O real significado de ‘May Queen’ em ‘Stairway to Heaven’, do Led Zeppelin

 

Descubra o simbolismo misterioso de “May Queen”, passagem da letra do de “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin, e aprecie mais profundamente esta obra-prima do classic rock.

Descubra o simbolismo misterioso de "May Queen", passagem da letra do de "Stairway to Heaven", do Led Zeppelin, e aprecie mais profundamente esta obra-prima do classic rock.

Ame ou odeie, “Stairway to Heaven” do Led Zeppelin é uma das canções de rock mais populares de todos os tempos. A faixa apareceu no famoso álbum sem título da banda lançado em 1971, muitas vezes referido como “Led Zeppelin IV” ou “Four Symbols”(pois este é o álbum onde os símbolos do Led Zeppelin se originaram).

Surpreendentemente, “Stairway to Heaven” nunca foi um sucesso nas paradas, pois nunca foi lançada como single. Ainda assim, a música se tornou um dos pilares das rádios de rock e ainda atinge muitas pessoas hoje. Seria difícil encontrar alguém que não tenha ouvido essa música, e todos têm suas opiniões sobre ela, assim como seu significado.

Embora “Stairway to Heaven” seja talvez a música mais famosa do Led Zeppelin, ela contém referências exotéricas e ocultistas que muitas vezes passam batido pelos ouvidos de muito admiradores. Sua letra aborda temas como espiritualidade e vida após a morte, o que pode ser interpretado como uma jornada metafórica em direção a um plano superior de existência.

O solo de guitarra icônico da música, a melodia melancólica inicial  e os vocais crescentes a tornaram um clássico do rock atemporal. Porém, uma das referências ao ocultismo é muitas vezs difusa pela sua relação com o paganismo clássico. Estou falando do verso “If there’s a bustle in your hedgerow, don’t be alarmed now, It’s just a spring clean for the May queen”.

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Qual o significado de “May Queen” na letra de “Stairway to Heaven”

O termo The May Queen pode ser associado ao símbolo usado nas tradições pagãs por séculos para representar a renovção da vida e a chegada da primavera. Ela é frequentemente retratada como uma jovem, vestida de branco, com uma coroa de flores na cabeça. Até por isso, muitos sugerem que a letra faça referência a este símbolo de renovação e esperança, e que ela tem o poder de trazer uma nova vida ao mundo.

Porém, as referências mais profundas nos levam ao mago ocultista Aleister Crowley e seu poema “The May Queen”. São claras as referências a “The May Queen”, poema de Aleister Crowley, no clássico “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin:

“If there’s a bustle in your hedgerow, don’t be alarmed now,
It’s just a spring clean for the May queen.
Yes, there are two paths you can go by, but in the long run
There’s still time to change the road you’re on.
And it makes me wonder.”

Escrita por Robert Plant, a letra de “Stairway to Heaven” começa como uma crítica a uma sociedade excessivamente materialista, sugerindo que passar a vida inteira coletando bens materiais é um esforço infrutífero, pois não o levará ao céu, e você não pode usar nada disso quando você chegar lá, de qualquer maneira. A música dura mais de 8 minutos e apresenta o estilo vago e poético de composição de Plant.

Ela depende muito de metáforas para transmitir seu significado, e a música termina com um tema abrangente sobre encontrar uma base espiritual na vida, em vez de esperar a salvação na morte e uma comparação com o poema de Crowley revela até mesmo similaridades de forma, conteúdo e ritmo. Abaixo, no final deste artigo, você encontra o poema “The May Queen” na íntegra, em inglês, de Aleister Crowley, lembrando que o próprio Robert Plant possui uma canção com este título, e também o poeta Alfred Tennyson possui um poema homônimo.

De certa forma, assim como o poema de Aleister Crowley, a leta de “Stairway to Heaven” pode ser vista como uma alegoria para a jornada de uma pessoa pela vida e a busca por significado e compreensão de tudo isso. Robert Plant se lembra de ter escrito a letra em um lampejo de inspiração. Disse Plant: “Eu estava segurando um lápis e papel e, por algum motivo, estava de muito mau humor. Então, de repente, minha mão estava escrevendo as palavras: ‘Há uma senhora que tem certeza de que tudo o que reluz é ouro / E ela está comprando uma escada para o céu. Eu apenas sentei lá e olhei para as palavras e então quase pulei da cadeira.”

