Overdrive – “Metal Attack” (1983) | Você Devia Ouvir Isto

 

Confira a proposta desta seção aqui

Dia Indicado para ouvir: Quinta-feira.

Hora do dia indicada para ouvir: Seis da Tarde. 

Definição em um poucas palavras: Suécia, Oitentista, Pesado, Tradicional

Estilo do Artista: Heavy Metal. 

Overdrive Metal Attack
Overdrive: “Metal Attack” (1983/2018 | Hellions Records)

Comentário Geral: Quando falamos em metal sueco logo nos vem à mente as grandes bandas de death metal, seja pelas vias old school do Entombed e do Dismember, ou pelas maneiras renovadoras de At The Gates, Amon Amarth e Desultory, e até pela estética moderna do Arch Enemy ou do In Flames.

Claro, não nos esqueçamos de um dos pioneiros do black metal, o Bathory (como vimos neste texto especial). além dos congêneres do Dissection e do Watain. Ou de poderosas bandas de power metal como Hammerfall e Sabaton.

Isso, sem falar na ótima safra de stoner rock/metal (lembra do Spiritual Beggars, ou do Grand Magus?), hard rock (esse, desde os anos 1980 com o Europe, principalmente) e vintage rock (impulsionado pelo Hellacopters e renovado pelo Ghost) que vemos desde o começo dos anos 2000.

O que muitos desconhecem é que a Suécia teve sua contribuição ainda nos anos 1970 para o heavy metal e sua consolidação como gênero musical, partindo do ótimo Heavy Load e chegando ao princípio dos anos 80,  principalmente com Torch e o Overdrive.

Formada em agosto de 1980, a banda Overdrive combinava membros de outras bandas da cidade de Karlshamn, e começou tocando covers de Riot e Def Leppard. A banda findaria suas atividades de forma precoce, em 1985, mas deixaria dois bons discos em sua primeira encarnação.

O primeiro deles é justamente esse “Metal Attack”, lançado em 1983, que chegou pouco tempo depois do EP “Reflections”.

E ambos os trabalhos iniciais traziam traços do que era praticado no heavy metal britânico. Tanto que chamaram a atenção da histórica Neat Records (que lançou discos de Venom, Raven, Blitzkrieg e Jaguar) após o EP “Reflections”.

O que os levou para assinar com a Planet Records para o lançamento de “Metal Attack” foi o fato de a Neat querer, primeiro, relançar o EP e só depois pensar num álbum completo. Na cabeça dos músicos, a abordagem presente em “Reflections” já estava datada em comparação à sua identidade musical e eles queria registrar músicas novas.

Se “Reflections” tinha remissões ao Def Leppard, o primeiro full lenght já rumava para influências de nomes como Judas Priest e Iron Maiden (como em “Breakin’ Out”), mesclado a identidade alemã do Accept (como na faixa-título) e ao hard rock americano do Y&T (Ouça “Freelance”).

Ou seja, mesmo com pinceladas norte-americanas, a sonoridade de “Metal Attack” está muito afinada ao heavy metal europeu da época, com forte dupla de guitarras investindo em melodias dobradas e riffs pesados, além de uma dinâmica mais linear e purista.

“Back on the Hunt” é um típico speed/power metal à moda oitentista que abre o trabalho com alta octanagem, e muito da ingenuidade agressiva da época.

“Heart of Stone”, que chega na sequência, nos mostra o quão técnicos podiam ser os guitarristas, bebendo na fonte inglesa do heavy metal, seja com força e virtuose, como repetido “Confused” “The Battle”, ou com a agressividade melódica, impressa também na ótima “Doomwatch”.

E justamente pelo contraste com a alta qualidade dos guitarristas (confira “The Battle” e entenda o que quero dizer), creio que os esforçados vocais de Pelle Thuresson foram tão criticados.

De fato, se comparado ao que ouvimos no próximo trabalho, “Swords and Axes” (1984), os vocais estão bem mais limitados e o vocalista abusa do direito de exageram até para os anos 1980. Mas ele não estava muito distante do que ouvíamos em várias bandas da época.

