Trouble – “Run to the Light” (1987) | Você Devia Ouvir Isto

 

Confira a proposta desta seção aqui

Dia Indicado para ouvir: Sábado;

Hora do dia indicada para ouvir: oito da noite;

Definição em poucas palavras: Participação de Cristo, guitarra, progressivo, sombrio e pesado;

Estilo do Artista: Doom Metal;

TROUBLE - Run to the Light (1987)
TROUBLE: “Run to the Light” (1987, Metal Blade | 2018, Hellion Records)

Comentário Geral: O Trouble realizou em seu três primeiros álbuns, lançados pela gravadora Metal Blade, um manifesto do doom metal clássico, fruto da técnica em prol do heavy metal crú, arrastado e valvulado, bebendo na fonte do heavy rock dos anos 1970.

Em seu primeiro álbum, “Psalm 9” (1984), o Trouble apresentou um heavy/doom metal puro e simples, mesclando a nobreza inglesa do heavy metal com a sonoridade underground norte-americana da época, de nomes como Pentagram, Saint Vitus, e Cirith Ungol. 

Principalmente na produção crua, suja, honesta e orgânica usada para imprimir aquele que era um dos primeiros capítulos do doom metal, gênero que se desdobraria em mutações das mais interessantes.

Saiba + sobre o álbum “Psalm 9” nesse texto especial  

“The Skull” (1985), que viria na sequência,  evidenciaria ainda mais a identidade da banda, ao invés de mascarar uma mudança de rumos.

Esse segundo disco não só leva vantagem pela melhor produção, como pela clara evolução dos integrantes como compositores.

Estruturalmente, “The Skull” (1985) ajudou a extrapolar os ensinamentos sabáticos na gênese do doom metal, inclusive antecipando alguns movimentos do rock/metal noventista, algo que seria ainda mais amplificado no terceiro álbum, “Run to the Light” (1987), gravado em março de 1987, na cidade de Chicago, e lançado em 15 de julho do mesmo ano.

Saiba + sobre o álbum “The Skull” nesse texto especial

Claro que seus solos continuavam amparados pela técnica do thrash metal, e os riffs pelos ensinamentos sabáticos, impressos pela produção de Jim Faraci, orgânica e valvulada.

Mas, se existe algo que pode ser apontado como ponto negativo mais forte, talvez seja a mixagem.

Desta forma, não há como negar que as oito faixas deste terceiro álbum, desfiladas em pouco menos de quarenta minutos, funcionam como uma ponte entre o doom/heavy metal dos dois primeiros discos para a vibe stoner psicodélica de discos como “Trouble” (1990) e “Manic Frustration” (1992).

“Run to the Light” é menos doom metal, com composições mais curtas e dinâmicas, donas de um peso cadenciado.

Até por isso vemos ritmos mais acelerados que antes e efeitos climáticos mais experimentais.

Por exemplo, em “The Misery Shows” (com teclados instigantes na introdução e pegada quase thrash metal) e “The Beginning” (com seu clima renascentista), além de “On Borrowed Time”, com citação à “Marcha Fúnebre”, de Chopin.

Claramente existe uma preocupação ainda maior com o acabamento das composições, principalmente nas harmonias de guitarra e nas mudanças de andamentos que mantém o toque progressivo, como na pesadíssima faixa-título.

Percebemos também, uma dose a mais de peso, talvez ressaltada pelo aumento da velocidade das composições.

Ouça “Thinking of the Past” (onde pisam no acelerador, principalmente no solo que beira a estética neoclássica), por exemplo. Se comparada com qualquer composição dos dois discos anteriores, ela soa muito mais pesada e incisiva.

Porém, a antecipação do stoner rock/metal que vemos em “Run to the Light” (1987) vem das estruturas inspiradas nas possibilidades de peso e sombra do blues, bem evidentes em faixas como “Tuesday’s Child”, “Peace of Mind”, “Born in a Prision” (com passagens de dar orgulho ao Black Sabbath de 1972) e na faixa-título.

Todos esses elementos já refletem a clara liberdade e experimentação que transpira destas oito faixas que completam “Run to the Light”. O Trouble aqui está mais ousado e menos “calculado” em seus arranjos.

Uma olhada na capa e vemos que aquela imagem white metal ainda estava presente, como oposição à dicotomia entre “feios, sujos e ‘satanistas'” do speed/thrash/black metal, e a galera do “sexo, drogas, carros rápidos e rock n’ roll” do hard rock/glam metal.

Mas esse estereótipo de banda cristã foi determinante para a saída do Trouble da gravadora Metal Blade. A banda havia se desgastado com a gravadora pois ela que havia rotulado-os como white metal, numa clara oposição ao black metal.

O disco seguinte, auto-intitulado, sairia pelo selo Def American, já sob a produção de Rick Rubin. Mas só após três anos de pausa do Trouble.

Para muitos, “Run to the Light” (1987) é o mais fraco dos cinco primeiros discos do Trouble, mas deve ser reverenciado pelo seu caráter de transição, um ponto da discografia onde temos um retrato fiel de um corte no processo de evolução musical da banda: as letras ficando menos religiosas e a música ainda mais setentista.

Aproveite que a Hellion Records recentemente relançou esse álbum no Brasil e confira-o urgentemente, afinal, por “Run to the Light” ser um ponto chave no impulsionamento do stoner metal/rock, VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!

Ano de Lançamento: 1987.

Formação: Eric Wagner (vocais) , Rick Wartell (guitarra), Bruce Franklin (guitarra), Ron Holzner (baixo), Dennis Lesh (bateria)

Top 3: “The Misery Shows”,“Tuesday’s Child”, e “On Borrowed Time”.

Disco Pai: Black Sabbath: “Vol. 4” (1972)

Disco Irmão: Saint Vitus: “Born Too Late” (1986)

Disco Filho: Cathedral: “The Carnival Bizarre” (1995)

Curiosidades: Sobre o rótulo white metal Eric Wagner mais tarde diria: “Eu gostaria que eles tivessem nos consultado sobre isso primeiro”; e completaria sua fala confessando que “sua música não era feita para salvar ninguém, apenas explorava sua própria vida”.

Pra quem gosta de: metal valvulado, pioneirismo, melodias arrastadas, pão e vinho.

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