Sweet Oblivion – “Relentless” (2021) | Resenha

 

“Relentless” é o segundo trabalho do projeto Sweet Oblivion, criado pela gravadora italiana Frontiers e centrado no vocalista Geoff Tate, que fez história no Queensryche. O disco foi lançado em 2021 e chegou ao Brasil via Hellion Records.

Sweet Oblivion - Relentless (2021, Hellion Records) Resenha Review

O primeiro álbum auto-intitulado do Sweet Oblivion foi o primeiro disco excelente do vocalista Geoff Tate desde “Empire” (1991), do Queensryche.

Com alguma boa vontade “Promised Land” (1994), o disco seguinte da banda,  poderia ser citado, porém, à partir daí e até a chegada do vocalista Todd La Torre, a qualidade dos discos do Queensryche cai vertiginosamente.

Ou seja, a Frontiers, com o Sweet Oblivion resgatou a voz de Tate num bom disco ao junta-lo com o compositor e guitarrista Simoni Mularoni, da banda DGM, conhecida por praticar um prog/power metal que guarda similaridades com Symphony X e Seventh Wonder.

Naquela primeiro álbum do Sweet Oblivion, Simoni compôs, tocou, produziu e mixou todas as faixas, o que gerou uma mistura instigante de prog rock com heavy metal tradicional, de perfeito encaixe ao timbre vocal de Geoff Tate, que está novamente brilhante dentro de uma sonoridade técnica, séria, dotada de ecos do passado, mas sem soar datado.

Uma prova de que a fórmula funcionou é que pouco menos de dois anos depois temos um segundo capítulo do projeto sendo lançado.

E se antes, pelo retrospecto de Tate no passado recente a expectativa não era grande, agora o inverso é que acontece, pois “Relentless” vem carregado de ansiedade pelo que ouviremos.

Já adianto que temos várias mudanças (Simoni Mularoni e Geoff Tate tiveram divergências sérias quanto ao direcionamento das composições no primeiro disco), sendo que, pensando bem, apenas Geoff Tate e a proposta musical permanecem.

Ao lado do vocalista temos os músicos Gigi Andreone (baixo), Michele Sanna (bateria) e Antonio Agate (teclados), todos liderados pelo produtor, compositor e também guitarrista Aldo Lonobile (Secret Sphere, Timo Tolkki’s Avalon), que esteve à frente de um outro projeto de sucesso do selo Frontiers, o Archon Angel, do vocalista Zakk Stevens.

Obviamente, o prog metal claramente inclinado a recriar por vias modernas o que o Queensyche fazia nos anos 1980 permanece, afinal essa é a premissa do Sweet Oblivion, mas agora, a sonoridade está mais trabalhada e moderna, alinhada às formas europeias do metal atual, chegando a ser bastante agressivo em certos momentos (como em “Another Change”).

“Relentless” também foi um disco feito à distância, com Aldo na Itália e Tate na Irlanda, porém, neste segundo disco o vocalista teve uma participação mais ativa no processo de composição e talvez por isso o disco soe menos com o Queensryche, mesmo que os resquícios da era “Empire” (1990) estejam por todo o disco.

Alguns movimentos chegam a lembrar o Fates Warning ou o Dream Theater de hoje, mas sem os exageros e malabarismos, e outros soam mais encaixados ao metal tradicional, sempre com muita maturidade.

As linhas vocais de Geoff Tate estão ainda mais brilhantes neste segundo disco. Muito bem desenhadas com emoção e técnica, como na ótima “Let It Be”, uma faixa que tem todo o seu brilhantismo sustentado pelo trabalho do vocalista.

Aliás, um dos grandes trunfos deste disco está nos refrãos. É um melhor que o outro e aqui cito, de novo, “Another Change”, pois ele busca referências no rock oitentista para o refrão que são infalíveis. Essa música soa uma mistura do Queensryche do “Rage for Order” com o A-Ha de “Scoundrel Days”.

Falando das referências além do metal, “I’ll Be The One” tem um inegável espectro melódico pop rock e não tenho dúvidas que “Wake Up Call” tem inspiração no estilo dramático e melódico das linhas vocais de David Bowie. Ouça esta última com atenção!

Neste cenário, surgem composições interessantes como “Fly Angel Fly” (provavelmente a melhor do disco), “Aria” (onde Geoff Tate canta em italiano), “One Again One Sin” (colocando novas cartas à mesa), “Strong Pressure” (uma das que mas lembram o Queensryche), e “Anybody Out There” (com o clima e a urgência nas guitarras retirado dos anos 1980).

O disco ainda conta com as participações dos músicos Walter Cianciusi e Dario Parente, que estão ao lado do vocalista em sua banda Operation: Mindcrime.

Enfim, é muito bom ver Geoff Tate novamente em plena forma, colocando sua voz em bons discos. E digo sem medo de exagerar que os dois discos do Sweet Oblivion são a melhor sequência de álbuns do vocalista desde a dupla “Operation: Mindcrime” (1988)/“Empire” (1990).

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