Conta à favor de Pelle o fato da produção ser quase amadora, e ter soterrado seus vocais em toneladas de reverb (na faixa-título, por exemplo, parece que ele está cantando no banheiro dos fundos enquanto a banda toca na sala)

O disco foi gravado e mixado em apenas onze dias, e a produção de Peter In De Betou teve a desastrosa ideia de carregar a mão no reverb, algo que não foi ajustado nem na remasterização feita pelo guitarrista Janne Stark.

Uma pena, pois “Metal Attack” poderia ser um disco ainda mais poderoso do que realmente é!

As composições, a menos da produção, são excelente, pois captam a essência do que ouvíamos no metal europeu daquela época e já mostravam que realmente existia “algo de diferente na água na Suécia”. Algo no ar daquele país parece potencializar a criatividade para o heavy metal ou para o rock, o que nos rende hoje um dos países mais frutíferos do gênero.

Em comparação com o teor heavy metal, os vestígios de hard rock em “Metal Attack” são realmente mais fracos (aparecem principalmente no refrão de “Breakin’ Out” e em alguns movimentos de “Sweet Fear”), e o direcionamento rumo ao power metal que veríamos em “Sword and Axes” já é impresso com crueza e fidelidade aos tradicionalismos do metal.

A edição nacional, lançada pela Hellion Records, ainda traz quatro faixas bônus, fazendo dessa edição um trabalho quase arqueológico do metal sueco, com direito a encarte recheado de informações, letras e fotos da banda.

As duas primeiras bônus, “Tonight” “Damnation Angel”, foram retiradas da coletânea “Rockslaget” (1981), à época lançada em LP triplo. Ambas mostram uma aproximação muito grande ao hard rock, lembrando nomes que vão desde o Def Leppard ao Motley Crue, passando pelo Cheap Trick.

Completando as faixas bônus temos “Overdrive” “20th Century”, que nada mais são do que a primeira demo tape do Overdrive. Por mais incrível que pareça, a produção desta demo soa até melhor do que a de “Metal Attack”. 

Essa primeira demo foi lançada também em 1981, e sua sonoridade já estava mais próxima do que ouvimos no EP “Reflections”, o que nos permite corroborar com a ideia de que soavam bem diferentes do que fizeram em “Metal Attack”, e entender os motivos que os levaram em direção à Planet Records e não para a britânica Neat.

“Metal Attack” vendeu relativamente bem, e rendeu uma turnê, não pela Alemanha junto ao Heavy Load com queriam, mas pela Suécia e Dinamarca. Uma turnê curta, pois a Planet Records já os queria de novo em estúdio para gravar “Swords and Axes”.

E parece que na passagem pela Dinamarca eles conheceram a música de uma banda chamada Mercyful Fate. Uma nova referência para a música do Overdrive. Mas aí já é assunto pra outro texto.

Não perca tempo, vá atrás de “Metal Attack”, pois VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!

Ano: 1983

Top 3: “Back on the Hunt”, “Confused”, e“Doomwatch”

Formação: Kenth Ericsson (baixo), Kenta Svensson (bateria), Janne Stark (guitarra), Kjell Jacobsson (guitarra), e Pelle Thuresson (vocais).

Disco Pai: Heavy Load – “Full Speed At Hgh Level” (1978) 

Disco Irmão: Torch – “Torch” (1983)

Disco Filho: Enforcer – “Into the Night” (2008)

Curiosidades: A banda se reuniria em 1997 e gravaria cinco faixas lançadas posteriormente em “Mission of Destruction – Live”, compilação que traz faixas gravadas no último show de junho de 1985, além de “Doomwatch” e “Confused”, registradas em 1982. 

Pra quem gosta de: Colete cheio de Patches, cerveja tipo Kölsch, e metal oitentista.

https://youtu.be/bm2Udc-ibgw

https://youtu.be/hvTYK8ghqIQ

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