Neste terceiro artigo da série onde quero falar sobre aquela que considero a última grande geração de álbuns de rock, que foi a iniciada em 1989 e findada por volta de 1991, vamos falar sobre o rock alternativo. Sempre lembrando que não afirmo a morte do rock após este período, pois analisando friamente, o ano de 1992 é um verdadeiro eldorado para o estilo, o ano de 1995 foi o cenário para explosão do pop punk, do indie rock e do brit-pop, e ainda hoje ele continua firme em nichos no underground.
Porém, creio que este foi o último período em que vimos uma quantidade gigantesca de excelentes discos que definiriam e redefiniram gêneros, criaram novas bandas gigantes do estilo e ressuscitaram a carreira de lendas do passado.
A Redescoberta do Rock Alternativo Após a Festa Glam Metal
Os tons, melodias e arranjos alternativos não eram novidade no mundo do rock n’ roll no fim da década de oitenta. As misturas sonoras e os experimentalismos eram comuns, bandas como Jesus And Mary Chain, Christian Death, Sonic Youth e My Bloody Valentine já eram reconhecidas como bandas alternativas, mas a popularidade da cena se consolidou entre a juventude na segunda metade da década de 80.
Em 1989, o Nirvana lançaria seu primeiro disco, Bleach, e despertaria a atenção dos jovens por sua atitude punk, visual despojado contrastando com o glam rock da época e muito experimentalismo nas suas canções. Este foi um dos pontapés iniciais do grunge que viria a ser a grande estrela desta geração de álbuns clássicos.
Esta nova safra alternativa era responsável pelas mais diversas combinações sonoras e neste cenário colhemos álbuns memoráveis como “Paul’s Boutique”, dos Bestie Boys flertando com o Hip Hop; “Violator”, do Depeche Mode com suas guitarras guiadas pelo som eletrônico; “Mental Jewerly”, do Live com toda a classe e o som límpido e Sailing Seas By Cheese , do Primus, com um groove oriundo da black music.
Podemos dizer que o maior nome no cartaz das bandas alternativas era o Nirvana, mas se existiu outra que poderia retirar o trono de Cobain e Cia. era o Smashing Pumpkins de Billy Corgan. Em 1991, lançaram “Gish” um dos grandes clássicos do rock noventista e acredito que a banda de Corgan só não foi o principal nome do movimento pelo lançamento de “Nevermind”.
Outra face do rock alternativo era a música industrial, que já não era novidade no final da década de oitenta. A junção desta vertente musical com o rock e o heavy metal já era algo inesperado e, em 1989, o Ministry e o Nine Inch Nails mostravam que o estilo, com nenhum apelo comercial, poderia chegar nas paradas de sucesso. “The Mind Is A Terrible Thing Taste” vinha com uma proposta que flertava fortemente com o Thrash Metal, muito em voga no fim dos anos 80, e mostrou ao mundo do rock que o Ministry tinha atitude punk encharcada de espirito heavy metal e essência eletrônica em canções como “Thieves” (genial), “Burning Inside” e “So What”.
Entretanto, o grupo responsável por abrir as portas do rock industrial foi o Nine Inch Nails com seu aclamadíssimo “Pretty Hate Machine”, que, apesar de ser o álbum de estréia da banda, apresentava o esmero e detalhismo nas composições que seriam a marca registrada de Trent Reznor, membro principal do Nine Inch Nails. A Música eletrônica ainda iria flertar com novos elementos e o Massive Attack iria inaugurar o trip hop com seu clássico “Blues Lines”, de 1991, um dos mais influentes discos lançados na década de 90.
O Choque de Realidade do Faith No More
O primeiro destaque desta geração é um dos pilares do funk n’ metal. O Faith No More lançava, em 1989, seu terceiro álbum denominado “The Real Thing” que trazia uma variedade enorme de estilos que iam do Thrash Metal da canção “Surprise! You’re Dead!”, à balada lounge “Edge Of The World”, passando pelos sucessos avassaladores de “From Out Of Nowhere”, “Epic” e “Falling To Pieces”.
Este álbum, além de ser um marco do rock pesado moderno pode ser apontado como principal influência do que seria conhecido como metal alternativo em meados dos anos 90 apresentados por bandas como Rage Against The Machine, Korn e Limp Bizkit
A explosão do Nirvana com “Nevermind”
O grande grito de rebeldia adolescente ecoava pelo mundo do rock no início da nova década e o Nirvana era o seu principal porta-voz. A juventude clamava pela rebeldia do seu líder e quase mentor intelectual Kurt Cobain e a cartilha a ser seguida vinha com o título de “Nevermind”.
Depois deste álbum o grunge passou a ser notícia no mundo da música e não era mais tachado de estilo alternativo de garotos sujos e que usavam flanela enxadrezada. Com clássico atrás de clássico o álbum traz canções irretocáveis como “Smells Like Teen Spirit”, “Come As You Are”, “Polly”, “On A Plain” até terminar na belamente depressiva “Something In The Way”.
