreendido do século XX”, com “uma incrível obra literária. Um estudo para uma vida”!
De fato, a banda inglesa trazia implicações ocultistas em alguns de seus trabalhos muito motivado pelo profundo interesse do guitarrista pelas ciências ocultas, que chegou a colecionar artigos relacionados a Aleister Crowley.
Além disso, no selo do álbum “Led Zeppelin III” existiria uma vela mortuária onde veríamos o slogan thelemita “faze o que tu queres” (que você pode saber a origem neste texto). Sobre a inscrição, Jimmy Page confirma e diz que “foi colocada segundo instruções, mas sob o manto do mais estreito segredo”. Na fita master do mesmo álbum, a mesma lei da Thelema estava gravada.
Clássicos como “Black Dog” e “Stairway to Heaven” traziam referências mais afinadas a Aleister Crowley, sendo que na segunda existem remissões óbvias ao poema “The May Queen” (que pode ser conferido na íntegra aqui),no verso:
“If there’s a bustle in your hedgerow, don’t be alarmed now,
It’s just a spring clean for the May queen.
Yes, there are two paths you can go by, but in the long run
There’s still time to change the road you’re on.
And it makes me wonder.“
Outra referência a Aleister Crowley pode estar no nome do selo Swan Song (o canto do cisne), de propriedade do próprio Led Zeppelin. O termo já havia sido usado por Jimmy Page em uma composição do própria que nunca figurou em discos da banda, tendo quase entrado em “Physical Graffiti” (1975) (sobre o qual escrevemos nesse texto).
Swan Song nos leva a Crowley pelo fato do próprio ter chamado a si mesmo como Paramahamsa, o “cisne divino”. Ok! Pode soar exagerado, mas não há como negar a influência de Aleister Crowley sobre o trabalho do Led Zeppelin.
Existe a lenda de que 3/4 do Led Zeppelin, à exceção de John Paul Jones, fizeram um pacto demoníaco, trocando sua alma imortal pelo sucesso terreno.
Uma lenda repetida e com personagens trocados ao longo da história (como John Lennon mais abaixo e Robert Johnson, que você pode ler nesse texto), e que obviamente nem cabe discussão. Ainda mais quando temos um estudioso do ocultismo como Jimmy Page envolvido.
As coincidências penosas que afetam aqueles que se aproximam de Crowley não deixaram o Led Zeppelin incólume. Karac, filho do vocalista Robert Plant, por exemplo, morreu subitamente em 1976. Mesmo ano em que Jimmy Page abre uma livraria dedicada a Aleister Crowley, chamada The Equinox.
Além disso, as lendas do rock dizem que existe uma ligação amaldiçoada entre o ocultista Aleister Crowley e a compra da Boleskine House por parte de Jimmy Page, em 1970. Mais sobre isso neste texto especial sobre a Boleskine House, mansão que pertenceu a Crowley e a Page, e considerada mal assombrada.
O ápice das desventuras que assolaram o Led Zeppelin se deu em 24 de setembro de 1980, John Boham, o baterista genial, morre, e o resultado foi a dissolução da banda.
Raul Seixas e o Novo Aeon no Rock Brasileiro
“Gita” foi um dos grandes discos da música brasileira lançado em 1974 lançado por Raul Seixas que já havia causado algum frisson com o disco anterior, “Krig-ha-Bandolo”, de 1973, trazendo lampejos da temática ocultista que ele diluiria em sua obra.
Mas foi com a música “Sociedade Alternativa”, faixa do disco de 1974, que Raul Seixas escancarou sua herança nos ensinamentos de Aleister Crowley.
Típica canção de protesto, “Sociedade Alternativa” foi lançada no tempo da ditadura e a utópica sociedade cantada por Raul Seixas chamou a atenção dos militares que levaram Raul e seu parceiro de composição, Paulo Coelho, para “esclarecimentos” sobre a tal sociedade alternativa.
Na verdade, a sociedade alternativa ali anunciada era moldada pelos ensinamentos da Thelema, de Aleister Crowley, que foi homenageado no fim da canção.
Esta foi apenas uma evidência de como Raul Seixas estava em contato com a Lei da Thelema, propagada por Crowley, muito por influência de Paulo Coelho, que tinha ligações com a Ordo Templi Orientis, liderada por Crowley durante um longo tempo, como vimos nesse texto.
A parceria de Paulo Coelho e Raul Seixas ia além das composições, eles dividiam o estudo dos ensinamentos de Aleister Crowley e as influências da filosofia do Novo Aeon permearam toda a primeira fase de Raul Seixas.
Raulzito banhou suas músicas de dramaticidade e deu-lhes filosofias místicas, como em “Trem das Sete”, “Geração da Luz”, “Gita”, “Novo Aeon” e “Sociedade Alternativa” pra citar algumas, além de conferir um teor ritualístico em seus shows.
Na faixa “Gita”, por exemplo, Raul e Paulo criaram uma espécie de longa paráfrase do “Livro da Lei”, mesclada ao Bagavadguitá, inspirado pelos versos
“Eu sou a Essência Espiritual que habita nas profundezas da alma e no íntimo de cada criatura – o princípio, o meio e o fim de todas as coisas; a sua origem, a sua existência, o seu termo final.
“Eu sou Vishnu entre as forças criadoras; entre os seres do mundo sideral, eu sou o sol; nos espaços atmosféricos sou a tempestade; entre as luminárias do céu noturno sou a lua.”
e o anúncio de uma das deidades thelemicas, Hadit, que declara o fim da Era de Osíris e o começo da Era de Hórus, e que ela será um período dos fortes, se apresentando como
“Eu sou a chama que arde em cada coração de homem, e o núcleo de cada estrela. Eu sou Vida, e o doador de Vida, ainda assim o conhecimento de mim é o conhecimento da morte.”
