Timo Tolkki’s Avalon – “The Enigma Birth” (2021) | Resenha

 

“The Enigma Birth” (2021) é o quarto álbum do Timo Tolkki’s Avalon um projeto metal opera do ex-guitarrista do Stratovarius, contanto com participações de James LaBrie, Jake E., Marina La Torraca e Fabio Lione, entre outros. O disco chega ao Brasil pela parceria entre os selos Frontiers Music e Shinigami Records.

Timo Tolkkis Avalon - The Enigma Birth (2021)

O disco “Return To Eden” (2019) podia até não ser a grande retomada de Timo Tolkki, mas pra mim era melhor que qualquer coisa que o Stratovarius lançou sem ele. Agora, o guitarrista finlandês continua exatamente de onde parou ali.

Em 2020 ele se reuniu com o compositor, produtor e guitarrista Aldo Lonobile – conhecido pelos excelentes trabalhos com o Sweet Oblivion e o Archon Angel, além da sua própria banda, o Secret Sphere – para trabalhar no álbum seguinte, que chegou agora em 2021.

Intitulado “The Enigma Birth”, o disco ficou pronto no final de 2020, e traz uma musicalidade muito próxima daquela que ouvimos no disco anterior, fortemente calcada no power metal, de arranjos velozes e virtuosos, ganchos melódicos ao lado de passagens cadenciadas e pesadas e uma ou duas baladas como manda a cartilha.

Isso desde o início do disco, com a faixa-título que é também a de abertura e mergulha o ouvinte neste reino suntuoso e grandiloquente do heavy metal melódico. Uma composição explosiva e veloz que gera um contraste interessante com “Memories”, o próximo destaque que chega de forma mais cadenciada e climática.

Estas duas faixas chamam a atenção pois não trazem os renomados vocalistas convidados de saída; James LaBrie, por exemplo, só vai aparecer na quarta faixa, “A Beautiful Lie”, outro destaque do repertório pela força power metal cavalar nela impressa e obviamente pela performance do vocalista.

Outros destaques vão para “Master of Hell” (Raphael Mendes rouba a cena com seu timbre muito parecido com Bruce Dickinson), “Dreaming” (uma das melhores da carreira do guitarrista e com ótimo trabalho de Fabio Lione), “Truth” e “Time”, formando um conjunto de músicas que refletem a continuidade no caminho de retomada de Timo Tolkki, indo além do álbum anterior no quesito qualidade das composições.

“The Enigma Birth” mostra, por diversos fatores, um Timo Tolkki mais confiante e até mesmo ousado dentro da estética do power metal sinfônico. Registre-se aqui que não estou falando de originalidade, pois isso o guitarrista não entrega há tempos, e esta nem a premissa do projeto.

Na verdade, o Timo Tolkki’s Avalon traz consigo a característica de vários projetos do selo Frontiers de recriar, por uma produção moderna, sonoridades que foram sucesso no passado. Até por isso, “The Enigma Birth” em diversos momentos parece reciclar idéias antigas. “Beauty and War”, por exemplo, poderia estar em qualquer disco do Stratovarius entre 2000 e 2004.

Essa faixa é o ponto crucial da questão que quero deixar no fim desta resenha. Timo Tolkki não compôs nada nesta faixa e parando para olhar a ficha técnica das composições, ele aparece como co-autor de apenas metade do disco.

Dentre os destaques que elenquei, apenas a metade tem sua assinatura e ele ainda assina a fraquíssima “I Just Collapse”, uma das piores músicas de sua carreira, muito pela performance pouco inspirada da vocalista Caterina Nix.

Em contrapartida, o produtor e guitarrista Aldo Lonobile assina como co-autor todas as músicas do disco, e a julgar pelo que ele já faz (ou fez) em projetos da Frontiers, como Sweet Oblivion e Archon Angel, recriando a sonoridade do Queensryche e do Savatage, respectivamente, fico me perguntando o quanto de Timo Tolkki realmente tem neste trabalho e nesta suposta retomada de qualidade de sua carreira?

Se observarmos bem, os dois primeiros discos do Timo Tolkki’s Avalon eram auto-produzidos pelo guitarrista e eles não tinham tanto foco e direcionamento nas composições quanto os dois últimos, com Aldo Lonobile no comando. De fato, os primeiros discos estavam mais para os projetos ciclotímicos anteriores do Tolkki do que para aquilo que ouvimos agora no Avalon. Fica a questão!

O que não tira o mérito de que “The Enigma Birth” (2021) é um consistente disco de power metal sinfônico e merece ser conferido se este gênero te agrada. Mas corra, pois ele foi lançado em apenas 300 cópias no mercado nacional.

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