A Mágica Sexual do Red Hot Chili Peppers
O próximo álbum da lista é um arroubo de originalidade e inspiração. Originalidade pois o Red Hot Chili Peppers soube como poucos explorar o talento de seus integrantes em prol de uma sonoridade diferenciada e que caminhava de modo oposto ao que os principais nomes do estilo estavam criando naqueles anos.
Podemos dizer que a banda é uma mistura do espirito de Bob Marley com a atitude do Black Sabbath e a rebeldia inconsequente do Bart Simpson. Inspiração, pois neste álbum esta “Under The Bridge”, uma bela canção que estourou nas rádios de todo os mundo. Podem dizer o que quiser do grupo, mas “Blood Sugar Sex Magik” é, irrefutavelmente, um clássico do rock.
O Pearl Jam e seu histórico “Ten”
Se o tema principal é inspiração então o próximo álbum é líder, afinal, é dele a mais bela balada desta geração de álbuns irretocáveis. Quando o Pearl Jam lançou seu primeiro álbum no ano de 1991 eles não era novatos na cena e seus integrantes já eram conhecidos por causa da promissora banda Mother Love Bone que teve um fim prematuro.
Mas “Ten” já nasceu um clássico. A belíssima canção “Black” pode ser apontada como uma das mais belas, se não a mais bela balada dos anos 90. Além desta, ainda temos “Alive” e a magistral “Even Flow” só para citar algumas das irrepreensíveis músicas que compõem esta maravilha estampada em tons avermelhados.
Soundgarden e seu “Badmotorfinger”
O Soundgarden sempre impressionou por composições fortes e, principalmente, pelo vocal de Chris Cornell que rivalizava com Eddie Vedder, do Pearl Jam, e Layne Stanley, do Alice In Chains, pelo melhor gogó do grunge. Inclusive, esta adição de peso nas composições sempre os aproximou dos fãs mais voltados ao Heavy Metal e os fez ser a primeira banda da geração inicial de Seattle a assinar um contrato com uma gravadora major.
Porém, “Badmotorfinger” está nesta lista por sua audácia e por trazer o Soundgarden ao mainstream vendendo um milhão de cópias e conquistando seu primeiro disco de platina. A audácia está na sonoridade apresentada nas canções, onde as afinações dos instrumentos eram nada ortodoxas e foram classificadas como ásperos apelos neo-zeppelinianos.
Destaques do álbum: “Rusty Cage”, “Outshined”, “Jesus Christ Pose” (que teve seu vídeo banido da MTv por ser considerado anti-cristão), “Room a Thousand Years Wilde”, “Holy Water” e “Face Pollution”. No próximo álbum, “Superunknown”, eles começariam a lapidar seu talento, mas a rebeldia consistente e consciente do grunge está toda neste disco.
Alice In Chains e seu “Facelift”
A última banda grunge a assinar um contrato com uma grande gravadora foi a primeira a atingir o sucesso comercial. O Alice In Chains chegou dominando o novo cenário roqueiro com seu álbum de estréia “Facelift” e a canção “Man In The Box” mostrava a proposta do conjunto: canções com forte carga emotiva nas letras, instrumental pesado e vocal marcante.
Layne Stanley se destacou como um dos principais vocalistas do novo movimento musical e Jerry Cantrell se mostrou um dos mais talentosos compositores da nova geração, além de serem notáveis seus backing vocals. Um álbum denso, onde ainda se destacam “Bleed The Freak”, “We Die Young”, “Sea Of Sorrow”, “Love, Hate Love” e “Put You Down”. Este disco pode ser considerado o marco inicial da tomada de poder pelo grunge, pois ele foi o primeiro disco do gênero a chegar ao Top 50 americano.
Outros 15 Discos Essenciais
Por fim, chegamos ao limite máximo da nossa viagem através da última grande geração de álbuns de rock. Claro que não é possível comentar todos os grandes clássicos lançados por esta maravilhosa geração roqueira. Por este motivo, listo abaixo os grandes clássicos que por algum motivo não foram comentados previamente:
- Lenny Kravitz – “Let Love Rule” (1989)
- Fugazi – “Repeater” (1989)
- L7 – “Smell The Magic” (1990)
- Cocteau Twins – “Heaven Or Las Vegas” (1990)
- Pixies – “Bossanova” (1990)
- Happy Mondays – “Pills And Thrills and Bellyaches” (1990)
- Jane’s Addiction – “Ritual de Lo Habitual” (1990)
- Sonic Youth – “Goo” (1990)
- Ride – “Nowhere” (1990)
- Mudhoney – “Superfuzz Bigmuff” (1990)
- The Breeders – “Pod” (1990)
- Dinossaur Jr. – “Green Mind” (1991)
- EMF – “Schubert Dip” (1991)
- My Bloody Valentine – “Loveless” (1991)
- Cypress Hill – “Cypress Hill” (1991)
Leia Mais:
- A Última Geração de Discos Clássicos do Rock | Parte 1: Classic Rock
- A Última Geração de Discos Clássicos do Rock | Parte 2: Heavy Metal
- Nirvana | Sobre “Smells Like Teen Spirit”, o hino do Rock noventista!
- História do Rock | Os Melhores Supergrupos dos Anos 1990
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