A insinuação de Plant de que algo mais estava movendo seu lápis para ele levou à especulação de que era algo satânico que estava ditando as palavras e, junto com as mensagens inversas e a conexão de Page com Aleister Crowley, havia evidências suficientes para muitos ouvintes de que o diabo tinha algum papel no criando esta música.

O fato é que Robert Plant é um grande admirador de misticismo, as antigas lendas e tradições inglesas e os escritos dos celtas. Na época de composição de “Stairway to Heaven” ele estava imerso nos livros “Magic Arts in Celtic Britain” de Lewis Spence e “O Senhor dos Anéis” de J. R. R. Tolkien. A inspiração de Tolkien pode ser ouvida na frase: “Em meus pensamentos, vi anéis de fumaça por entre as árvores”, que pode ser uma referência aos anéis de fumaça soprados pelo mago Gandalf. Há também uma correlação entre a dama da música e a personagem do livro, Lady Galadriel, a Rainha dos Elfos que vive na floresta dourada de Lothlórien. No livro, tudo o que brilhava ao seu redor era de fato ouro, assim como as folhas das árvores na floresta de Lothlórien eram douradas.

Em entrevista à revista Rolling Stone (13 de março de 1975), Cameron Crowe perguntou a Jimmy Page o quão importante “Stairway To Heaven” era para ele. Page respondeu: “Para mim, eu pensei que ‘Stairway’ cristalizou a essência da banda. Tinha tudo ali e mostrava a banda no seu melhor… como uma banda, como uma unidade. Sem falar de solos nem nada, tinha tudo lá. Tivemos o cuidado de nunca lançá-lo como um single. Foi um marco para nós. Todo músico quer fazer algo de qualidade duradoura, algo que vai durar muito tempo e acho que fizemos isso com ‘Stairway’. ‘. Não sei se tenho capacidade para inventar mais. Eu tenho que fazer muito trabalho duro antes de chegar perto desses estágios de brilhantismo consistente e total”. Tanto é que esta foi a única música com letra registrada na parte interna do capa do álbum.

Abaixo você tem uma oferta da iografia da banda Led Zeppelin, escrita por Mick Wall.

As ligações entre o Led Zeppelin e o ocultista Aleister Crowley

Jimmy Page sempre teve um grande interesse pelas ciências ocultas, chegando a colecionar artigos relacionados ao polêmico ocultista Aleister Crowley. Sobre Crowley, o guitarrista chegou a dizer que ele foi “um gênio mal compreendido do século XX”, com “uma incrível obra literária. Um estudo para uma vida”! Em 1976 ele chegou a abrir uma livraria dedicada a Crowley, chamada The Equinox.

Dentre os itens da coleção de Jimmy Page sobre o ocultista inglês estava a casa, conhecida como Boleskine House, comprada em 1970, enquanto a banda gravava “Led Zeppelin III”, mas ele nunca efetivamente morou nela. Até vendê-la em 1992 por 225 mil libras, Jimmy Page contou com os serviços de um caseiro, Michael Dent, que após deixar seu posto na casa, contou histórias interessantes protagonizadas por satanistas tresloucados, visões, barulhos e assombrações.

Jimmy Page boleskine House
Jimmy Page na entrada da Boleskine House, mansão que pertenceu ao ocultista Aleister Crowley e que foi comprada pelo guitarrista em 1970

O guitarrista comprou a casa para ficar mais perto daquilo que estudava e o influenciava. Jimmy Page passava períodos de no máximo três dias na Boleskine House e algumas partes do filme “The Songs Remais the Same”, do Led Zeppelin, chegaram a ser gravadas ali. Coincidência ou não, é fato que ao mesmo tempo que o Led Zeppelin ascendeu de forma vertiginosa, tragédias começaram a cercar seus integrantes após a compra da mansão.

Nas gravações de Physical Graffiti” (1975), estas forças pairavam sobre a banda, fazendo com que John Paul Jones caísse de cama e interrompesse as gravações do álbum. Em certa entrevista, Jimmy Page chegara a afirmar que “fenômenos estranhos aconteciam na casa”, mas que nada tinham a ver com Crowley. Segundo ele, “as energias ruins já estavam lá”. 

