Thunderfire – “Thunderfire” (1983) | Você Devia Ouvir Isto

 

“Thunderfire”, único disco da banda belga THUNDERFIRE, é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTOcuja proposta você confere nesse link.

Definição em um poucas palavras: Heavy metal à moda “morte aos posers!”

Estilo do Artista: Heavy Metal

Thunderfire - Thunderfire (1983, 2020, Hellion Records)

Comentário Geral: O Thunderfire surgiu na Bélgica, inserido numa cena metálica fortíssima junto a nomes como Killer, Acid, Crossfire e o próprio Ostrogoth.

Todas elas geraram uma tradição para o heavy metal na Bélgica do início dos anos 1980 e acredito ser o Thunderfire o nome menos festejado.

Tanto que encontrar informações mais acuradas sobre a banda é uma tarefa árdua, mesmo numa época globalizada como a nossa.

Do que pudemos apurar por fanzines escaneados da época, a banda foi formada em algum momento de 1981 na região de Flandres (não estou bem certo se em Gent ou em Waregem, dois locais bem próximos na região) e liderada pelo vocalista Freddy Fiskens, que atendia pela alcunha de The Beast e tinha um timbre que lembrava o de Lemmy Kilmister.

A primeira demo tape, auto-intitulada, veio em 1982, e nos shows, além de faixas ali presentes como “Gunman”, “Power”, “Crazy Cat” “Headbanger”, que estariam no vindouro primeiro disco junto a outras que seriam retrabalhadas e até renomeadas, como é o caso de “Danger” “Happy To Live”, eles executavam covers de Ted Nugent e Motorhead.

Musicalmente, o Thunderfire é um herdeiro do Black Sabbath que ainda buscava uma definição para sua musicalidade, indo de esbarrões no punk aos cacoetes proto-thrash metal, passando por diversas soluções simples do hard n’ heavy.

“Thunderfire”, o primeiro e único álbum de estúdio, foi gravado em Newcastle, nos estúdios da Neat Records, sob a batuta de Keith Nichol, produtor e engenheiro de som responsável por trabalhos definidores da NWOBHM ao lado de bandas como Atomkraft, Blitzkrieg, Raven e Venom.

Até por isso, e pelas óbvias influências de Motorhead (apenas pelos vocais), Judas Priest e Saxon, encontramos muitas similaridades da musicalidade destes belgas com a das bandas da NWOBHM.

Claro que existem outros elementos que nos fazem olhar para o metal teutônico do Accept e das próprias bandas belgas de sua geração, como a variação entre faixas mais rápidas e outras mais cadenciadas.

Ou seja, nada muito original ou brilhante além das fronteiras ensimesmadas e puristas do típico heavy metal europeu nos anos 1980, por vezes inocente e imaturo nas estruturas das músicas, mas ainda assim cativante pela sinceridade e vontade que emana destas músicas.

É preciso ressaltar que a produção é a comum dentro dos padrões da NWOBHM.

Assim, existem problemas pontuais no trato em estúdio, mas confesso que pra mim, um declarado saudosista, isso deixa tudo ainda mais orgânico, primitivo e honesto, com impressão de arqueologia musical.

Claro que os ouvidos modernos podem se incomodar com esse fator rústico, mas devem se lembrar em 1980 não era possível ter um estúdio de gravação no seu quarto.

A tecnologia de estúdio era cara e muitas dessas bandas que lutavam por espaço no underground se agarravam a qualquer oportunidade de registrar sua música.

Nesse contexto, algumas faixas se destacam por motivos diferentes. “The Beast on the Run” aposta na variação de velocidade e nas mudanças de andamentos, com destaque ao solo de Ion Toyton (que aliás se mostra um guitarrista extremamente talentoso).

“The Beast on the Run” é, de longe, a melhor música do disco e dá uma real dimensão do potencial a ser lapidado e explorado pelo Thunderfire se a banda não tivesse acabado após este único disco.

Já “Happy to Live” traz toda a estética pesada e despojada do Motorhead de uma forma própria e muito crua, com destaque aos vocais bestiais de Freddy Fiskens, enquanto “Crazy Cat” é outra com ótimo solo de guitarra além de um início doom bem sabático.

“Power” mistura, à sua maneira, AC/DC com Motorhead, banda, aliás, que claramente é a inspiração de “Heavy Fire”, junto com o Black Sabbath, claro.

Por sua vez, “Headbangers” seria um clássico de metal oitentista se melhor trabalhada em estúdio, pois é uma padrada, assim como o proto-thrash de “Gunman” (atenção às linhas de bateria) e o metalzão cadenciado de “Money Taker”.

Em 1984, o Thunderfire apareceu na coletânea “Metal Hammer”, do selo alemão Roadrunner Records, ao lado de nomes que cresciam naquele período como Metallica, Mercyful Fate, Raven, Anthrax, Satan e Tokyo Blade.

Recentemente, a Hellion Records relançou esse disco com exclusividade no Brasil, numa edição luxuosa em slipcase, contendo o single “The Beast on the Run/Happy to Live”, de 1983, que tem produção retrabalhada, como bônus e um encarte recheado de fotos da época.

Vá atrás, pois se você gosta de metal tradicional direto da fonte europeia oitentista então VOCÊ PRECISA OUVIR ISTO!

Ano: 1983

Top 3: “The Beast on the Run”, “Gunman” e “Happy to Live”

Formação: Barry Wayste (baixo), Rock O’Nelly (bateria), Ion Toyton e Malcolm Murray (guitarras) e Freddy Fiskens (vocais)

Disco Pai: Judas Priest – “Sin After Sin” (1977)

Disco Irmão: Killer – “Wall of Sound” (1982)

Disco Filho: Shell Shock – “Die for Allah” (1987)

Curiosidades: As informações são um tanto desencontradas e obtidas em fanzines da época, mas ao que tudo indica, Malcolm Murray não gravou o disco pois não queria ir para Inglaterra.

Após esse evento ele foi demitido da banda e substituído por Geert Annys, líder do Stainless Steel, banda que havia acabado de lançar um single, cujas músicas foram adicionadas ao repertório do Thunderfire.

Pra quem gosta de: Cerveja belga, metal sem polimento, jeans e couro, e pensar que “poser” ainda é ofensa.

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