The Pretty Reckless – “Death By Rock And Roll” (2021) | Resenha

 

O que ouvimos no single de “And So It Went” nos prometia uma versão mais pesada do Pretty Reckless neste “Death By Rock And Roll”, o quarto disco da banda liderada pela talentosíssima vocalista Taylor Momsen.

De certo modo, essa mesma faixa também prometia uma direção mais ousada e ambiciosa, misturando referências que vão do heavy metal ao rock alternativo com muita determinação nas guitarras, mantendo as características que fizeram do Pretty Reckless um sucesso.

E a promessa se torna verdadeira quando colocamos o disco todo pra tocar.

The Pretty Reckless - Death By Rock N' Roll (2021, Shinigami Records)

“Death By Rock And Roll” é um disco que começou a ser trabalhado em 2018, após a morte prematura de Chris Cronell e do produtor Kato Khandwala, que também era um colaborador de Taylor Momsen e cia.

Com Kato, a banda trabalhou nos discos “Light Me Up”, de 2010, e “Going To Hell”, de 2014, que foram responsáveis por colocar o Pretty Reckless no topo das listas da Billboard, com singles de sucesso.

De uma forma ainda mais explosiva o Pretty Reckless repetiu o feito que nenhuma banda liderada por uma mulher conseguia desde o The Pretenders, em 1984.

Um feito incrível para uma banda de rock com menos de dez anos de carreira numa época em que o estilo se vê relegado a nichos e à mídia especializada. Na época do Pretenders o rock era a moda!

Mais um ponto para Taylor Momsen e seus asseclas.

O disco “Who You Selling For”, de 2016, manteve a banda em alta, chegando a receber o endosso da mídia não especializada em música, além de ser convidada para entrevistas em talk shows extremamente populares, como o de David Letterman.

Esse contexto explica a raiva de algumas composições e os momentos melancólicos de outras que completam o repertório de “Death By Rock And Roll”, afinal, são sentimentos genuínos gerados pelo luto e pelo inconformismo.

Vale lembrar que o Pretty Reckless era a banda de abertura do Soundgarden durante a turnê que Chris Cornell tirou a própria vida.

Até por isso tudo, “Only Love Can Save Me Now” é um destaque de “Death By Rock And Roll”, não só pela ótima composição que é, mas também pela participação de Matt Cameron e Kim Thayil, ambos do Soundgarden.

A tragédia com Chris Cornell tirou o Pretty Reckless do fluxo intenso da vida na estrada, da vibração de rock star, dando uma nova dimensão, ainda mais profunda, do universo em que estavam inseridos.

Nesse clima de depressão e reflexão, o guitarrista Ben Phillips e Taylor Momsen resolveram redirecionar todo o impacto emocional das perdas e do peso psicológico em novas composições que completam “Death By Rock And Roll”.

O trabalho em estúdio foi liderado pelo produtor Jonathan Wyman, que deixou tudo ainda mais orgânico, intenso e moderno.

“Death By Rock And Roll” é um disco extremamente consistente, denso, forte, mas adornado com gancho melódicos saborosíssimos que criam uma envolvência quase pop em músicas como “Got So High” (uma balada simples, mas belíssima), “Standing At Wall” (mais um tema acústico e intimista) e “25” (onde a vocalista brilha numa balada misteriosa e dramática).

Porém, a sequência inicial com “Death by Rock and Roll” (com guitarras vigorosas), “Only Love Can Save Me Now” (com aquela carga densa e alternativa que assombrava o Soundgarden) e “And So It Went” (com participação de Tom Morello e carregada de tensão) nos entregam que esse é um disco tipicamente hard rock.

Fica claro pelos detalhes inseridos em cada composição que a banda amadureceu muito sua musicalidade (como percebemos em “25” e “Rock n’ Roll Heaven” de formas diferentes), e, apesar das melodias cativantes, não abusam de artifícios fáceis como acontecia em seus discos anteriores.

As influências do Pretty Reckless se tornaram ainda mais variadas e marcadas nos arranjos: “25” tem toques de Beatles, “Death by Rock and Roll” de Led Zeppelin, “Only Love Can Save Me Now” (além de Soundgarden) de Black Sabbath, “Turning Golden” do rock sessentista, “Harley Darling” de Eagles e “Witches Burn” de AC/DC.

Tudo, claro, adaptado para a essência do Pretty Reckless.

O que fatalmente ampliou o leque de possibilidades para as composições, criando um conjunto de músicas dinâmicas, instigantes e com vários sabores musicais harmonizados.

Agora desenham guitarras mais pesadas e solos inflamados sobre a estrutura groovada e envolvente, além de apresentar uma aura mais soturna e densa para sua bem definida personalidade musical (como feito em “And So It Went” ou em “My Bones”).

Talvez esse será lembrado como o grande disco da carreira do Pretty Reckless. Não necessariamente o de maior sucesso, mas o de maior crescimento como compositores.

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