Lembrando que “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin, não é um plágio!

Uma das lendas que circulam o Led Zeppelin e suas relações com o ocultismo afirmam que “Stairway to Heaven” traria mensagens macabras se fosse tocada ao contrário no toca-discos. O único fato sobre esta música, além, obviamente, dela ser um dos maiores clássicos do rock, é que ela foi acusada de ser um plágio!

Os compositores de “Stairway to Heaven” são Jimmy Page e Robert Plant, mas o espólio do guitarrista norte-americano Randy Wolfe, conhecido como Randy California, criou uma ação de plágio alegando que a introdução deste clássico do Led Zeppelin presente em seu quarto álbum lançado em 1971 foi plagiada da música “Taurus”, lançada pela banda de Randy, o espetacular Spirit, em 1968.

Segundo o guitarrista brasileiro Mozart Mello, diretor pedagógico da Escola de Música e Tecnologia de São Paulo, “a sequência de acordes iniciais é igual, mas depois de quatro compassos a música do Led Zeppelin toma um rumo diferente.” O mais curioso é que o próprio Randy Wolfe, que só faleceu em 1997, nunca reclamou das coincidências entre as duas músicas. O mais interessante é que Robert Plant afirmou que “nunca ouviu Spirit nem para se inspirar”.

Esta música não foi a única música do Led Zeppelin a ser acusada de plágio. O músico folk  Jake Holmes reclamou direitos autorais sobre a ótima “Dazed and Confused”, do primeiro álbum do Led Zeppelin, e chegou-se a um acordo fora dos tribunais. Desde 2012, a assinatura de Page foi acrescida do aposto “inspirada por Jake Holmes”.

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“The May Queen”, o Poema de Aleister Crowley

IT is summer and sun on the sea,
The twilight is drawn to the world:
We linger and laugh on the lea,
The light of my spirit with me,
Sharp limbs in close agony curled.
The noise of the music of sleep,
The breath of the wings of the night,
The song of the magical deep,
The sighs of the spirits that weep,
Make murmur to tune our delight.
Slow feet are our measures that move;
Swift songs are more soft than the breeze;
Our mouths are made mute for our love;
Our eyes are made soft as the dove;
We mingle and move as the seas.
The light of the passionate dawn
That kissed us, and would not awaken,
Grew golden and bold on the lawn;
The rays of the sun are withdrawn
At last, and the blossoms are shaken.
Oh, fragrant the breeze is that stirs
The grasses around us that lean!
Oh, sweet is the whisper that purrs
From those wonderful lips that are hers,
From the passionate lips of a queen.
A queen is my lover, I say,
With a crown of the lilies of light —
For a maiden they crowned her in May,
For the Queen of the Daughters of Day
That are flowers of the forest of Night.
They crowned her with lilies and blue,
They crowned her with yellow and roses;
They gave her a sceptre of rue,
And a girdle of laurel and yew,
And a basket of pansies in posies. {177A}
They led her with songs by the stream;
They brought her with tears to the river;
They danced as the maze of a dream;
They kissed her to roses and cream,
And they cried, “Let the queen live for ever!”
They took her, with all of the flowers
They had girded her with for God’s daughter;
They cast her from amorous bowers
To the river, the horrible powers
Of the Beast that lurks down by the Water!
My was was more swift than a bow
That flings out its barb to the night:
My sword struck the infinite blow
That smote him, and blackened the flow
Of the amorous river of light.
I plunged in the stream, and I drew
My queen from the clasp of the water;
I crowned her with roses and blue,
With yellow and lilies anew;
I called her my love and God’s daughter!
I gave her a sceptre of may;
I gave her a girdle of green;
I drew her to music and day;
I led her the beautiful way
To the land where the Winds lie between.
So still lingers sun upon sea;
Still twilight draws down to the world;
The light of my spirit is she;
The soul of her love is in me;
Lithe kisses with music are curled.
Like light on the meadows we dwell;
Like twilight clings heart unto heart;
Like midnight the depth of the spell
Our love weaves, and stronger than hell
The guards of our palace of art.
We are one as the dew that is drawn
By the sun from the sea: we are curled
In curves of delight an of dawn,
On the lone, the immaculate lawn,
Beyond the wild way of the world

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