O próprio Raul Seixas ofereceu suas palavras sobre seu envolvimento com os ensinamentos de Aleister Crowley e a “Sociedade Alternativa” em uma entrevista nos anos 1980:
“Ela sempre existiu, desde o tempo do Egito antigo. Inclusive o filósofo e estudioso Mister Crowley que é o papa maior dessa entidade, se baseou nos papiros egípcios (não aquele em que eu fumei maconha. Esses, cá entre nós, deviam ser muito mais gostosos), uma coisa de Osiris, Iris e Horus – pai, mãe e filho. Ele descobriu um segredo terrível por lá.
“Eu não sei que segredo era esse, porque eu era neófito. Só na quarta iniciação eles contavam o segredo (risos). Por isso eu disse que nunca começou, nem nunca terminou a Sociedade Alternativa. Vi que meu ponto de vista não estava muito longe da AA(Astrum Argentum). E sempre será. Não adianta mentir, mistificar.”
Ainda veríamos o disco “Novo Aeon”, de 1975, com muitas referências e simbologias que remetem aos ensinamentos de Aleister Crowley na faixa-título, mencionando novamente a sociedade alternativa ligada à chega do Novo Aeon, e seguiria pela sua carreira, com vemos em “A Lei”, do místico disco “A Pedra do Gênesis” (1988).
O fim da parceria e dos estudos ocultistas ao lado de Paulo Coelho é narrado pelo próprio escritor numa passagem do livro “As Valkírias”, onde fica claro como Raul Seixas e ele eram praticantes dos rituais thelemicos.
Com Os Beatles Na Capa de “Sgt. Peppers…”
Os Beatles sem dúvidas possuem o maior nome do rock nos anos 1960, assim como “Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band“, disco de 1967 é o mais influente da história do gênero.
A capa daquele disco merece um texto exclusivamente para si. Além de reforçar uma das teorias conspiratórias mais legais do rock, denominada Paul is Dead, por trazer a suposta encenação do funeral de Paul McCartney, dentre as inúmeras figuras ilustres está Aleister Crowley.
Sua foto foi inserida a pedido de John Lennon, que mais tarde permitiria interpretações dos versos da música “Imagine”, à luz dos ensinamentos de Aleister Crowley. Uma forma mais poética e lírica de propor a “sociedade alternativa”.
Alguns biógrafos de John Lennon alegam que ele se interessava muito por ocultismo, tendo até executado alguns rituais nos anos 1960, nada muito fora do padrão em que estava inserido e que também coadunava com sua postura anti-religiosa incômoda à sociedade da época.
Inclusive existe um livro intitulado “The Lennon Prophecy”, escrito por Joseph Niezgoda, que mostra um John Lennon obcecado por ocultismo, magia, numerologia e um desejo de ser maior do que Elvis Presley.
Nas páginas do livro, Joseph Niezgoda expõe uma confidencia de Tony Sheridan, amigo de John Lennon, que o beatle teria feito um “pacto com o diabo” – leia-se um ritual ocultista – pelo sucesso.
Além disso, “The Lennon Prophecy” traz em suas páginas a teoria de que os supostos sinais sobre a morte e substituição de Paul McCartney, conhecido como Paul is Dead, eram realmente mensagens subliminares dando pistas sobre o destino fatal de Lennon.
Também concordo com o teor absurdo dessas hipóteses, mas elas existem e cabem em nosso texto, mesmo porque, segundo outras lendas, Lennon teria começado seu interesse pelo ocultismo ainda no período difícil da banda na Alemanha, quando tomou contato com um certo Dr. Pepper, que seria um iniciado da Thelema, de Aleister Crowley.
Rolling Stones e a Simpatia pelo Demônio
Se a fama de bad boys não era combatida pelas ações dos Rolling Stones, principalmente pelo trio Jagger, Richards e Jones, “Sympathy for the Devil” colocou sobre eles a pecha de satanistas dentro de uma sociedade sessentista conservadora, tendo como um dos seus pilares os valores cristão.
“Sympathy for the Devil” é uma música que apresenta o Diabo em primeira pessoa lembrando momentos fatídicos da humanidade inspirados “por Ele”, algumas delas inclusive sob o ponto de vista de Satanás, que abria o disco seguinte a “Their Satanic Majesties Request” (1967), cujo título causou polêmica.
Mas teriam os Rolling Stones real envolvimento com o satanismo? Teriam eles se interessado por ocultismo, principalmente pelos ensinamentos de Crowley?
Sim! É fato que Mick Jagger flertou com o ocultismo, inclusive mantendo uma amizade com Kenneth Anger, um discípulo direto de Aleister Crowley, o maior ocultista do século XX, para quem dedicamos um texto completo que pode ser lido aqui.
Kenneth Anger considerava os Rolling Stones dotados de uma força disruptiva inigualável, capaz de abalar os alicerces sociais, como se Mick Jagger e Keith Richards fossem paralelos modernos de Lúcifer e Belzebu, respectivamente, numa visão religiosa do romantismo.
O envolvimento com o ocultismo de Keith Richards se tornou tamanho que ele e a namorada Anita Pallenberg cogitaram seriamente se casar numa cerimônia pagã ministrada pelo próprio Kenneth Anger.
Coincidência, ou não, assim como quase tudo que teve ligações com Aleister Crowley, os Rolling Stones experimentaram uma desgraça no limiar da década, no festival de Altamont, enquanto executava “Sympathy for the Devil”. Mais sobre isso você pode ler neste texto.
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- Led Zeppelin | 5 Fatos Exóticos Sobre a Histórica Banda de Classic Rock
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