RESENHA | Perfect Plan – “Time For A Miracle” (2020)

 

“Time For A Miracle” é o aguardado segundo álbum de estúdio da banda sueca Perfect Plan. Aguardado ao menos por mim, afinal, achei seu álbum de estréia, “All Rise” (2018), sensacional!

A banda foi formada em 2014, e em apenas rês anos já assinava contrato com a gravadora italiana Frontiers, que se interessou pela fórmula musical que amalgamava o passado e o presente do melodic rock.

Nesse desenho musical é possível ouvir a clássica abordagem do AOR escandinavo, de Europe e Treat, junto a forma de lendas do rock como Journey, Survivor, Whitesnake e Foreigner, energizadas pelo hard rock de Bon Jovi e Danger Danger.

Desta forma, podemos colocá-los num lugar de destaque, junto a H.E.A.T., Work of Art, Brother Firetribe e Eclipse como o responsáveis por tirar o anacronismo desta sonoridade, dando nela um banho de modernidade.

Perfect plan - Time For a Miracle (2020, Sinigami Records)

Além disso, claramente podíamos, no primeiro álbum, comprovar o talento de Kent Hilli, um vocalista de altíssimo nível, executando melodias vibrantes e carregadas de emoção, mas sem os exageros que incomodam em alguns vocalistas do segmento.

Aqui em “Time For A Miracle” ele vai chamar a sua atenção pelo que faz em “Fighting to Win”, por exemplo, uma balada para fãs de Journey e o próprio Steve Perry não botarem defeito.

Ao lado do vocalista em “Time For A Miracle” temos quase a mesma formação do disco anterior: Rolf Nordström na guitarra (aliás, ele parece ter estudado todos os cânones do hard rock oitentista), Fredrik Forsberg na bateria, Leif Ehlin nos teclados (com inserções precisas e climas bem criados) e o novo baixista Mats Byström.

Neste segundo trabalho a banda mostra evolução, mas sem mascarar uma mudança ou querer reinventar a roda. Na verdade só melhoraram o que já estava bom, à começar pela produção e pela nítida adição de peso no instrumental.

Aquele potencial de crescimento agora já mostra lapsos de brilhantismo, principalmente no bom gosto dos arranjos que fogem elegantemente dos clichês perigosos que tornam esse estilo por vezes canastrão.

Os vocais continuam empolgantes, as melodias sustentadas por ganchos saborosos e a adrenalina encharcando todas as harmonias elegantes.

“Time For a Miracle” tornou tudo isso superlativo, ajustando ainda mais a engrenagem do seu hard rock que nos dá aquela sensação de força e poder.

Olhando mais detalhadamente, podemos perceber uma variação maior entre as faixas e um desenvolvimento na habilidade dos músicos como compositores, investindo até mesmo em passagens mais complexas.

Aliás, não existe uma canção mediana por aqui, o que deixa mais complicado para elencar destaques em meio aos ganchos melódicos disparados em sequência, os backing vocals muito bem encaixados, além do feeling absurdo que parte das guitarras para o restante do instrumental.

Mas vamos lá, o disco abre com a faixa-título imprimindo dramaticidade, elegância e adrenalina já nos primeiros momentos, numa fusão de Europe com Whitesnake, sendo um destaque imediato, principalmente pelo refrão.

Ao lado dela temos a enérgica e cativante “Better Walk Alone” (mais um refrão perfeito!), “Every Time We Cry” (com a classe AOR e a adrenalina hard rock), “What About Love” (lembrando muito o Survivor da fase com Jimi Jamison), “Nobody’s Fool” (com sua malícia bluesy), “Living on the Run” (mais uma com trabalho irrepreensível do vocalista), a bela balada “Don’t Leave Me Here Alone” e “Don’t Blame it On Love Again” (que vai agradar os fãs de Bon Jovi), todas possuindo altas qualidades como peças hard rock.

Esse disco foi lançado no Brasil via Shinigami Records e se você curte hard rock deveria ir atrás dele, pois vai ser satisfação garantida.

Mas corra, pois o lançamento nacional é limitado a 300 cópias e apesar do Perfect Plan ser uma banda pouco conhecida, já é complicado achar o seu primeiro trabalho em CD. Logo, acontecerá o mesmo com este “Time For a Miracle”.

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